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09/07/2020 às 10h24min - Atualizada em 09/07/2020 às 10h24min

Cachorro tem patas decepadas e boca amarrada com arame farpado em MG

"Espero que tenha justiça, isso é uma covardia e ele tem que pagar pelo que fez", afirmou Joaquim Dias de Souza, tutor do cão brutalmente agredido na cidade de Confins, em Minas Gerais

Anda
Sansão, um pit bull de 2 anos de idade, foi alvo de uma violência brutal. Conforme relato do tutor do cão, um vizinho amarrou a boca do animal com arame farpado e decepou suas patas traseiras usando uma foice. O crime foi cometido na segunda-feira (6) em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

O agressor mora ao lado da empresa onde o cão vivia. Sansão foi encontrado gravemente ferido por seu tutor, o empresário Joaquim Dias de Souza, de 49 anos. Ele saía da fábrica, às margens da MG-424, quando ouviu um barulho e decidiu averiguar.

Em entrevista ao jornal O Tempo, Joaquim falou sobre a crueldade a qual o pit bull, que é dócil e nunca mordeu ninguém, foi submetido. “Eu estava preparando para ir embora e escutei o cara falando ‘pega o facão’. Não tinha visto que o Sansão tinha saído. Fui até o lote dele, que não tem muro, e ouvi o grito do cachorro, provavelmente na hora que as patas foram cortadas. Caminhei mais um pouco e vi ele e o irmão segurando o cachorro”, disse.

Joaquim afirmou que, ao entregar o cachorro ferido, o vizinho teria dito: “Eu te avisei que ia fazer isso com o cachorro e você não tomou suas providências”. “Falei com ele que era briga de cachorro, que o Sansão foi atrás do cachorro dele. Foi uma situação triste ao encontrar o meu cachorro, estava saindo muito sangue. A boca dele foi amarrada com arame farpado e também estava machucada. Ele me reconheceu e ficamos juntos até a chegada da veterinária. A gente não sabe por onde ele saiu para ir ao lote vizinho. Eu espero que tenha justiça, isso é uma covardia e ele tem que pagar pelo que fez”, desabafou.

Levado para uma clínica veterinária, Sansão segue internado. “Ele estava em um choque hipovolêmico. Tivemos que estabilizá-lo primeiramente para poder levá-lo para uma cirurgia. Ele teve muita hemorragia, foi amordaçado, tem cortes na boca. Agora precisamos aguardar ele voltar a alimentar e depois ele vai partir para uma outra etapa com um ortopedista. Vamos ver quando ele vai poder utilizar uma prótese”, relatou a médica veterinária Júlia Mara Santiago.

O agressor do animal é Júlio Cesar Santos Souza, de 44 anos. Ao jornal O Tempo, ele confessou ter decepado as patas do cachorro, mas negou ter o amordaçado com arame farpado.

“Eu já venho sendo incomodado há bastante tempo, já pedi, já avisei aos tutores, fiz boletim de ocorrência e os tutores não resolveram. Ontem, ele pulou o muro, invadiu meu terreno e agrediu meu cachorro”, afirmou Júlio, que alegou ter pego a foice para se defender.

“Se eu pudesse voltar atrás, não faria isso de novo. Estou pronto para assumir as minhas responsabilidades”, disse. Ele negou ter amarrado a boca do cão e afirmou que cometeu o crime sozinho. “Pode ter acontecido dele ter cortado a boca quando pulou o muro. Eu peguei a foice e o agredi. Depois que ele estava com as patas cortadas, eu o puxei para soltar o meu cachorro. Ele estava com a boca no pescoço do meu cachorro. Na hora, eu não pensei em nada, só na minha família. Eu vou esperar acontecer alguma coisa grave para tomar uma providência? O cachorro não ameaçou minha família, mas os meus cães. O animal é irracional”, completou.

No entanto, o tutor de Sansão afirmou ao portal Linha Verde que acredita que o animal foi vítima de uma “emboscada”, porque além de ser dócil com humanos, ele sempre brincava com outros cães.

Agressor feriu outro cão da família no passado
Não é a primeira vez que Júlio César agride de maneira brutal um cão tutelado por Joaquim. Há dois anos, Zeus, pai de Sansão, teve que ser sacrificado após ser agredido pelo homem.

“O Zeus teve a coluna vertebral quebrada no meio, foi usado um facão. Ele foi levado à veterinária, ela disse que o cão não resistiria e estava sofrendo muito. Optamos por sacrificá-lo”, explicou Nathan Braga, de 21 anos, filho de Joaquim, em entrevista ao jornal.

Na época, um boletim de ocorrência foi registrado pela família, mas não foi dado prosseguimento à denúncia. A Polícia Civil informou que o tutor de Zeus “dispensou as providências cabíveis, não compareceu à delegacia e não representou pela ameaça. Assim, o procedimento foi arquivado”.

Em relação ao comportamento de Sansão, o auxiliar administrativo Luiz Fernando Vitorino, de 20 anos, confirmou a versão do tutor de que o cão nunca fez mal a ninguém. “O cachorro é dócil, quando abria o portão, ele saía, mas nunca avançou em ninguém. Quem não fica revoltado com um ser humano que faz isso com um cachorro? Cortar as patas do cão é revoltante. Tudo se resolve na conversa, não tinha motivo para ele fazer isso, tem que ter justiça”, afirmou Luiz.

Levados ao quartel da Polícia Militar, os tutores do pit bull e o agressor assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e, em seguida, foram liberados pelas autoridades.

“A guarnição fez contato no local com as partes envolvidas, e o pessoal foi conduzido para o quartel. Como se tratava de um crime de menor potencial ofensivo, com pena inferior a dois anos, foi feito o TCO, as partes assinaram se comprometendo a comparecer à Justiça quando for determinado. O agressor foi autuado por maus-tratos e dano. E o tutor do cachorro por omissão de cautela na guarda”, explicou o tenente Leonardo Vieira Souto, comandante do 5º Pelo da 8ª Companhia Independente.

“A guarnição quando esteve no local das outras vezes orientou tanto um como o outro a ter cuidado com o animal. Deixar o cachorro apenas dentro da propriedade. Se tiver que prosseguir com a denúncia é encaminhado à Polícia Civil”, completou.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) publicou nota por meio da qual afirmou que o caso está sendo investigado e que a Polícia Militar será acionada para que compareça ao local.

Um abaixo-assinado foi feito para exigir justiça para o crime cometido contra Sansão e pedir punição mais rigorosa contra maus-tratos a animais. Para assinar, clique aqui.

Crime
No Brasil, crimes contra animais estão previstos na lei 9.605 de 1998. Uma vez acusado, o responsável pode ser punido com multa e até um ano de detenção. No entanto, em uma entrevista à Agência de Notícias de Direitos Animais, o advogado criminalista e consultor da ANDA Sérgio Tarcha explica que existe um novo projeto que torna a pena de crimes de maus-tratos mais rigorosa.

Segundo Tarcha, apesar de trazer avanços, crimes contra animais ainda não são vistos com gravidade pela Justiça. “A pena, hoje, é de 3 meses a 1 ano de detenção, ou seja, é nada. A lei que regula a matéria é a lei de crimes ambientais, 9.605/98, a nova lei, 11.210/18, que já foi aprovada pelo senado eleva para 1 a 4 anos de detenção, mais a multa. Ainda continua muito branda a legislação, em outros países é muito mais severo”, disse.
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