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10/09/2018 às 15h32min - Atualizada em 10/09/2018 às 15h32min

A conexão entre matadores de animais humanos e não-humanos

Estudos feitos pelo FBI chegaram à conclusão que a maior parte dos matadores em série (conhecidos como serial killers), entre 85% e 90%, torturam e matam animais antes de migrarem para vítimas humanas.

ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
Foto: Divulgação
Um crime bárbaro contra porcos, no dia 5 de setembro, foi parar nos noticiários . Os animais foram encontrados com os focinhos mutilados, sendo que alguns ainda agonizavam de dor, em um sítio do vereador José Aureo Furlan (Partido Solidariedade), na cidade de Brodowski, Interior de SP. Dois vizinhos alegaram ter visto o vereador torcendo o focinho dos porcos com uma espécie de pau e deferindo-lhes golpes com uma tesoura. Segundo eles, Furlan disse estar castigando uma porca que tinha brigado com outra e também ter machucado os demais porcos por estarem fazendo buracos e danificando o local.

As testemunhas contaram que já vinham escutando os gritos dos porcos há algum tempo, mas no dia 5 ficaram impressionados com o barulho. O caso foi denunciado à Polícia Civil e à Polícia Militar Ambiental, e o vereador não foi encontrado pela imprensa local para explicar o ocorrido até o fechamento desta matéria.

Porcos, cães, gatos, pássaros e crianças

Estudos feitos pelo FBI chegaram à conclusão que a maior parte dos matadores em série (conhecidos como serial killers), entre 85% e 90%, torturam e matam animais antes de migrarem para vítimas humanas. Uma profunda pesquisa sobre o passado dos mais famosos psicopatas do mundo mostrou que eles fazem uma espécie de “treino” em animais que não conseguem se defender e depois partem para alvos humanos.

São inúmeros os casos, mas um dos mais chocantes foi o dos jovens Viktor Sayenko e Igor Suprunyuck que ficaram conhecidos como os Maníacos de Dnepropetrovsk, na Ucrânia. Eles torturavam vários cães e gatos e postavam os vídeos das barbáries na internet. Depois começaram a matar pessoas. Confessaram e foram condenados à prisão perpétua por 21 assassinatos dos quais também espalharam as filmagens. Desfiguravam as vítimas com golpes de martelo, cortavam as orelhas, arrancavam os olhos e vísceras exatamente como faziam com os cães e gatos. As vítimas tinham entre 14 e 48 anos de idade.

Edmund Kemper foi condenado à prisão perpétua (que cumpre até hoje), nos EUA, na década de 70, por matar dez jovens com requintes de crueldade. Também matou os avós. Ele inspirou parte do personagem Hannibal Lecter do filme O Silêncio dos Inocentes. Torturava e matava animais desde criança. Matou todos os gatos de sua mãe e, mais tarde, quando adulto, a própria mãe. Mas esses são apenas dois entre milhares de casos de serial killers que podiam ter sido detidos assim que começaram a torturar e matar animais.

Para onde vão as crianças desaparecidas?

Cerca de 40 mil crianças e adolescentes desaparecem no Brasil anualmente. A cada hora, o Brasil registra oito desaparecimentos de pessoas. De 2007 a 2016, foram quase 700 mil desaparecimentos incluindo crianças e adultos. Em números absolutos, São Paulo lidera as estatísticas, com 242.568 registros nesse período, seguido por Rio Grande do Sul, com 91.469, e Rio de Janeiro, com 58.365.

O Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid) constatou que, a cada dez pessoas desaparecidas no Estado de São Paulo nos últimos três anos, quatro são crianças ou adolescentes.

Os Orgãos que tratam de desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil listam os seguintes motivos: adoção ilegal, tráfico de órgãos, exploração sexual infantil e trabalho escravo doméstico, em campos, minas e plantações. Lamentavelmente não incluem ação de psicopatas no sumiço de crianças embora, por outro lado, admitam que várias vítimas sigam seus agressores espontaneamente por já o conhecerem da vizinhança. Aliás, foi o que aconteceu em 2017, em SP, com as garotinhas Mel e Bia (Adrielli Mel Porto e Beatriz Moreira dos Santos), ambas de três anos de idade. Elas foram atraídas com a promessa de doces, mortas e estupradas. Detalhe: um dos assassinos conhecia as meninas.

“Quem tortura um cão, um gato, um bovino, um touro ou um cavalo hoje, provavelmente, passará a torturar um outro ser amanhã, como uma criança próxima. Esta é a realidade. Psicopatas não atacam necessariamente pessoas que não gostam, podem escolher vítimas a esmo, como animais diversos e uma criança, um idoso ou uma mulher. Será que é tão difícil ver que o animal é apenas uma das vítimas desses monstros? Continuemos a trocar os nossos animais mutilados por cestas básicas e pagaremos com as nossas cabeças em bandejas de prata”, diz a psicóloga brasileira Raquel Monaco.

Gatos são as mais comuns vítimas de psicopatas

Quase todo mundo já morou numa rua onde havia alguém que envenenava gatos ou soube de algum caso assim. O envenenador de gatos, à princípio, comete dois crimes: o uso de chumbinho (proibido por lei) e maus-tratos a animais (lei federal 9.605). Mas esse “exterminador de gatos” tem ainda um lado mais obscuro: ele é um serial killer, ou seja, um psicopata que pode, a qualquer momento, migrar para outros alvos vulneráveis, como as crianças de sua própria vizinhança.

Um sujeito que deseja defender seu passarinho em gaiola cuida para que o mesmo não fique ao alcance dos gatos. Se ele não quer a presença dos gatos em seu jardim ou telhado, pode apenas afastar os bichanos jogando água. Mas se ele premedita a morte de gatos espalhando chumbinho é um psicopata frio e ardiloso que sabe muito bem a dor e o desespero que um veneno como chumbinho causa nos animais.

O espancamento de gatos de cemitérios (comum em várias cidades) é também um ato típico de psicopata. Os inúmeros golpes e chutes nos indefesos animais perfazem uma característica clássica de serial killer em momento de surto. Por isso essas mortes costumam ocorrer em determinado período e depois cessam para novamente ocorrerem mais adiante. Muitas vezes os gatos têm as vísceras ou o coração arrancado como uma espécie de “assinatura” do matador. E aqui cabe o lembrete: esse assassino tem todos os quesitos para num dado momento sequestrar uma criança para fins bárbaros.

Recentemente um serial killer de gatos fez um verdadeiro estrago em Campinas (SP). Ele estrangulou 13 gatos num só dia, bebeu o sangue do crânio deles e arrancou a cabeça de um. Apesar da extrema violência de seus atos – o que representa um perigo também para a sociedade humana – passou uns poucos dias numa clínica psiquiátrica (onde se apresentou voluntariamente numa inteligente estratégia para ganhar tempo) e depois sumiu!

O índice da maldade tem 22 níveis

Em 2007, o psiquiatra forense Michael Stone, da Universidade de Colúmbia, nos EUA, criou um índice para medir o grau da maldade de uma pessoa sob três pontos: o motivo, o método e nível da crueldade. Ele dividiu a tabela em grupos colocando os psicopatas mais violentos entre os níveis 17 e 22.

No nível 21, por exemplo, estão os psicopatas torturadores que não matam suas vítimas imediatamente. Eles as mantêm sob seu domínio para frequentes sessões de tortura. A motivação é a dor alheia (física e psicológica) e procuram esticar esse prazer o máximo de tempo possível. As vítimas, humanas e não-humanas, acabam morrendo devido as lesões, infecções, falta de comida e água. Confira os níveis mais elevados de maldade:



Nível 17: assassinos em série com conotação sádica, fetichista e sexual. O estupro é a principal motivação e a vítima é morta para esconder as evidências

Nível 18: assassinos que torturam e depois cometem o assassinato

Nível 19: psicopatas que primeiro intimidam, perseguem provocando o terror nas suas vítimas, para depois cometer o crime

Nível 20: assassinos psicóticos para quem a única motivação é a tortura

Nível 21: psicopatas sádicos que torturam até o limite, mas não cometem assassinatos

Nível 22: neste último nível da escala da maldade estão os torturadores extremos

Finalmente, vale ressaltar: Pessoas com o perfil dos níveis acima se aproveitam de sistemas judiciários ingênuos, que não conseguem fazer a conexão entre matadores de animais humanos e não humanos. E eles continuam à solta torturando animais e, possivelmente, crianças e outras pessoas.

Livro sobre assassinos de animais

Colabore com o livro “Matadores de Animais – Assim começa a carreira de um serial killer”. Se você teve uma experiência que se encaixa no tema, como vítima ou profissional envolvido no caso (advogado, promotor, psiquiatra etc), escreva para [email protected]. Seu relato pode fazer parte da obra. No assunto do e-mail escreva o título do livro cujo objetivo é mostrar a conexão entre o assassino de animais e de pessoas.

 
*Fátima ChuEcco é jornalista ambientalista e atuante na causa animal


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