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05/08/2024 às 18h16min - Atualizada em 05/08/2024 às 18h16min

Revolta popular derruba primeira-ministra de Bangladesh

Sheikh Hasina, que estava no poder há 15 anos, renunciou ao cargo e deixou o país em meio a onda de protestos que resultou em 300 mortes

Sheikh Hasina, a primeira-ministra de Bangladesh, da Liga Awami (centro-esquerda), renunciou e deixou o país em meio a uma onda de protestos que resultou em mais de 300 mortes. Hasina, uma das mulheres mais poderosas da Ásia, governava Bangladesh há quase duas décadas e sua saída marcou um dos momentos mais críticos na história recente do país.

Hasina foi presa em 16 de julho de 2007 durante um período de governo interino militar em Bangladesh. Ela foi detida sob acusações de corrupção e ficou presa por quase um ano. Hasina foi libertada em 11 de junho de 2008 e participou das eleições gerais daquele ano, nas quais ela foi reeleita como primeira-ministra. Em janeiro de 2024, após eleições parlamentares em Bangladesh, Hasina classificou o principal partido de oposição a seu governo, o BNP (Partido Nacionalista do Bangladesh), como “organização terroristas”.

Os protestos começaram em julho com estudantes universitários exigindo a abolição do sistema de cotas que reservava 30% dos empregos públicos para descendentes dos veteranos da guerra de libertação de 1971 (em outras palavras, partidários de seu governo). A política havia sido abolida em 2018, mas foi restabelecida em junho de 2024, o que desencadeou a insatisfação generalizada.

Nas semanas seguintes, a situação em Bangladesh se deteriorou rapidamente. No domingo, 4 de agosto, confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança deixaram pelo menos 90 mortos, elevando o total de mortes para mais de 300 desde o início dos protestos. A repressão violenta por parte do governo e o bloqueio da internet exacerbaram a crise.

Nesta segunda-feira, as Forças Armadas anunciaram a renúncia de Sheikh Hasina e a formação de um governo interino militar. Hasina e sua irmã fugiram para a Índia, onde esperam receber proteção do governo indiano. O general Waker-Uz-Zaman, comandante do Exército, assumiu o controle do país e prometeu conduzir investigações sobre as mortes durante os protestos.

A vizinha Índia, tradicionalmente aliada de Hasina, observou a situação com cautela. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia descreveu os protestos como um “assunto interno”, mas admitiu que o ministro dos Negócios Estrangeiros estava monitorando de perto os acontecimentos.

Internamente, Bangladesh foi tomado por uma mistura de júbilo e preocupação. Os manifestantes celebraram a queda de Hasina com danças e cânticos, enquanto vandalismos e saques ocorriam em diversos locais, incluindo a residência oficial da primeira-ministra e escritórios do partido no poder. Uma estátua do pai de Hasina, Sheikh Mujibur Rahman, também foi destruída por manifestantes.

A renúncia de Hasina levantou questões sobre a estabilidade futura do país. Badiul Alam Majumdar, fundador do grupo Cidadãos pela Boa Governança, expressou preocupações sobre quem se beneficiaria da rebelião e a possibilidade de novos líderes autocráticos surgirem no vácuo de poder.

Sheikh Hasina, filha do presidente fundador de Bangladesh, foi uma figura polarizadora durante seu tempo no poder. Ela é creditada por impulsionar economicamente o país, mas também foi criticada por seu governo autocrático e violações de direitos humanos. Durante seu mandato, ela enfrentou e superou várias crises, incluindo uma rebelião nas forças paramilitares, eleições controversas e protestos de rua.

A insatisfação acumulada devido à corrupção, autoritarismo e repressão de liberdades civis culminou em uma “panela de pressão” que explodiu com os protestos estudantis. A decisão do Supremo Tribunal de Bangladesh de eliminar as cotas de empregos públicos não foi suficiente para acalmar os manifestantes, que agora exigem justiça para os mortos e responsabilização das forças de segurança.

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