10/01/2022 às 12h01min - Atualizada em 10/01/2022 às 12h01min

É PRECISO ENTENDER QUE ELES SENTEM COMO NÓS

Gilberto Pinheiro

Gilberto Pinheiro

Amigos dos animais. Somos o coração, a alma, a voz dos animais. Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil.

Até bem pouco tempo, a Humanidade olhava os animais domésticos como simples seres, apenas, para companhia ou tomar conta de suas casas. Não entendia que ali estava um ser... vivo que sente dor, tem saudade como todos nós.
    
Atualmente, essa visão distorcida foi tratada com lentes de contato e hoje, sem dúvida, os animais são vistos com olhos da comiseração, bondade, do amor e afetividade, como se fossem muito mais que simples companheiros ou guardiães de nossos lares.

Hoje sabemos que os animais são seres sencientes, ou seja, que têm sensações. Inclusive, sabe-se atualmente que os animais podem comunicar-se telepaticamente com seus tutores, sabendo quando os mesmos estão chegando em casa, antevendo o acontecimento.

Estudos do cientista e biólogo inglês, Rupert Sheldrake, autor do livro Cães Sabem Quando Seus Donos Chegam, revelam essa propriedade dos animais, chamando-a de Teoria dos Campos Mórficos, ou campos de energia dos laços afetivos entre pessoas, grupos de animais, gatos, cães, peixes, etc.

Sheldrake estudou esses fenômenos por mais de cinco anos sucessivos, ouvindo, inclusive, depoimentos de pessoas que têm animais em seus lares, na verdade, mais de duzentos exemplos, consolidando seus estudos.

UM TABU

Um tabu que precisa ser superado é o fato de pessoas considerarem apenas animais domésticos, cães, gatos, dignos de serem respeitados e amados, como se os demais pudessem ser mortos, vivendo à mercê das decisões humanas. Bodes, cabras, cavalos, todos os animais, inclusive, silvestres, são seres sencientes, por isso, não podem sofrer. 
Ninguém é obrigado a gostar de animais - mas, tem que respeitá-los. 


Culturas centenárias como a alimentação humana com carne animal, um dia,  serão deixadas de lado. É incompreensível, por exemplo, que pessoas matem, de forma cruel e dantesca, siris, caranguejos, colocando-os vivos em panelas com água fervente. É preciso ter um mínimo de humanidade e somatizar o sofrimento do animal.

Não é possível que as pessoas que têm essa rude prática de alimentar-se desses animais não imaginem o sofrimento desses nossos irmãos. Água fervente, matando o animal aos poucos???  Naturalmente, a alimentação com carne animal vem desde o surgimento do ser humano na Terra e tal hábito não se modifica da noite para o dia.  NÃO critico ninguém que se alimenta de carne, pois, somos todos nós imperfeitos.

Se os animais pudessem falar, implorariam a misericórdia, pedindo para viver. Nasceram condenados à dor pelos humanos. Por que teríamos esse direito sobre a vida deles? 

O cristianismo autêntico contempla, protege e ensina-nos a amar os animais. Contudo, muitos ainda não decodificaram essa mensagem.  Se há pessoas que não respeitam suas próprias famílias o que diremos sobre respeitar a vida animal?

MODIFICAR HÁBITOS
É indispensável a mudança de hábitos, deixar os animais viverem com dignidade. Respeitar toda a fauna existente no mundo, pois quem mata um animal com esta forma cruel, com toda a certeza ainda é um ser humano que não evoluiu como um todo, de nada lhe adiantando a inteligência e as emoções que gotejam em sua alma insensível.

ABSURDOS
Os maus-tratos de animais vêm de longe e há assuntos que se evita comentar por medo ou não ferir suscetibilidades. Um exemplo: alguns terreiros de Umbanda e Candomblé matam cruelmente animais para oferendas. 

Vejam o que consta no livro A PROTEÇÃO JURÍDICA AOS ANIMAIS NO BRASIL - FGV Editora, página 89, 2º parágrafo:  (...) Nesse caso, não há consenso em como proceder.  Em alguns cultos afro-brasileiros, umbanda e candomblé, por exemplo, defende-se o sacrifício de animais em nome da liberdade religiosa.  Tais práticas, muitas vezes, implicam em tortura, pois os sacrificados "não morrem instantaneamente. (Sales, 2012:123-124).

Observem prezados leitores que nessa hora a lei de proteção aos animais é inócua e não pode ser aplicada, em virtude de uma cultura de longo tempo, introduzida no Brasil pelos infelizes escravos advindos da África. Nem a CF/88 tem valor nessa hora - o artigo 225 § VII da mesma, é apreciada.

Veja sua redação:   VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.   

E tem mais:  há alguns rituais nesses recintos em que a mãe de santo ou pai de santo bate com força na pessoa "obsidiada" com uma galinha viva.   Vejam que absurdo!

Agora, se eu reclamar explicitamente, terei problemas, como aconteceu em 2014, quando fui um dos palestrantes na 22ª Conferência Nacional da OAB em 2014, então consultor da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB, seccional RJ  que, determinado momento, fiz crítica EDUCADA ao fato.  Logo um advogado de forma rude me rebateu, dizendo-me que ninguém maltrata animal nesses rituais.  E pedi que explicasse melhor e, acreditem, ele me disse assim:  "a gente faz uma prece para o cabritinho e depois passamos a faca na garganta dele".   Não precisei falar mais nada!

A plateia constituída de advogados e estudantes de Direito repeliu suas palavras e ele, percebendo que não agradou, levantou-se e foi embora.  NÃO é fácil falar sobre o assunto, pois, eles sempre encontrarão justificativa para defender tais práticas.  A sorte é que a grande maioria dos templos de Umbanda NÃO mais pratica essas crueldades.  Aos poucos, o entendimento e o bom senso vão prevalecendo.  
 
Outro absurdo atávico, que vem de séculos, é a mentalidade medieval de aprisionar pássaros em gaiolas. Observa-se que todas as pessoas que têm esse nefasto hábito, são pessoas rudes, sem sensibilidade e que deturpam a razão de viver dos animais. Pássaros nasceram para ser livres e quem os aprisiona em gaiolas não valoriza a liberdade.

Aqui, no Brasil, esse péssimo hábito advém da colonização do Brasil, com alguns navegadores portugueses que aprisionaram pássaros, levando-os para o rei de Portugal, a fim de mostrar-lhe as belezas vivas dessa terra.   Por isso, sempre insistirei em determinado assunto: somente educando, conscientizando, modificaremos esses terríveis e retrógrados atavismos culturais.  A educação liberta e só não vê, quem não quer !

Gilberto Pinheiro é jornalista (24287/DRT-RJ),
palestrante em escolas, universidades, destacando
a senciência e direitos dos animais


"Onde tiveres teu tesouro, ali estará teu coração"
  Mateus 6:21
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