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17/09/2024 às 14h53min - Atualizada em 17/09/2024 às 14h53min

A importância de discutir o tema suicídio e suas formas de prevenção

Assessoria de Imprensa SPSP
Divulgação/Banco de imagem/Freepik
O debate sobre o suicídio entre crianças e adolescentes é cada vez mais importante, sendo essa a percepção da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), pois, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é uma das principais causas de morte em todo o mundo e, entre jovens de 15 a 29 anos, a quarta causa de morte.

De antemão, é fundamental reforçar que o suicídio tem causa multifatorial, em que interferem elementos psicológicos, sociais e culturais. Entre os fatores de risco para o suicídio mais conhecidos estão: transtornos mentais, dependências químicas, abusos, traumas, perdas econômicas e tentativas anteriores.

Diante desse cenário, é inevitável nos perguntarmos se é possível falar em efetivas medidas de prevenção. Cuidar da saúde mental, não só da criança, mas de todos que a cercam, é o primeiro passo desse caminho. A saúde mental precisa estar ligada aos cuidados cotidianos, onde a presença do cuidador demanda ser além da presença física, uma presença implicada, emocionalmente presente.

Não é incomum que casos de bullying façam parte do cenário de agravamento da saúde mental de um adolescente. O enfrentamento a essas situações sem dúvida é necessário. Para uma criança ou adolescente que experimenta maior dificuldade no enfrentamento de situações de angústia psíquica, o bullying pode se tornar um excesso impossível de ser suportado. Também observamos, com certa frequência, que tanto os pais quanto os profissionais de saúde e de educação se veem perdidos frente aos seus impactos.

Todo cuidado é pouco ao abordarmos tema tão delicado e complexo. Ao observarmos os fatores de risco para o suicídio, surge a recomendação para que jovens que estejam em evidente sofrimento sejam acompanhados e recebam auxílio psicológico. Porém, quando levamos em consideração a adolescência e a velocidade de transformações que ela imprime no indivíduo, podemos considerar que mesmo um jovem aparentemente ''bem-sucedido'' do ponto de vista dos anseios sociais pode estar sofrendo grande pressão.

Uma dessas vias de expressão de sofrimento é o corpo, que o adolescente utiliza para várias coisas e que está no cerne de sua relação com o mundo, o que podemos constatar não apenas no modo como a imagem é cultuada, mas também nos comportamentos de autolesão, e em última instância, no suicídio. Na autolesão, o corpo se torna o cenário de expressão dos conflitos internos e de descarga das experiências emocionais dolorosas, o que propicia um alívio momentâneo, frente a vivência de um caos emocional e da dificuldade de transformá-lo em palavras.

Mas, como o alívio é transitório, o ato tende se repetir, agravando o sofrimento. O suicídio é o desfecho mais grave da junção entre um excesso de dor, de perturbação e de pressão emocional, de falta de sentido no viver, e revela um enfraquecimento dos vínculos reais do jovem com as pessoas que lhe são significativas e que poderiam lhe proporcionar os recursos de proteção.

Os recursos de proteção são construídos no meio familiar e social e estão intimamente relacionados com os vínculos afetivos na família, na escola e na comunidade na qual o jovem se insere, mas também estão atrelados às percepções e senso de si que ele constrói desde a infância: os sentimentos de autoestima, autoconfiança, as perspectivas de futuro e as habilidades afetivas, sociais e cognitivas.

O principal fator de proteção é o sentimento de estar conectado, numa relação de intimidade e confiança, bem-estar e apoio, de referência para as escolhas e enfrentamento dos desafios que a vida coloca. Em suma, saber que pode contar com alguém, ao longo do percurso da vida e não apenas nos momentos de crise ou de enorme sofrimento.

Ter um sentido para a vida previne e protege do suicídio!
Texto redigido pelas psicólogas/psicanalistas do Núcleo de Estudos de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP): Cristiane da Silva Geraldo Folino, Flávia Schimith Escrivão e Vera da Penha M. Ferrari Rego Barros.

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