AtaNews Publicidade 728x90
22/09/2023 às 17h00min - Atualizada em 22/09/2023 às 17h00min

Pastor do golpe do lucro de R$ 1 octilhão se escondeu em rancho com segurança

Osório José Lopes Júnior (foto) foi preso em Sucupira, no sul do Tocantins, em propriedade da família dele

Assessoria de imprensa
O pastor evangélico Osório José Lopes Júnior era procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal por ser considerado o líder de um esquema de golpes financeiros que enganou mais de 50 mil vítimas — Foto: Reprodução/Rede social
O pastor evangélico Osório José Lopes Júnior foi preso em Sucupira, no sul do Tocantins, na tarde desta quinta-feira (21). Ele era procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal por ser considerado o líder de um esquema de golpes financeiros que enganou mais de 50 mil vítimas. A investigação apontou que o grupo prometia lucro de até R$ 1 octilhão a quem desse dinheiro ao grupo criminoso.

A operação contra o bando de fraudadores foi deflagrada na quarta-feira (20). Havia mandado de prisão contra Osório Júnior, mas ele não foi encontrado em sua mansão no Alphaville, condomínio de luxo em São Paulo. Agentes do Tocantins localizaram o pastor por volta das 17h15 de quinta em uma fazenda de Sucupira. 

Ele estava escondido em um rancho e acompanhado de segurança particular. A propriedade era da família do religioso, segundo a Polícia Civil do Tocantins. A prisão foi executada por agentes da 8ª Divisão de Combate ao Crime Organizado. O pastor não resistiu à prisão, que também não foi impedida pelo segurança. 

Os policiais tocantinenses haviam recebido informações de colegas brasilienses sobre a possibilidade de Osório Júnior estar escondido, a princípio, na cidade de Figuerópolis (TO). Fazendo buscas, os investigadores da Divisão de Combate ao Crime Organizado constataram que o pastor estava em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupira.

Depois da prisão e de ser ouvido pelo delegado da 12ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Gurupi, o pastor foi levado para uma cela da cadeia local, onde está à disposição da Justiça do Distrito Federal. A Polícia Civil do DF já foi avisada sobre a prisão e deve pedir a transferência do investigado nesta sexta. 

Também foi presa na quinta Maria Aparecida Gomes Barbosa, 63 anos, que se apresenta como pastora missionária e é apontada como braço direito do líder do golpe milionário. Ela foi localizada em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, na casa da filha. A Polícia Civil do DF diz que a religiosa era responsável por captar investimentos e vítimas para o esquema, sendo uma espécie de “administradora”.

Grupo criminoso conta com vários pastores evangélicos
O grupo criminoso que tem dezenas de pastores evangélicos, que movimentaram R$ 156 milhões em 5 anos, além de criar 40 empresas fantasmas e ter mais de 800 contas bancárias suspeitas, segundo a polícia brasiliense. Iniciada há um ano, a investigação aponta que os investigados prometiam retornos “imediato e rentabilidade estratosférica”.

Os pastores são acusados de induzir fiéis, que frequentavam suas igrejas, a pensarem que eram “abençoados a receberem grandes quantias”. Os religiosos usavam uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara”, dizendo que seria possível investir pouco e ganhar muito.

“Foi detectada, por exemplo, a promessa de que somente com um depósito de R$ 25 as pessoas poderiam receber de volta nas ‘operações’ o valor de um octilhão de reais, ou mesmo ‘investir’ R$ 2 mil para ganhar 350 bilhões de centilhões de euros”, diz a Polícia Civil em nota.

Grupo usava até o nome de Paulo Guedes para enganar fiéis
O pastor Osório José Lopes Júnior, que é deficiente visual, afirmava em suas pregações e nas redes sociais que os títulos oferecidos já contariam com autorização do governo federal, por meio do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, para serem pagos.

No golpe, além dos púlpitos das igrejas, o pastor Osório Júnior usava o YouTube, onde tem um canal com mais de 70 mil inscritos e cerca de 500 vídeos publicados.  Em seus vídeos, em meio às pregações, pede dinheiro para a “operação”, seus supostos milagres financeiros. 

Entre outras coisas, o líder religioso afirma  integrar o chamado "Projeto Redenção", que teria sido criado em 1940, nos Estados Unidos e na China. Em seguida, 209 países se uniram — incluindo o Brasil — para agregar bens de alto valor, como ouro, prata, diamante e pedras preciosas. Tudo mentira, segundo a polícia.

As vítimas assinavam contratos falsos, com promessas de liberação de quantias desses investimentos, que estariam registrados no Banco Central e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Pastor já era investigado por aplicar golpe em fiéis no interior de Goiás
Natural de Goiás, Osório Júnior tem longo histórico de acusações criminais. As primeiras remetem a 2018, quando começou a ser investigado por aplicar golpes em fiéis de Goianésia, na região central de Goiás, e em moradores de outros estados do país. À época, ele e outro pastor alegavam que haviam ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisavam reunir fundos para conseguir recebê-lo.

Osório Júnior prometia lucros até 10 vezes acima dos valores repassados pelas vítimas e conseguiu cerca de R$ 15 milhões com o golpe. Para uma das vítimas, prometeu repassar mais de R$ 2 quatrilhões, valor que supera as fortunas somadas das 10 pessoas mais ricas do mundo.

O pastor chegou a ficar um mês preso em 2018, quando ainda morava em Goianésia. Após conseguir o direito a responder ao processo em liberdade – ainda não houve julgamento –, ele se mudou para São Paulo e voltou a cometer o mesmo tipo de crime, conforme a Polícia Civil do DF. 

Homem foi preso ao simular crédito de R$ 17 bilhões
A Polícia Civil do DF prendeu, em dezembro de 2022,  um suspeito de envolvimento no esquema, em Brasília. Ele usou documento falso em uma agência bancária da Asa Sul, na capital federal, simulando possuir crédito de R$ 17 bilhões.

Mesmo após a prisão do suspeito, o grupo continuou a aplicar golpes. Ele era o principal influenciador digital influencer da organização criminosa, segundo a Polícia Civil.

Os alvos da operação desta quarta devem responder por crimes de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
A operação desta manhã é coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor). Eles contam com a cooperação de polícias civis de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »