02/07/2019 às 10h27min - Atualizada em 02/07/2019 às 10h27min
Em clima de desânimo, Câmara entra na reta final da tramitação da reforma da Previdência
Manifestações contra o Congresso podem ter impacto negativo na apreciação do texto, diz presidente da comissão especial que analisa a reforma.
Huff Post
Foto: Divulgação A reta final da tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados pode ser mais longa que o esperado. A expectativa é de que o texto final seja apreciado na comissão especial que analisa do tema ainda esta semana. No entanto, nem o presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PSL-AM), está otimista.
Além da pressão da oposição que já apresentou questões de ordem, as manifestações de domingo com críticas ao Congresso e a instabilidade na base governista são apontadas como fatores que podem prolongar o período de votação da proposta.
Também está em discussão a possibilidade de atender a um pleito de governadores e incluir os estados e municípios na proposta de emenda à Constituição que altera as regras da aposentadoria.
Essa medida será definida nesta terça-feira (2) em reunião entre líderes partidários, governadores, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente e relator do colegiado, deputados Marcelo Ramos e Samuel Moreira (PSDB-SP).
A tendência, entretanto, é que os governadores sejam derrotados. Líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou na segunda-feira (1º) que a tendência é que estados fiquem fora do relatório.“Quem tem que conseguir os votos para reincluí-los no destaque que vai ser proposto são aqueles que estão interessados”, ponderou.
Nesse cenário de indefinição, a expectativa otimista é de que a leitura do voto complementar ocorra ainda nesta terça e a partir de quarta a votação seja iniciada. Para Ramos, porém, há chance de adiar. “Acho que votamos essa semana, mas o risco sempre existe.”
O relator segue o mesmo entendimento. Segundo ele, a leitura de seu voto está mantida nesta terça, embora até mesmo essa previsão esteja aberta “para o debate”.
Crise no Parlamento À Reuters, o presidente da comissão avaliou ainda que manifestações como a de domingo não ajudam na negociação pela aprovação da reforma. “Essas manifestações atacando o Congresso são um equívoco”, disse.
Os protestos pró-governo repetiam os mesmo argumentos usados por aliados do presidente para criticar o trabalho do Congresso, o que intensifica o mal-estar no relacionamento entre Legislativo e Executivo.
Ministro da Economia e pai da reforma, Paulo Guedes afirmou na semana passada que o “Congresso é uma máquina de corrupção”. Embora argumente que a frase foi tirada de contexto e que não cairia em provocação, a afirmação inflamou os ânimos dos deputados contra o governo.
Dias antes da suposta alfinetada aos parlamentares, Guedes criticou abertamente Rodrigo Maia por causa das mudanças que a Câmara fez no texto enviado pelo governo. Para o ministro, deputados “abortaram”a reforma.
Em seguida, Maia rebateu e afirmou que o governo Bolsonaro é uma “usina de crises”, mas disse que a reforma não seria afetada por ela.
Guedes e Maia prometem trabalhar para aprovação do texto que está na Câmara ainda neste semestre.