21/02/2018 às 09h50min - Atualizada em 21/02/2018 às 09h50min
Descoberta de ave “extinta” mostra importância da área de conservação
Pato que era considerado extinto foi visto no Parque Estadual da Serra do Mar; é o segundo registro dela em SP, depois de 197 anos
Governo do Estado de São Paulo
O pato-mergulhão foi visto pela vigilante do parque, Fabiana Pereira; é o segundo registro da espécie em 197 anos Um
pato-mergulhão, uma das
aves mais ameaçadas das Américas e das mais raras do mundo, foi registrado pela segunda vez no Estado de São Paulo, após 197 anos. O histórico registro aconteceu no Núcleo Padre Dória, em Salesópolis, numa área restrita à visitação. Para se ter uma ideia, a espécie denominada cientificamente como Mergus octosetaceus já foi considerado extinta entre os anos de 1940 e 1950.
“O trabalho demonstrou a importância do manejo adequado das Unidades de Conservação e suas zonas de amortecimento para garantir a perpetuação de espécies como esta”, comentou o gestor do PESM-NUCAR, Miguel Nema Neto.
Miguel participou da elaboração de uma nota científica sobre a descoberta histórica na área da ornitologia, feita pelas equipes dos Núcleos Caraguatatuba e Padre Dória.
Intitulada
“Segundo registro do Pato-mergulhão Mergus octosetaceus para o Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil, após quase dois séculos”, a nota foi submetida e está em fase de análise do “Bulletin of the British Ornithologist’s Club”, um dos mais importantes veículos científicos voltados para a ornitologia no mundo (
http://boc-online.org/bulletin).
Os autores da nota são Miguel Nema Neto, a gestora do PESM – NPDor, Ana Lúcia Wuo, o diretor regional da Fundação Florestal, Carlos Zacchi Neto e também a vigilante e autora do registro, Fabiana Dias Pereira, peça-chave na descoberta, que quase passou despercebida.
Fabiana estava fazendo uma ronda de rotina. Como sempre, ela estava com uma máquina fotográfica. De repente, viu uma ave que chamou a atenção pelo local onde se encontrava e fezer a foto.
“Na hora pensei: parece um biguá. Olhando a foto, percebi que o bicho tinha um topete chique, mas não dei muita importância”, comentou.
Uma reportagem na TV, entretanto, fez Fabiana perceber o feito.
“Quatro meses se passaram, até que reconheci o pato-mergulhão numa reportagem da TV. Foi aí que caí na real: era uma ave considerada extinta no Estado de São Paulo e eu a encontrei!”, disse, emocionada.
“Sou apaixonada pela natureza e esse achado me deixou muito feliz, porque mostra a importância do parque e do nosso trabalho na preservação das espécies”, completou Fabiana.
O pato-mergulhão é uma espécie adaptada a cursos hídricos de regiões montanhosas. Ela vive em rios límpidos e caudalosos de altitude, principalmente em corredeiras, pousando em rochas e árvores caídas na água. Alimenta-se de peixes e outros animais da fauna aquática. Instala ninho nas fendas de rochas e em ocos de árvores mortas, às margens dos rios. Possui cor verde-petróleo, principalmente no macho, pés vermelhos e asas com detalhes brancos.
Diante do registro, agora o trabalho será feito no sentido de preservar o ambiente adequado para o pato-mergulhão.
“A partir desta descoberta, buscaremos apoio da comunidade científica para definirmos as estratégias de conservação, a fim de garantir a vida da espécie no local”, declarou Miguel Nema Neto.
Pouco tolerante a impactos ao ambiente, o pato-mergulhão é sensível a impactos ao meio ambiente e requer um habitat muito específico viver. Qualquer alteração hidrológica em seu habitat, como a expansão das atividades agropecuárias, a poluição e barramento de rios e a supressão de vegetação ciliar, podem inviabilizar sua sobrevivência no local.