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20/05/2024 às 16h22min - Atualizada em 21/05/2024 às 06h39min

Mudanças Climáticas devem agravar mais da metade das doenças infecciosas no mundo

Embaixador da Inspirali alerta para os problemas de saúde causados pelo aquecimento global

JULIANA ANTUNES
divulgação
Cada vez mais, o mundo vem enfrentando acontecimentos catastróficos de forma desordenada e sem precedentes, e muito próximo de nós atingindo várias regiões do Brasil, vide as atuais enchentes no Rio Grande do Sul. Mesmo com o Acordo de Paris, assinado por 196 países, em 2015, com o objetivo de estabelecer uma série de ações a serem seguidas para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa, ainda há muito o que ser feito.
 
Segundo o Dr. Evaldo Stanislau, embaixador nas áreas de imunologia, infectologia, OneHealth e Medicina de precisão da Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país, o aumento da temperatura coloca a vida em risco e traz consequências muito sérias. “As mudanças climáticas trazem alterações na estrutura de todo o ecossistema terrestre, nas águas dos oceanos, na diversidade das espécies, e, infelizmente, impacta negativamente também nas doenças. Está se formando um ambiente nocivo para a saúde de todos. Um exemplo é o aumento da poluição, que só vai fazer aumentar casos de problemas cardiovasculares, alergias e câncer”, declara.
 
Dr. Evaldo explica que com o calor aumentando desde 2019, os países já vêm sentido este impacto com 5 milhões de mortes associadas ao extremo calor e extremo frio. Segundo o embaixador da Inspirali, os jovens são os que mais devem sofrer com estas alterações. “Quem nasceu nos anos 2000 vai ter muito mais exposição a alterações climáticas. Meus filhos e netos vão sofrer muito mais, com sete vezes mais exposição a estes eventos”, relata.
 
O médico também alerta para o aumento de doenças infecciosas e transmissíveis. “A temperatura quente colabora para a migração de agentes, que estão cada vez mais resistentes. Doenças que já foram consideradas extintas estão voltando a aparecer, como malária, cólera, sarampo, entre outras. Enfrentaremos a chegada de novos agentes, novas pandemias. Todo o movimento causado pela crise climática potencializa a transmissão de doenças. Gases de efeito estufa aquecem oceanos, derrete gelo, aumenta nível do mar, gera eventos climáticos extremos como furacões, seca, inundações, calor. A infusão de água salgada onde só tinha doce, a migração de pessoas e animais, a cadeia de produção de alimentos. Tudo isso favorece o aumento e criação de novos agentes”.
 
“Quando aumenta a temperatura, aumenta também a capacidade de replicação e transmissão destas doenças do vetor. Nestas temperaturas mais altas, eles conseguem se replicar melhor, aumentando o ciclo de vida, a voracidade e o comportamento. Temos como exemplo as mutações sofridas pela dengue. Quanto mais calor, mais vetores e mais doenças”, alerta.
 
Porém, Dr. Evaldo acredita que há esperança se juntarmos esforços e muito o que conquistar com o avanço da tecnologia. “Já estamos acostumados a vencer desafios na saúde. Com saneamento, vacina e antibiótico, tivemos um aumento significativo na expectativa de vida, que antes era de 40 anos, e agora são 80 anos. As pessoas morrem menos de doenças infecciosas, tirando Covid que desiquilibrou. É preciso criar uma resiliência climática, pois já é possível prever o que esta por vir. E nós, da saúde, somos agentes de mudança. Temos o poder de convencimento usando nossa credibilidade para falar sobre mudança climática e saúde. Precisamos sair da posição de inércia e espectadores porque somos protagonistas”, complementa.
 
Dados mostram que o setor de saúde é responsável por 5% das emissões globais. Algumas medidas podem contribuir para mudar este cenário, como descarte correto de materiais, manuseio do lixo hospitalar, otimização de processos e compromisso com fornecedores conscientes. “Educar profissionais pode levar a práticas clínicas mais sustentáveis e só teremos ganhos recorrentes disso. Dentro da Inspirali, já iniciamos um movimento de introdução do conceito de One Health na matriz curricular e temos flexibilidade para que os alunos das nossas 14 escolas de Medicina vivenciem práticas reais e contribuam para a saúde local e global”, finaliza Dr Evaldo.
 

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JULIANA ANTUNES SANTOS
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