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19/02/2024 às 14h35min - Atualizada em 19/02/2024 às 14h35min

Lula é 'persona non grata' após comparação com nazismo, diz ministro de Israel

O chanceler reagiu à comparação de Lula entre a situação do povo palestino, em função da guerra entre Israel e Hamas, e a dos judeus perseguidos na Alemanha nazista por Hitler

Assessoria de imprensa
Presidente Lula em discurso na Etiópia, na abertura da 37º Cúpula da União Africana — Foto: Ricardo Stuckert / PR
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, informou que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é "persona non grata" e não será bem-vindo ao país até que se retrate de declarações concedidas no domingo (18). O petista comparou a situação do povo palestino, em função do conflito entre Israel e o grupo Hamas, aos judeus perseguidos na Alemanha nazista por Adolf Hitler. 

"Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse", escreveu o chanceler no X (antigo Twitter) em uma mensagem em que marca diretamente o perfil de Lula.

Katz atribuiu a um "grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto" a comparação de Lula entre a "guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que destruíram seis milhões de judeus". 

O chanceler acrescentou que convocou o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, para uma reunião nesta segunda-feira (19) em Yad Vashem, o memorial oficial de Israel para lembrar os judeus que foram vítimas do Holocausto. Normalmente, o encontro aconteceria na sede do Ministério das Relações Exteriores do país. A fala de Lula, no entanto, motivou a mudança de local.

"Esta manhã convoquei o embaixador brasileiro em Israel perto de Vashem, o lugar que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família", completou Katz na mensagem na rede social.

Lula endossa críticas à ação de Israel na guerra contra o Hamas
No domingo, Lula endossou as falas contra a ação de Israel na guerra que acontece no Oriente Médio. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse durante coletiva de imprensa na Etiópia.

O presidente criticou a realidade de quem vive na faixa de Gaza desde os ataques israelenses. “Quem vai ajudar a construir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai restituir a vida de 30 mil pessoas que já morreram? 70 mil que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram, sem saber porque estavam morrendo? Isso é pouco para mexer com o senso humanitário dos dirigentes políticos do planeta?”, questionou. 

Lula ressaltou ainda que “o que está acontecendo no mundo hoje é falta de instância de deliberação”. “Nós não temos governança! Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A invasão da Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A invasão da Ucrânia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. E a chacina de Gaza não passou pelo Conselho de Segurança da ONU”, enfatizou. 

A questão dos palestinos foi abordada por Lula em diferentes momentos de sua viagem à África. Em evento no sábado (17), o presidente disse que “ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses, e demandar a liberação imediata de todos os reféns”. 

O presidente também destacou a situação daqueles que vivem na região. “Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza”, completou.

Na quinta-feira (15), ao lado do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, Lula já havia repetido tom crítico em relação a Israel. "O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel, e ao sequestro de centenas de pessoas, e nós condenamos e chamamos de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel a pretexto de derrotar o Hamas matar mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra, porque eu tenho conhecimento", disse.

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