Cuba diz que não tem condições financeiras para pagar calote bilionário dado no Brasil

Embora o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenha uma viagem marcada para Cuba nesta sexta-feira (15), com a expectativa de renegociar a dívida bilionária com o Brasil, autoridades do regime ditatorial já afirmaram que não possuem condições para efetuar o pagamento.

Cuba espera "algum tipo de flexibilidade" por parte de Lula em relação aos pagamentos em atraso da dívida de US$ 658 milhões que Havana tem com Brasília.

Essa informação está contida em um documento interno recebido pelo Palácio do Planalto, o qual apresenta medidas para uma possível renegociação, incluindo descontos no valor em atraso ou mesmo o uso de outras moedas alternativas ao dólar.

Na segunda-feira (11), autoridades do Executivo, de bancos públicos e de Cuba se reuniram em uma reunião virtual para preparar o diálogo entre os dois países.

Um dos cubanos que participou da reunião mencionou que o assunto da dívida já havia sido tratado com o vice-primeiro-ministro de Cuba, Ricardo Cabrisas Ruiz, e com Roberto Verrier, diretor da ProCuba, agência de promoção de exportações e investimentos.

O registro oficial da reunião destacou que Cuba não possui condições para pagar o calote que se arrasta por anos.

"Autoridades do país externaram não possuir neste momento meios para o pagamento das suas obrigações. As autoridades teriam sinalizado esperar algum tipo de flexibilidade por parte do governo brasileiro —por exemplo, um haircut comparável ao recebido no tratamento da dívida do Clube de Paris em 2015 e, diante da escassez de dólares, uso de moedas alternativas ou recebíveis de commodities cubanas— para permitir a retomada dos pagamentos", diz o registro da reunião preparatória.

A relação de Lula com os ditadores cubanos é amplamente conhecida. Ao lado de Fidel Castro, seu amigo pessoal, o petista fundou o Foro de São Paulo em 1990, com o objetivo de congregar revolucionários da América Latina para revitalizar o movimento comunista após a queda do Muro de Berlim.

Nesta sexta-feira (15), Lula desembarca mais uma vez em Cuba; ele já esteve no país nos anos de 2003, 2008 e 2010, e foi por meio dele que Cuba deixou de pagar uma dívida bilionária ao Brasil.