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08/09/2022 às 14h38min - Atualizada em 08/09/2022 às 14h38min

O fim de uma era: morre a rainha Elizabeth 2ª aos 96 anos

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Rainha britânica Elizabeth II. Foto: CHRIS JACKSON/AFP/Getty Images
Morre a rainha Elizabeth II do Reino Unido, aos 96 anos, na Escócia, no palácio de Balmoral. A informação foi confirmada pelo Palácio de Buckingham nesta quinta-feira. Há mais de 70 anos como soberana de 15 Estados Independentes e chefe de um grupo de 53 nações, a monarca entrou para a história como a mais longeva, e influente, do mundo.

"A rainha morreu em paz", afirma o comunicado emitido pelo Palácio de Bunckingham. Segundo o protocolo chamado de 'London Bridge', que rege as ações em caso de morte do monarca, o Reino Unido entra em luto e um longo rito começa imediatamente com o fechamento do comério, bolsa de valores e organizações governamentais.

Os últimos atos do mais longevo reinado da história da coroa britânica foi o fim do governo de Boris Boris Johnson e o convite à Liz Truss formar um novo governo em seu nome. Ela é a terceira primeira-ministra que lidera o Reino Unido com Elizabeth II, que já esteve com Margaret Thatcher e Theresa May.

Filha do rei George VI e da rainha consorte Lady Elizabeth Bowes-Lyon, a rainha mãe, ela nasceu em 21 de abrik de 1926 e não estava na linha de sucessão direta ao trono. A então princesa Elizabeth Alexandra Mary Windsor mudou de posto após a renuncia de seu tio, o rei Eduardo VIII, e a ascenção de seu pai, George, ao trono. Desde os 11 anos ela é ensinada a reinar e assumiu a coroa aos 26, com o falecimento repentino do pai, que se recuperava do tratamento de um câncer.

Apelidada de "Lilibet" pela família, ela impressionava as pessoas desde muito nova. Winston Churchill disse, em 1928: "Ela tem personalidade, um ar de autoridade e uma concentração surpreendente em uma criança".

Elizabeth e a irmã mais nova, Margaret, foram educadas em casa sob a supervisão da mãe e da governanta, Marion Crawford. Elas estudavam história, línguas, literatura e música.

A infância
Terceira na linha de sucessão ao trono, por direito ela deveria ter tido uma posição menos relevante na realeza, semelhante à ocupada atualmente pela princesa Beatriz. No entanto, seu futuro mudou para sempre quando o tio Edward VIII assumiu o trono em 1936, mas abdicou menos de um ano depois para se casar com Wallis Simpson, uma socialite americana divorciada. Assim, o pai de Elizabeth se tornou o rei George VI, e a jovem princesa passou a ser a herdeira do trono.

Rainha Elizabeth e a irmã Margaret em 1940.Foto: AFP/Getty Images

Rainha Elizabeth e a irmã Margaret em 1940.Foto: AFP/Getty Images


Sob os olhos do público, a princesa Elizabeth levava a sério os deveres reais. Durante a Segunda Guerra Mundial, ajudou a aumentar a confiança da população, fazendo uma transmissão para as crianças do país em 1940. Ela fez aparições públicas por conta própria e entrou no serviço territorial auxiliar feminino como motorista e mecânica, a fim de liberar homens para as linhas de frente. As habilidades que ela aprendeu duraram uma vida inteira.

Décadas depois, aterrorizou um passageiro, o príncipe herdeiro Abdullah da Arábia Saudita, pilotando seu Land Rover a todo vapor nas estradas sinuosas das Terras Altas da Escócia enquanto ele implorava que ela mantivesse os olhos na estrada.

No dia da Vitória na Europa em 1945, a jovem Elizabeth e a irmã Margaret convenceram os pais a deixá-las sair do Palácio de Buckingham e se misturar com a multidão que festejava do lado de fora. A rainha recordou mais tarde: "Lembro das filas de pessoas desconhecidas de braços dados e caminhando pela região de Whitehall, todos juntos em uma onda de felicidade e alívio".

Momentos de anonimato como esse foram raros, mas ela aproveitou vários outros ao longo da vida. Uma biógrafa se lembra de quando a rainha foi fazer compras no free shop de um aeroporto enquanto esperava um voo. "Era uma área segura, ninguém sabia que ela estaria lá, e ela se divertiu muito olhando os produtos no estande da Clarins", relatou um membro do grupo real. Em outra ocasião, enquanto caminhava pela rua com os guarda-costas, um grupo de turistas americanos perguntou se ela conhecia a rainha. A resposta foi: "Eu não, mas ele conhece", apontando para o segurança.

A "força e a permanência"
Foi durante a guerra que Elizabeth conheceu o jovem oficial da Marinha Philip da Dinamarca e Grécia. Eles se casaram na Abadia de Westminster em 20 de novembro de 1947. Na ocasião, a princesa usou um vestido que pagou com fichas de racionamento. Havia uma oposição feroz à união nos círculos reais na época. Ele não tinha um tostão e era considerado "arrogante", mas os dois formaram uma parceria sólida, e o casamento de 73 anos tornou-se o mais longo de qualquer monarca do Reino Unido.

Rainha Elizabeth II em seu casamento com o Príncipe Philip. Foto: AFP/Getty Images

Rainha Elizabeth II em seu casamento com o Príncipe Philip. Foto: AFP/Getty Images


O falecido Lorde Charteris disse uma vez que Philip era a única pessoa na terra que poderia dizer à rainha para "calar a boca" e vice-versa. Outro amigo próximo disse sobre o casal: "Aqueles dois representam uma verdadeira história de amor, tomam chá juntos todos os dias, conversam sobre tudo. Ele lê cartas ou conta piadas para ela. Eles se adoram".

Durante um discurso para comemorar as bodas de ouro, a rainha disse sobre Philip: "Ele não gosta de receber elogios, mas sempre foi a minha força e o motivo pelo qual eu permaneci no poder por todos esses anos. Eu, a nossa família, este e muitos outros países temos uma dívida com ele muito maior do que podemos imaginar".

Charles, primeiro filho do casal, nasceu em 1948. Anne veio dois anos depois. Mas a vida familiar da princesa Elizabeth teve que ser compartilhada com os deveres reais. A certa altura, ela morou com Philip na base naval de Malta, deixando o jovem príncipe Charles na Grã-Bretanha. Mas dizem que foi um dos momentos mais felizes da vida dela. A jovem princesa dirigia pela ilha sem escolta em um carro aberto ou ia ao cinema local de mãos dadas com o marido.

A coroação
Tudo mudaria em 6 de fevereiro de 1952, quando o rei George VI faleceu e Elizabeth se tornou rainha. Ela estava em uma excursão real pelo Quênia na época, visitando um hotel construído na copa de uma árvore, e coube ao príncipe Philip contar à esposa sobre a morte do pai. No dia seguinte, a nova monarca pediu que nenhuma fotografia fosse tirada. Um jornalista disse que podia "sentir a tristeza" quando ela passou e acenou.

Rainha Elizabeth em sua coroação ao lado do marido, Príncipe Philip. Foto: AFP/Getty Images

Rainha Elizabeth em sua coroação ao lado do marido, Príncipe Philip. Foto: AFP/Getty Images


Mais de um ano depois, em 2 de junho de 1953, a nova rainha foi coroada na Abadia de Westminster em um evento televisionado, assistido por cerca de 20 milhões de pessoas em todo o Reino Unido.

Na década de 1970, ela deu à luz os filhos Andrew e Edward e se tornou a primeira monarca no poder a visitar a Austrália e a Nova Zelândia. Em 1977, celebrou o Jubileu de Prata e enquanto o país era abalado por turbulências políticas, a rainha ainda era admirada e respeitada.

Annus horribilis

Rainha Elizabeth e o marido, Príncipe Philip no velório da Princesa Diana. Foto: THOMAS COEX/AFP/Getty Images

Rainha Elizabeth e o marido, Príncipe Philip no velório da Princesa Diana. Foto: THOMAS COEX/AFP/Getty Images


Em 1992, uma série de incidentes desagradáveis abalou a família real e a rainha. Os casamentos de dois de seus filhos, a princesa Anne e o príncipe Andrew, chegaram ao fim. Um livro detalhando a infelicidade da princesa Diana foi publicado, e um incêndio atingiu o Castelo de Windsor. Depois dessa série de acontecimentos, a rainha fez um discurso chamando esse período de Annus horribilis, o ano horrível.

O apoio público à realeza estava em declínio, mas a popularidade da rainha quase não foi abalada, talvez devido a sua dedicação e serviço abnegado. Tony Blair, que foi um dos treze primeiros-ministros (OBSERVAÇÃO: Theresa May é a 13ª) durante seu reinado, disse: "A principal característica dela é a inteligência. Durante meu mandato como primeiro-ministro, fiquei surpreso com a capacidade dela de captar o ânimo do público".

Houve uma exceção relevante. Em 1997, o mundo ficou chocado com a morte de Diana, a Princesa de Gales e, pela primeira vez, a rainha pareceu julgar mal o que o público exigia da monarca.

Certamente pensando nos amados netos William e Harry, que haviam perdido a mãe, ela os levou para o Castelo Balmoral, na Escócia. Lá, escondeu intencionalmente os jornais para não incomodar ainda mais os jovens.

Mais tarde, o príncipe Harry explicou: "A questão era nos deixar sofrer em privacidade, mas ao mesmo tempo nos mostrar o momento certo de cumprir nossas obrigações de príncipes e lamentar não apenas a morte da nossa mãe, mas da princesa de Gales". No entanto, a resposta do público não foi tão favorável. A rainha foi acusada de ser "fria" e "distante". Mais tarde, ela fez uma transmissão em homenagem a Diana, mas ficou chocada com a onda de raiva.

Quando queria demonstrar raiva, o método preferido da rainha para expressar desaprovação era dizer: "Tem certeza?" ou simplesmente fazer muitas perguntas. Durante todo o reinado, ela permaneceu politicamente neutra, mas a experiência e o conhecimento dos assuntos mundiais fez com que ela se tornasse uma fonte inestimável de bons conselhos para os políticos. O ex-primeiro-ministro Tony Blair se lembra de perguntar a ela sobre outro chefe de estado, dizendo: "Não estou conseguindo me dar bem com ele". Ela respondeu: "Tente falar sobre críquete, é o assunto preferido dele".

Uma monarca que bateu recordes
A incrível ética de trabalho, bem como a lealdade para com os súditos, fez com que o apoio à rainha fosse consagrado na década de 2000. Quando celebrou o Jubileu de Diamante em 2012, seu índice de aprovação atingiu 90%, o maior desde que ela assumiu o trono.

Foi também o ano em que mostrou ao mundo algo que todos em seu círculo íntimo já sabiam há muito tempo: ela era muito divertida. Os amigos sempre insinuaram que Sua Majestade era uma imitadora talentosa, reproduzindo os sotaques de Liverpool e da Escócia com facilidade. Mas ninguém estava preparado para o momento de cair o queixo em que ela parecia saltar de um helicóptero em uma paródia de James Bond na abertura das Olimpíadas de Londres em 2012.

A Família Real britânica em 2018.

A Família Real britânica em 2018.


Três anos depois, em 9 de setembro de 2015, Elizabeth II se tornou a monarca com o reinado mais longo da Grã-Bretanha. Ela era admirada e respeitada pelo público e amada pela família. Também adorava o papel de avó e costumava enviar mensagens de texto aos netos pelo celular. Quando era criança, o Príncipe William a chamava de "Gary", pois não conseguia pronunciar "Granny" (vovó em inglês). Ela também era chamada carinhosamente de "Gan Gan" pelo jovem Príncipe George.

Nos últimos anos, ela presenciou os casamentos dos netos, Príncipe William e Príncipe Harry, e deu as boas-vindas a onze bisnetos.

No momento do falecimento, a rainha Elizabeth II reinou por 70, um recorde que parece improvável de ser quebrado por muitos séculos.

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