AtaNews Publicidade 728x90
23/05/2021 às 13h07min - Atualizada em 23/05/2021 às 13h07min

Cães adotados durante a pandemia são devolvidos para abrigos

ANDA
Foto: Ilustração | Pixabay
O dono de um centro de resgate de animais revelou que está recebendo “várias chamadas por semana” para receber “cães do corredor da morte” abandonados por seus tutores inescrupulosos.

A pandemia de Covid-19 causou um enorme aumento de pessoas comprando cães para serem companhias em casa, mas com as restrições de confinamento se afrouxando, centenas de filhotes estão sendo revendidos ou entregues em centros de resgate.

No entanto, com muitos centros de resgate já em lotação máxima graças ao “remorso dos compradores”, o veterinário Rory Cowlam alertou: “Minha preocupação é que a eutanásia se torne a única opção. A maioria dos abrigos tem uma política de “não matar”, mas uma vez que estão cheios, estão cheios”.

Enquanto isso, Niall Lester, co-fundador do centro de resgate de animais New Hope em Kent, Inglaterra disse ao jornal Sunday Telegraph que a maioria dos animais dificilmente será adotada nos centros de resgate, já que muitos desenvolvem problemas comportamentais, como ansiedade de separação, porque eles não foram socializados adequadamente durante a pandemia. “E são os cães com problemas de comportamento, ou os que parecem um pouco estranhos, que são menos propensos a serem levados para casa.”

Em janeiro, foi relatado que centenas de “cãezinhos de quarentena” estão sendo revendidos ou entregues a centros de resgate, porque os proprietários imediatistas já estão tendo problemas para lidar com os animais poucos meses depois de comprá-los.

Tutores inundaram sites de animais domésticos com anúncios de venda de cães com idade entre seis e doze meses, muitos deles admitindo que ou não têm tempo ou dinheiro para cuidar deles.

Além disso, pesquisas de especialistas em bem-estar de animais domésticos revelaram que quase três quartos dos britânicos entrevistados que trouxeram para casa um “cãozinho de quarentena” temem que seu animal domésticos tenha problemas relacionados à separação quando a vida voltar ao normal.

O estudo também constatou que 40% dos novos donos de cães já tiveram arrependimentos sobre sua compra, sendo que um em cada cinco revelou que não tinha noção do trabalho envolvido na criação e cuidado de um filhote.


Lester disse: “Recebo várias ligações por semana de veterinários dizendo: ‘Este jovem cão foi trazido para morte induzida porque tem ansiedade de separação ou é possessivo sobre brinquedos e comida e tem mordido porque não foi criado/orientado corretamente”.

Muitos centros de resgate já estão em capacidade máxima graças ao “remorso dos compradores”, ao mesmo tempo em que enfrentam cortes orçamentários sem precedentes e arrocho financeiro.

Os cães perdidos podem muitas vezes acabar em canis municipais, mas os animais só podem ser mantidos por sete dias. Se não forem buscados por seus tutores, os eles podem ser vendidos ou eliminados da maneira mais conveniente para os canis.

Enquanto isso, Lester alertou que o problema só vai piorar à medida que bares e restaurantes abrirem a partir da próxima semana na Inglaterra, sendo que todas as restrições legais estão previstas para terminar em 21 de junho.

Ele disse: “A maioria desses tutores só quer se livrar do problema… Infelizmente, prevejo muito mais eutanásias no final do ano, quando os problemas começarem a surgir em consequência dos erros cometidos pelas pessoas. Em março, Sylvia Van Atta, co-fundadora da Many Tears, perto de Llanelli, em Carmarthenshire no País de Gales, disse que a onda de cães abandonados sendo levados para seu centro por causa da quarentena tem sido um “pesadelo”.

Em uma transmissão na ITV, ela explicou que o seu centro está lutando para sobreviver devido ao número esmagador de animais que foram abandonados por seus tutores que os compraram por capricho durante a pandemia.

Ela disse que vários animais estavam chegando ao centro com problemas de comportamento porque os tutores não estavam treinando-os corretamente, enquanto muitos outros os devolveram depois de perceberem que não tinham condições financeiras para ter um animal doméstico.

Sylvia disse que filhotes de até 18 semanas de idade chegaram ao centro depois de já terem sido vendidos três vezes nas redes sociais – entre eles, cães de raça como Cockapoos, que é uma das raças mais comuns a serem abandonadas neste contexto.

“É muito triste e difícil. Foi uma luta muito grande para continuar”, disse ela.

“Estamos tentando fazer o nosso melhor para dar certo e a equipe tem sido maravilhosa, mas é realmente um pesadelo para ser honesta.”

Ela disse que os animais estão sendo tão mal treinados, que quando são revendidos pelo antigo tutor, se tornam “impossíveis de se vender” novamente e têm que ser levados para um centro de resgate.

“Eles foram vendidos em vários sites e em redes sociais até que eles não são mais vendáveis, porque eles não são treinados e desenvolvem problemas, então as pessoas não se atrevem a vendê-los quando eles têm um grande problema e acabam os entregando para nós.”


Erica, 36, que mora sozinha em um pequeno apartamento no sul de Londres, admitiu que não estava preparada para os desafios de ter um cão durante a pandemia.

Em janeiro, ela disse ao site Femail que trabalhava em casa como gerente digital desde que a pandemia começou, e em setembro adotou a mistura terrier de 10 meses de idade chamado Peanut.

Depois de ser informada de que ela não era uma “candidata ideal” enquanto tentou adotar um filhote de cachorro no Reino Unido – já que morava uma pequena casa e sem jardim – Erica recorreu a instituições de caridade que trabalhavam no exterior, e resgatou Peanut de Chipre.

Embora feliz com sua decisão de adotar Peanut, Erica se arrepende de não se preparar adequadamente para ter um cão, admitindo que às vezes se preocupa que o animal não “tenha a vida que ele quer” já que ele tem pouco espaço para correr e se exercitar.

Ela também ficou frustrada com a lentidão no treinamento e a desobediência de Peanut, dizendo que ela não estava esperando que o animal fosse um fardo financeiro tão grande, custando entre 60 e 100 libras esterlinas por mês.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »