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28/03/2018 às 14h32min - Atualizada em 28/03/2018 às 14h32min

ONGs lutam para sobreviver e manter missão de resgatar animais abandonados

Grupos se mantêm por doações e, realizando feiras de adoção, dão novo lar aos animais domésticos.

ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais
A ONG Focinhos de Luz organiza feiras de adoção em locais públicos da região – Foto: Divulgação/Focinhos de Luz
Embora não existam dados oficiais que ilustrem o abandono de cães e gatos no Rio, fica fácil perceber o quão comum é este tipo de rejeição: basta olhar a quantidade de animais errantes pelas ruas. Se por um lado, há dados alarmantes, como o de que o número de abandonos cresce nos períodos em que as famílias saem de férias, por outro traz conforto saber que existem organizações que vão no caminho contrário, resgatando, tratando e preparando animais para encontrar novos lares.

A ONG Focinhos de Luz, por exemplo, começou a se desenhar em 2010, quando os fundadores ainda trabalhavam como voluntários em outra organização. Só não continuaram porque, de acordo com Thaisa Calvente, diretora-geral da Focinhos e moradora do Recreio, a responsável se aproveitava da situação degradante do lugar para arrecadar dinheiro.

Ela achava que, se as pessoas vissem os animais passando necessidade, teriam pena e doariam recursos. Fizemos o contrário na Focinhos de Luz. Achamos que, de maneira organizada, poderíamos atrair a atenção do público e dar uma condição melhor aos animais — diz Thaisa, que em 2011 comprou um sítio em Sepetiba, onde vivem atualmente aproximadamente 150 animais.

A Focinhos de Luz se sustenta à base de doações e do trabalho dos voluntários, que ajudam como podem. Eventualmente, quando encontram animais muito debilitados, que necessitam de cuidados especiais, chegam a levá-los para casa até que se recuperem e possam conviver com os demais na ONG.

Em Guaratiba, uma outra organização tenta reinventar a maneira de administrar suas economias, uma vez que serviços como castração, medicação, vacinas e afins, além da alimentação, têm um custo alto. Para sanar as contas, a Paraíso dos Focinhos, cuja sede também é um sítio, decidiu investir no mercado de franquias, aproveitando a reputação já conquistada.

O esquema funciona da seguinte maneira: a Paraíso permite que sua marca seja adotada por empreendedores que administrem negócios como pet shops e clínicas veterinárias, mediante pagamento. Em troca, a ONG tem o compromisso de dar suporte promocional e institucional ao parceiro.

“Também queremos construir um santuário para animais de grande porte no fim do ano. Já montamos um projeto para captação de recursos”, conta a jornalista Hanriette Soares, presidente da Paraíso, que passou a acolher também equinos a partir do ano passado.

Sem patrocínio, organizações como estas costumam ter uma situação econômica sempre oscilante. Há muitas formas de se colaborar com a causa. Além das doações, é possível apadrinhar animais (transferir uma quantia determinada para um focinho específico, sem precisar levá-lo para casa), comprar itens das lojas on-line mantidas por algumas delas e participar de seus eventos beneficentes.

Também é sempre bem-vindo o compartilhamento de postagens sobre as iniciativas nas redes sociais. Mas, claro, a principal forma de ajudar é adotando um animal doméstico, o que pode ser feito nas feiras promovidas pelas entidades ou nas sedes delas. Na maioria dos casos, os interessados respondem a um pequeno questionário que avalia se estão mesmo aptos a cuidar de um animal e se comprometem a dar notícias a seu respeito alguns meses depois.


A paixão de Rosana Guerra por animais vem da infância. Ela é fundadora da IndefeSOS – Divulgação/IndefeSOS


Impossível não levar para casa

Quando criança, Rosana Guerra evitava passar por lugares onde era comum haver abandono de animais domésticos. Ela entendeu que cuidar de focinhos era seu propósito quando perdeu a mãe, com quem aprendeu a amar os seres de quatro patas sem o menor julgamento. Hoje, Rosana comanda o grupo IndefeSOS, que fundou em 2013.

Ela atuava na Fazenda Modelo, em Guaratiba, desde antes de criar a ONG, e trabalhou no abrigo municipal até o fim do ano passado. Nesse meio tempo, foi agregando voluntários ao seu projeto particular, que reúne agora 40 pessoas. Como não tem abrigo, o grupo resgata animais nas ruas e os acomoda em hospedarias, enquanto os submete aos tratamentos necessários para torná-los aptos à adoção.

“Não posso encontrar um animal na rua que logo vou ver como ele está”, conta Rosana, moradora da Barra. “Tenho dívidas por isso, mas não consigo deixar de ajudá-los”.

A empresária Renata Prieto entende bem desse sentimento, que se traduz em ações em prol dos animais há mais de 15 anos. Em 2008, ela deu início ao G.A.R.R.A. — Grupo de Ação, Resgate e Reabilitação Animal —, com foco no auxílio a animais que sofreram maus-tratos.

O G.A.R.R.A. recebe inclusive cavalos. Os 29 abrigados hoje em sua sede, em Guaratiba, não têm acessórios presos ao corpo e participam de sessões de equoterapia gratuitas para crianças. Renata ainda faz de sua casa um lar temporário: atualmente, hospeda 90 animais. Na sede da ONG, há 220.

“Fomos os primeiros a realizar feiras de adoção. Na época, protetores criticaram, alegando que estávamos expondo os animais”, conta Renata.

Para tentar reduzir os casos de abandono, e os consequentes gastos dos abrigos públicos, o vereador Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos) tenta aprovar um projeto de lei que torne obrigatória a emissão de um documento de identidade para animais domésticos e de rua, que carregariam os dados num chip.
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