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21/09/2018 às 14h36min - Atualizada em 21/09/2018 às 14h36min

Linha de crédito para energia solar será ampliada pelo BNDES

De junho de 2013 a junho deste ano, número de conexões de microgeração de energia subiu de 23 para 30.900, sendo 99% com tecnologia solar; dados foram disponibilizados na Intersolar South America

Marcelo Teixeira
Assessoria de Imprensa
Foto: Divulgação
Os aumentos da conta de energia elétrica neste ano vêm pesando no bolso do consumidor. Entre janeiro e julho, as tarifas de energia elétrica subiram em média 13,79%, acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, no mesmo período, ficou em 2,94%. Essa situação está impulsionando a instalação de sistema fotovoltaicos, que convertem a luz solar em energia elétrica. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de junho de 2013 a junho deste ano, o número de conexões de microgeração de energia subiu de 23 para 30.900, sendo 99% com tecnologia solar.
 
Isso fez com que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) esteja em negociações para ampliar os financiamentos de projetos de microgeração de energia solar. Recentemente, a instituição teve de suspender uma linha de crédito para instalação de painéis solares por causa da alta procura: os recursos terminaram em 45 dias. Mas, ainda para este mês, o banco prevê lançar a linha Finame Energias Renováveis, voltada para empresas, com orçamento de R$ 1 bilhão, enquanto negocia a liberação de mais R$ 208 milhões do Fundo Clima, para pessoas físicas. "A gente vai dobrar a aposta na área solar", diz o diretor de Infraestrutura do BNDES, Marcos Ferrari.
 
Segundo o consultor Newton Koeke, que também é proprietário de uma empresa de Birigui que desenvolve e instala projetos fotovoltaicos, o crédito é fundamental para o crescimento, pois, apesar de o sistema fotovoltaico ter o retorno garantido e ser um investimento com rentabilidade muito superior a qualquer fundo de rendimento fixo, o valor do investimento inicial acaba inibindo a demanda de pessoas físicas e pequenas empresas. "Na verdade, quando o cliente faz as contas na ponta do lápis, ele descobre que o investimento é ainda muito vantajoso, com linhas de crédito e a 'conta de luz' mais alta", comenta.
 
Juros mais baixos
 
Recentemente, o Santander anunciou uma oferta de crédito para financiar equipamentos de energia solar no Brasil para estimular o aumento de fontes renováveis. Serão desembolsados R$ 1,8 bilhão em créditos para a geração de energia fotovoltaica até 2021, o que representa um crescimento de 11% para 16% na participação da organização no total de unidades geradoras de energia solar instaladas no Brasil para os próximos três anos.
 
A partir desta linha de crédito, o banco passa a oferecer financiamento direto nas agências para pessoas físicas, jurídicas e produtores rurais, e não mais apenas na financeira interna da instituição. As taxas vão de 0,99% a 1,08%, dependendo da quantidade de parcelas acordadas, valores que mudam para o produtor rural, que pode financiar a 1,12% ao mês semestral ou anualmente, de acordo com o ano safra. Segundo o banco, as taxas aplicadas são menores que as praticadas atualmente, de 1,69% ao mês.
 
Ao longo dos últimos três anos, o Santander dobrou o número de sistemas fotovoltaicos financiados anualmente e a previsão indicada é de que o ritmo cresça mais veloz a partir desse segundo semestre de 2018.
 
Vantagens
 
Koeke explica que, após a instalação, o gasto com a conta de energia pode baixar em mais de 90%, e quem tem acesso a crédito pode pagar as parcelas do financiamento com o valor economizado. "Na prática, o que você gasta na conta, passa a ser investido no sistema fotovoltaico, que ainda valoriza o imóvel". A energia solar responde pela maioria dos sistemas de microgeração distribuída, em que o cliente da distribuidora de eletricidade produz parte da energia que consome, ganhando desconto na conta de luz. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que a energia solar corresponde a apenas 0,7% da matriz elétrica nacional, mas pode ter um salto no número de instalações de 57 mil, em 2018, para 276 mil até 2021.


 
Os dados do setor foram disponibilizados durante a 5ª Feira e Congresso Intersolar South America, a principal plataforma de promoção das tecnologias solares na América do Sul. O evento foi realizado em São Paulo, de 28 a 30 de agosto, contou com mais de 12 mil visitantes de 47 países. Cerca de 220 expositores internacionais apresentaram as últimas novidades do setor a especialistas, investidores e planejadores.
 
Box 1: Conta de energia ficou 90% mais baixa
 
Quando ficou sabendo das condições oferecidas no sistema financeiro, o empresário Idenilson Moiamaz, de Birigui, decidiu instalar 16 placas fotovoltaicas em sua casa. O investimento foi de R$ 38 mil. O financiamento foi feito na Credicitrus, com taxa de juro de 1,90%, que depois caiu para 0,90%, fato que levou o empresário a quitar o financiamento antes dos 60 meses previstos no contrato.
 
Moiamaz está satisfeito e destaca que a conta de energia ficou 90% mais barata. "Hoje, na minha casa, a conta de água e esgoto é mais cara do que a de energia. Nos meses de inverno exporto a energia excedente gerada na minha residência para a rede e, no período de calor, a distribuidora devolve essa energia como crédito na conta de luz", explica. O empresário ressalta que, além da economia gerada na conta de energia, optou pela instalação das placas fotovoltaicas porque gosta de "inovações tecnológicas e acredita que é essencial investir em projetos que contribuem para tornar o mundo mais sustentável".
 
Box 2: Recursos do Fundo Clima são geridos pelo BNDES
 
O Fundo Clima é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que define o seu orçamento, e os empréstimos com esses recursos são geridos pelo BNDES. Os valores destinados ao programa são compostos por sobras do orçamento de anos anteriores. Agora, o BNDES negocia a liberação de R$ 208 milhões do orçamento deste ano. As negociações com o MMA estão avançadas e os novos recursos poderão estar disponíveis antes do fim do ano. As condições seguem as mesmas anunciadas em junho, com taxa de juros final, já incluindo a remuneração do agente repassador, de 4,03% a 4,55% ao ano, carência de 3 a 24 meses e prazo total de 12 anos.
 
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