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22/06/2024 às 07h20min - Atualizada em 22/06/2024 às 07h20min

Com pedras, tijolos e madeira, adolescentes atacam e matam cachorro tutelado por cadeirante em Presidente Prudente (SP)

G1
Foto: Priscila Pereira
Um cachorro da raça pinscher morreu depois de ter sido atacado por cerca de cinco adolescentes no Residencial Cremonezi, em Presidente Prudente (SP). O caso foi registrado pela Polícia Civil como maus-tratos e está em investigação.

A tutora do animal, Priscila Pereira, disse que é advogada e cadeirante e saiu de casa para passear no dia 10 de junho com os seus dois cachorros, Menina e Moleque, até a residência de sua mãe.

No trajeto, que fica a cerca de 250 metros de distância, Moleque, de pequeno porte, escapou após se assustar com o barulho de uma motocicleta que passava pela rua.

Como era de costume, quando se soltava, o cachorro voltava para a casa de Priscila e esperava na frente do portão até a chegada da tutora. Portanto, ela decidiu continuar o trajeto e levar Menina até a casa da mãe, pois a cachorra é idosa e estava doente.

Ao refazer o caminho para encontrar Moleque, Priscila o viu com diversos ferimentos.

“Quando eu estava voltando, saí da minha mãe, eu já encontrei com ele chegando lá [em casa] se arrastando, todo machucado. Naquele momento, minha preocupação foi salvar ele, chamar veterinário, não ir atrás do que tinha acontecido”, disse.

Moleque estava com diversos ferimentos nas costas e com o intestino para fora do corpo. A advogada o levou até um veterinário, que o atendeu. Porém, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte.

“Eu achei que fosse algum cachorro que tivesse mordido, apenas isso. O veterinário achou estranho os hematomas que ele tinha, o intestino estava para fora”, contou Priscila.

Câmera de monitoramento

Para tentar descobrir o que havia acontecido com Moleque, Priscila acessou as imagens da câmera de monitoramento que possui no quintal da casa em que mora.

No canto superior direito do vídeo, é possível ouvir de quatro a cinco adolescentes gritando. Conforme a tutora do animal, naquele momento, eles atiraram pedras, tijolos, um pedaço de madeira e uma vara contra Moleque.

Após as supostas agressões, o cachorro corre em direção ao portão da casa de Priscila, que está fechado.

No vídeo, também é possível ver um cachorro de médio porte, que late contra Moleque. Pelo barulho, a tutora acredita que o animal também o atacou.

“Eu puxei na câmera e vi o cachorro, cinco meninos com pedaços de pau e tijolos, procurando meu cachorro. E, quando o encontraram, eles foram para cima junto com o cachorro mais bravo, que o atacou. E, nossa, machucou muito. Eu vi nas câmeras que todas as noites esses adolescentes ficam na frente da minha casa. Inclusive, na noite anterior, deu pra ouvi-los ensinando como matar, eles não falam que era um cachorro, mas eram conversas bem pesadas”, contou a tutora de Moleque.

Ela disse não saber o que poderia ter motivado as agressões contra o cão, visto que ele não costumava ficar solto na rua nem atacava os adolescentes, que moram na mesma localidade e sempre ficam brincando em frente à sua casa.

Cão dócil e vítima de maus-tratos

Priscila ainda disse que Moleque era um pinscher de porte pequeno com comportamento dócil. Ela contou que o adotou durante a pandemia, depois que ele apareceu em frente ao escritório em que trabalha.

A advogada acredita que ele já havia sido vítima de maus-tratos antes de adotá-lo, pois tinha muito medo de barulho e de estranhos.

“Ele era bonzinho, as crianças pintavam aqui na frente, ele não latia nem nada. Ele só tinha medo que encostasse nele. Eu não sei se ele era idoso, ele era meio doloridinho, então, ele não gostava muito que estranhos encostassem nele, ele fugia e sempre ia pro meu colo”, disse.
Além de dócil, Moleque também era protetor e até preveniu uma tentativa de roubo na casa de Priscila.
“Teve uma vez em que um ladrão tentou entrar aqui em casa e ele que chamou atenção. De tanto ele latir, o vizinho veio ver”, relembrou.

Pedido de justiça

Após o ocorrido, Priscila registrou na última terça-feira (18) um Boletim de Ocorrência de maus-tratos na Delegacia Participativa da Polícia Civil, em Presidente Prudente.

“A única coisa que eu quero é que seja feita justiça, porque não foi um acidente e ele não estava fazendo algo contra ninguém. Que as pessoas sejam conscientizadas, que tenham conscientização através disso. Não é correto eles [adolescentes] fazerem isso. Não se agride um animal, não colocam um cachorro maior para agredir um animal pequeno, inofensivo”, implorou Priscila.

Agora, ela conta que a casa está vazia sem a companhia constante de Moleque.

“É um amor sem exigir nada em troca. Era um símbolo de lealdade muito importante. É a minha família, éramos eu e eles aqui em casa”, finalizou.

Investigações

A lei federal nº 9.605 tipifica o crime de maus-tratos a animal doméstico no artigo 32. Segundo o parágrafo 1º-A, quando se tratar de cão ou gato, a pena será de dois a cinco anos de reclusão, além de multa e proibição da guarda.

Entretanto, conforme o parágrafo 2º, a pena sofrerá um aumento de um sexto a um terço, se ocorrer a morte do animal.

O delegado responsável pelo caso, Deminis Salvucci, informou que as investigações estão sendo realizadas pelo 3º Distrito Policial (DP), em Presidente Prudente, onde já foi emitida uma ordem de serviço para identificar e qualificar os adolescentes envolvidos.

“Assim que identificada a autoria, [o caso] será encaminhado para o Ministério Público da comarca, porque esses adolescentes podem, eventualmente, responder pelo ato infracional equiparado aos maus-tratos, que é o artigo 32 da lei de crimes ambientais”, ressaltou Salvucci.

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