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14/05/2024 às 19h15min - Atualizada em 14/05/2024 às 19h15min

Do arroz à indústria: grandes empresas param no RS em decorrência de enchentes

Férias coletivas e home office são opções para companhias; estado é responsável por 6,5% do PIB brasileiro

Assessoria de imprensa
Até esta terça-feira (14), 446 municípios foram afetados no Rio Grande do Sul, segundo balanço da Defesa Civil. Isso significa que cerca de 90% do estado foi impactado.

Com isso, mais de 95% dos estabelecimentos industriais gaúchos já foram afetados pelas enchentes, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).

Afim de garantir a segurança de seus colaboradores, grandes empresas do Rio Grande do Sul paralisaram suas operações ou migraram seus funcionários para o home office.

Algumas, como a Gerdau, estão retomando suas atividades. Anteriormente, a siderúrgica informou que havia paralisado as atividades de suas unidades nas cidades de Charqueadas e Sapucaia do Sul.

Em nota, a companhia diz que a volta ainda é parcial, à medida que avalia a garantia dos níveis de segurança necessários para a retomada das atividades. 

Aproveitando a retomada, a companhia disponibilizou espaço e energia para a instalação de uma Estação de Tratamento de Água móvel em sua unidade em Sapucaia do Sul.

Contudo, há empresas que ainda mantém limitações maiores as atividades.

A fábrica da GM — localizada em Gravataí, que produz os veículos Onix Hatch e Onix Plus — está parada e permanecerá com as operações suspensas até o dia 17 de maio, informou a montadora.

Férias coletivas e home office
Algumas companhias optaram por liberar as férias dos trabalhadores nesse momento de paralisação de atividades.

Tradicional marca gaúcha de utensílios domésticos, a Tramontina informou que duas fábricas na cidade Carlos Barbosa seguem paralisadas. Ao todo, 4.000 funcionários destas unidades receberam férias coletivas.

Uma terceira unidade da empresa no município teve 10% do efetivo liberado para férias ou está em regime de trabalho remoto.

Contudo, a companhia reforça que sofre uma maior dificuldade em relação ao sistema logístico, devido ao comprometimento de estradas e vias urbanas, segundo o diretor da companhia, José Paulo Medeiros.

“Estamos enfrentando dificuldades no recebimento de matérias-primas e insumos necessários para a produção. As fábricas Multi e Farroupilha [por exemplo], também começam a enfrentar alguma dificuldade no abastecimento de gases (Hidrogênio e Nitrogênio)”, explicou Medeiros em nota à CNN.

E esse é um problema de duas vias. “Da mesma forma que temos dificuldade em receber insumos destinados à produção, todas as fábricas estão com o desafio de garantir o escoamento das mercadorias”, concluiu.

A Renner também buscou o trabalho remoto como alternativa para os colaboradores dos escritórios de Porto Alegre.

Enquanto isso, as lojas diretamente afetadas foram fechadas no momento, enquanto outras passaram a operar com equipe e horário reduzidos. Até esta terça, a empresa disse que menos de 2% do total de suas unidades estavam fechadas.

“Importante ressaltar que não temos centros de distribuição no estado e que o impacto de fornecimento de produtos vindos da nossa rede de parceiros é imaterial”, afirmou a empresa em nota.
Arroz prejudicado
No setor alimentício, a Camil, marca forte do arroz no Brasil, informou que “apesar das limitações logísticas que se apresentam, estamos mantendo o abastecimento do arroz e do feijão no varejo do estado e das demais regiões do país”.

O Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, responsável por 70% da produção nacional. Muito se especula sobre o impacto que as chuvas podem ter sobre o abastecimento e o preço do alimento no Brasil.

Desde o dia 29 de abril, quando as chuvas se intensificaram no estado, o preço do arroz no atacado já subiu cerca de 4%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Impacto na economia
A atividade econômica do Rio Grande do Sul tem um peso relevante para a economia do país como um todo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado representa cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Já a indústria gaúcha representa 6,6% do total, e os serviços 5,9%. Enquanto isso, a agricultura do estado produz 12,7% do segmento doméstico.

Os dados foram coletados pelo Santander, que estima que o PIB brasileiro pode perder até 0,3 ponto percentual no seu crescimento este ano em decorrência do impacto das chuvas na indústria do RS.

Alguns efeitos já são sentidos fora do estado. A Volkswagen foi a primeira montadora que fica fora do Rio Grande do Sul a anunciar paralisação de suas atividades. Três unidades tiveram suas atividades interrompidas e os funcionários receberam férias coletivas.

O motivo: alguns fornecedores de peças da marca, com fábricas instaladas no estado, estão impossibilitados de produzir neste momento.

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