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04/04/2024 às 15h32min - Atualizada em 04/04/2024 às 15h32min

USP nega recurso da defesa de aluno que teve a matrícula cancelada por não ser considerado pardo

Universidade de São Paulo (USP) negou recurso apresentado pela defesa de Alison dos Santos Rodrigues, de Cerqueira César (SP). Estudante foi aprovado, por meio do Provão Paulista, para medicina.

G1
O jovem de Cerqueira César (SP) foi aprovado pelo Provão Paulista no curso de medicina da USP, mas perdeu a matrícula — Foto: Alison Rodrigues/Arquivo pessoal
A Universidade de São Paulo (USP) negou o recurso apresentado pela defesa de aluno de Cerqueira César (SP) que teve a matrícula cancelada por não ser considerado pardo por banca julgadora.

Após convocação do Tribunal de Justiça (TJ-SP) para justificar a decisão que cancelou a matrícula do estudante Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, que se autodeclara como pardo, a universidade disse que o rapaz não possui o conjunto de características fenotípicas de uma pessoa negra.

Conforme a advogada que representa a família de Alison, Giulliane Jovitta Basseto Fittipald, a universidade informou que o candidato tem pele clara, boca e lábios afilados, cabelos raspados impedindo a identificação, não apresentando o conjunto de características fenotípicas de pessoa negra e, por isso, não pode usufruir de uma das vagas reservadas a pretos, pardos e indígenas.

A advogada disse que também vai se manifestar em relação à posição da USP e aguardar a decisão do juiz.

Saiba mais
Alison foi aprovado na primeira chamada do Provão Paulista no curso de medicina, porém, teve a matrícula cancelada após uma banca julgadora não o considerar como pardo. Ele recebeu a notícia em seu primeiro dia de aula, em 26 de fevereiro. Desde então, ele não acompanha as aulas.

A universidade teve o prazo de cinco dias úteis para apresentar a justificativa do cancelamento da matrícula ao recurso administrativo apresentado pelo Alison ao Conselho de Inclusão e Pertencimento. O processo correu pela 2ª vara da Justiça em Cerqueira César.


Ao g1, Alison contou que sempre se autodeclarou como pessoa parda.

“Tive o desprazer de saber da notícia que eu não fui aprovado, mesmo me identificando formalmente como pardo. E tudo aquilo que aconteceu me deixou sem chão, parece que o mundo acabou porque foi algo muito difícil de conquistar.”
Veja abaixo reportagem da TV TEM:

Estudante de Cerqueira César processa USP após perder vaga por não ser considerado pardo

O que diz a faculdade?
Sobre a intimação, a universidade esclarece que quaisquer ordens judiciais serão cumpridas pela USP e serão apresentadas em juízo todas as informações que explicam e fundamentam o procedimento de heteroidentificação.

A Universidade de São Paulo também declarou que a análise das fotografias é feita através de duas bancas de cinco pessoas e é baseada somente em fatores fenotípicos: a cor da pele morena ou retinta, o nariz de base achatada e larga, os cabelos ondulados, encaracolados ou crespos e se os lábios são grossos.

Caso a foto do candidato não seja aprovada na primeira avaliação, ela é direcionada automaticamente para a outra banca. "Nenhuma banca sabe se a foto está sendo analisada pela primeira ou segunda vez, o que garante uma dupla análise cega das fotografias", afirma a USP em nota.

Ainda de acordo com a instituição, se as duas bancas não aprovarem a foto por maioria simples, o candidato é automaticamente chamado para uma oitiva presencial.

"Em relação ao caso específico do estudante Alison dos Santos Rodrigues, a deliberação final se deu na última sexta-feira [23 de fevereiro] e foi enviada no dia subsequente. Importante frisar que todos os candidatos que estavam com recursos sendo analisados sabiam que a matrícula estava condicionada ao resultado das bancas de heteroidentificação. O que o estudante tinha era uma pré-matrícula condicionada ao resultado do processo de heteroidentificação", finaliza a instituição.

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