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18/03/2024 às 10h46min - Atualizada em 19/03/2024 às 07h49min

Livro aborda ambiguidade de Exu e a relação com a resistência das mulheres no candomblé

A obra, intitulada "Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô", propõe ao leitor um mergulho nas complexidades do orixá e do matriarcado nas tradições afro-brasileiras

SI Comunicação
Editora Aruanda

São Paulo, março de 2024 - Explorando as profundezas e representações das religiões afro-brasileiras, em seu novo livro, a jornalista Claudia Alexandre lança luz sobre um aspecto pouco explorado da cultura religiosa: o orixá Exu. Em "Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô", a também especialista em Ciência da Religião apresenta um debate inovador, questionando as representações femininas de Exu deixadas de lado ao chegarem ao Brasil, sendo essa uma das tentativas de demonizar as tradições de matrizes africanas.

O livro, publicado pela Editora Aruanda/Fundamentos de Axé em 2023, mergulha na dualidade de Exu, figura complexa que, na iorubalândia, é cultuada tanto em sua forma masculina quanto feminina. No entanto, essa dualidade não se popularizou no Brasil, levando a uma masculinização e demonização do orixá ao longo da história. Ao abordar sobre demonização, a leitura também aponta o racismo religioso como uma das opressões sociais que atravessa a ambiguidade do orixá Exu, principalmente quando reivindica o lado feminino do orixá. Algo pouco explorado na literatura sobre a formação dos candomblés de tradição yorubá-nagô, que cultuam Exu-Legba-Legbara-Elegbara. 

Durante sua pesquisa, Claudia Alexandre visitou os terreiros matriarcais de Salvador, onde mulheres lideram, e descobriu tensões em relação a Exu, exigindo negociações sutis para preservar as práticas ancestrais diante da dominação patriarcal. O livro também destaca a importância das mulheres negras na resistência e preservação das tradições afro-brasileiras, revelando fragmentos de violências e resistências presentes na diáspora negra.

Sabe-se que no início havia resistência, por parte de antigas lideranças, em iniciar ‘filhos’ e ‘“filhas”’ deste orixá, ocorrendo muitos casos de troca pelo orixá Ogum, o grande guerreiro dos metais. As justificativas para tal barganha acabavam por reforçar o imaginário demoníaco imposto à divindade. Esses constrangimentos e tensões podem ter levado ao ocultamento e o silenciamento sobre qualquer assunto referente a existência do feminino de Exu, mas acima de tudo atestam outras consequências das opressões da sociedade hegemônica contra práticas negro-africanas no período escravista", disse Claudia. 

Segundo a autora, a obra é essencial para quem deseja compreender as raízes e as tensões de gênero nas tradições afro-brasileiras. Por via de uma narrativa envolvente e informativa, o livro desafia conceitos estabelecidos e amplia o conhecimento sobre esse aspecto fundamental da cultura brasileira.

Claudia Alexandre também possui uma vasta produção sobre sambas e escolas de samba de São Paulo e é autora do livro-dissertação “Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai”, também pela Editora Aruanda/Fundamentos de Axé.

Exu Mulher e o Matriarcado Nagô
Claudia Alexandre; Editora Aruanda
464 páginas; R$55,90

Sobre Claudia Alexandre
Mulher negra, paulistana, sambista e mãe da Rubiah. Claudia Alexandre é jornalista, comunicadora de Rádio e TV. Doutora, Mestre e Especialista em Ciência da Religião (PUC-SP) e atua com interesse na questão de raça, gênero, classe e religiosidades de matrizes africanas, em diálogo com sambas e escolas de samba, onde tem importante atuação. É sacerdotisa umbandista e iniciada com cargo de  Ebomí de Oxum, no candomblé da nação nagô-vodunsi, na cidade de Cachoeira no Reconcavo da Bahia

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