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09/02/2024 às 10h32min - Atualizada em 09/02/2024 às 10h32min

Ucranianas são presas em MG tentando levar ovos de arara-azul-de-lear para o Suriname

Aves nativas estão na lista de espécies ameaçadas de extinção no Brasil

Folha de SP
Estufa apreendida com os ovos da ave nativa do Brasil – Divulgação/PRF
Duas mulheres ucranianas foram presas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) ao tentar sair do Brasil com ovos de arara-azul-de-lear, ave encontrada no Nordeste brasileiro e que estão na lista de espécies ameaçadas de extinção no país.

A suspeita é que os ovos tenham sido retirados de uma área de proteção ambiental na Bahia.

A prisão ocorreu na tarde de sexta-feira (2) e, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as ucranianas já estavam sendo monitoradas pelo órgão e pela Polícia Federal.

Elas foram abordadas no km 409 da BR-116, em Governador Valadares (MG), durante ação conjunta da PRF, Polícia Federal e Ibama.

O carro em que elas estavam seguia de Salvador (BA) para São Paulo. A investigação envolveu equipes de inteligência da PRF de Paulo Afonso (BA) e da Delegacia da PRF em Governador Valadares.

Os policiais encontraram uma estufa dentro de uma bolsa, com seis ovos intactos. Segundo a PRF, as mulheres admitiram que carregavam ovos de aves silvestres nativas do Brasil e que os levariam ilegalmente para o Suriname, onde seriam vendidos.

Também segundo a polícia, uma das mulheres quebrou cinco ovos durante o deslocamento para a Polícia Judiciária Federal, onde foi registrado o flagrante. Apenas um ovo continuou intacto.

Em julho do ano passado, 29 araras-azuis-de-lear e sete micos-leões-dourados foram apreendidos no Suriname, o que provocou uma ação integrada dos ministérios do Meio Ambiente, Justiça e Segurança Pública e Relações Exteriores para a repatriação dos animais nativos da fauna brasileira.

No entanto, parte das aves apreendidas foi roubada antes da repatriação. Cinco araras e os sete micos-leões foram trazidos de volta ao Brasil, após resgate realizado por uma equipe formada por veterinários e policiais federais.

A arara-azul-de-lear, que habita exclusivamente a caatinga do norte da Bahia, pertence ao mesmo gênero da arara-azul-grande, encontrada no pantanal e presente também em trechos do cerrado e da amazônia.

A ave mede cerca de 70 cm e tem uma plumagem de cor azul-esverdeada ou índigo. A pele amarela ao redor dos olhos e do bico é bem maior que na arara-azul-grande.

A espécie ganhou seus nomes —popular e científico (Anodorhynchus leari)— em homenahem ao artista e poeta britânico Edward Lear (1812-1888), que a retratou com base em exemplares de zoológico.

A descrição científica inicial, de autoria de um sobrinho do imperador francês Napoleão Bonaparte, foi feita a partir da ilustração do artista. O habitat do animal, porém, só foi achado em 1978.

A arara-azul-de-lear vive em formações rochosas com paredões de arenito. A espécie nunca constrói ninhos em árvores, apenas no arenito.

O seu principal alimento é o licuri, fruto de uma palmeira que tem coquinhos muito difíceis de quebrar. A espécie é uma das poucas que conseguem chegar ao miolo do licuri, de conteúdo muito gorduroso e nutritivo para as aves.

A perda dos licurizeiros, em razão do desmatamento, é um dos fatores por trás da redução populacional da arara-azul-de-lear no passado. Há ainda o impacto do tráfico de animais e da caça, além da crise climática.

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