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04/09/2023 às 17h09min - Atualizada em 04/09/2023 às 17h09min

Americanas fecham 48 lojas e demitem 18 mil funcionários

Assessoria de imprensa
A Americanas fechou 48 lojas entre junho do ano passado e agosto deste ano de 2023, teve atividades encerradas nos cinco primeiros meses de 2023, segundo informações do Relatório mensal de atividades divulgado pelo Escritório de Advocacia Zveiter e Preserva Ação, administradores judiciais do processo de recuperação da Americanas.

A maior varejista do país entrou em recuperação judicial em janeiro, com uma dívida de R$ 40 bilhões e uma inconsistência contábil posteriormente apurada como uma fraude de igual proporção.

A crise na companhia impactou diretamente a dinâmica de abastecimento dos estoques. A Americanas era conhecida no mercado por esticar ao máximo tempo de pagamento aos fornecedores, por um período duas ou até três vezes maior que a média praticada pelo varejo. Em junho do 2022, esse prazo médio era de 97 dias, tendo alcançado 122 em dezembro.

Após a divulgação da fraude e o início da recuperação judicial, em janeiro, esse prazo tombou de 124 dias para dez já em fevereiro. Em maio, ficou em quatro dias, numa quitação quase à vista. Isso reflete a pressão de empresas fornecedoras, que passaram a exigir pagamento antecipado para fazer a entrega de mercadorias.

Empresa com quase um século de existência está sob crise de R$ 20 bilhões em rombo financeiro

Maior necessidade de financiamento
O prazo de pagamentos aos fornecedores é um dos três fatores considerados para medir o ciclo de caixa da companhia. Os outros dois são os prazos de estoque e de recebimento de clientes. O relatório explica que a redução de prazo dos fornecedores foi “parcialmente compensada” pela melhora nos outros dois quesitos. Com isso, o ciclo de caixa passou de 93 dias, em junho de 2022, para 151 dias em maio último. Em janeiro, havia recuado a 78.

De acordo com o documento, porém, o ciclo financeiro positivo é prejudicial ao caixa da empresa por indicar a necessidade de aporte de recursos como capital de giro. Ou seja, “quanto maior o número de dias, maior será a necessidade de financiamento”.

O fluxo de caixa da Americanas foi de R$ 1,2 bilhão em maio, ou 38% menor que o de junho de 2022.

Eduardo Yamashita, diretor de operações na consultoria Gouvêa Ecosystem, destaca que o varejo tem enfrentado forte pressão financeira e cortado operações, de forma geral. Em uma operação em recuperação, que é o caso da Americanas, esse movimento era esperado:

— Um dos primeiros movimentos para conter resultados negativos no varejo é identificar operações deficitárias, onde o caixa está sangrando, e conter essas operações. Em momentos de bonança, as empresas topam ter pontos deficitários porque faz sentido na estratégia de expansão — diz.
Para Ana Paula Tozzi, diretora da AGR Consultores, a companhia ainda fechará outras lojas ao longo do ano  até dezembro de 2023 meio ao processo de reestruturação:

— Não tem outro jeito. A situação é outra. Pela escala, os executivos da Americanas eram os reis da negociação com os fornecedores. Agora, deixam de ser os ditadores do prazo e passam a um pagamento quase à vista para garantir mercadorias.

Freio em investimento
O endividamento, de outro lado, com a proteção contra cobranças e execuções de obrigações, estacionou. Entre junho e dezembro do ano passado, havia crescido 50,1%, para R$ 19,5 bilhões. Este ano, subiu 5,4%, a R$ 20,6 bilhões, em maio.

Também os investimentos retraíram a R$ 4,7 milhões em maio, ou 95% menos que a média mensal de R$ 143,42 milhões do segundo semestre de 2022. No mês alvo do relatório, o investimento seguiu em sua totalidade para as lojas físicas, com zero aporte no canal digital.

O efeito na clientela também foi registrado. No segundo semestre do ano passado, o número de clientes que comprou ou interagiu com a empresa ao menos uma vez no mês recuou 2,4%, para 49,12 milhões. Este ano, a queda beira 10%, baixando a 44,24 milhões em maio.


Fachada da loja americanas de 1987
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