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15/06/2018 às 10h41min - Atualizada em 15/06/2018 às 10h41min

Cadeia para calar os ativistas: fazendas tentam encobrir maus-tratos a qualquer custo

Nada poderia detê-los naquele momento, nem mesmo a prisão

ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
Ativistas presos em manifestação e resgate de galinhas abusadas | Foto: Divulgação
Que preço vale a pena pagar para salvar animais inocentes que sofrem e morrem silenciosamente em fazendas de produção em escala industrial de ovos?

Qualquer preço. Essa é a resposta que os manifestantes deram à polícia na invasão da fazenda Sun Rise Farms, na Califórnia (EUA), um dos maiores produtores de ovos da região.

Algemas por flores, essa foi a troca que os ativistas que invadiram a fazenda de produção de ovos em Petaluma fizeram ao aceitar o preço a pagar para salvar algumas dessas vidas inocentes. Eles foram presos em seguida sob o cântico de hinos à liberdade.

Um vídeo relata a ação dos ativistas, o resgate das galinhas e a prisão feita pela polícia do estado.

Quarenta ativistas foram presos em uma das maiores manifestações pelo bem-estar animal já realizada, sob acusações de invasão de propriedade privada

Em torno de 500 manifestantes se reuniram por mais de três horas em frente a fazenda na rodovia Liberty Road em Petaluma, Califórnia (EUA).

A propriedade abriga os celeiros de produção de ovos e também os escritórios da Sunrise Farms.

Antes da polícia chegar, dezenas de ativistas entraram na fazenda e levaram cerca de 10 galinhas que estavam doentes ou morrendo, contam os organizadores do grupo Direct Action Everywhere, de Berkeley.

O grupo, também conhecido como DXE, e outras organizações afiliadas se reuniram em Berkeley, uma semana antes da manifestação, para uma “Conferência de Libertação Animal”. O evento, segundo os organizadores, atraiu 1.200 participantes registrados dos EUA e de outros países, incluído em seu site como um evento não especificado, chamado apenas de “Action # 4”.

Os organizadores afirmam que a fazenda de ovos é um exemplo do padrão sistêmico e crimonoso de abuso de animais na Califórnia e que não está sendo abordado nem pelo sistema judiciário e nem pelas agências estaduais e locais de bem-estar animal.

“Quando a lei falha, consumidores e indivíduos têm o direito, e até a obrigação, de revelar o que está acontecendo a portas fechadas”, disse Cassie King, uma das organizadoras presas no dia.

King sustentou com firmeza que a lei da Califórnia permite expressamente aos manifestantes o direito de fornecer ajuda e cuidados a animais doentes e feridos, além de documentar violações das leis de crueldade animal do estado.

Mas Arnie Riebli, sócio da Sunrise Farms, negou que as acusações dos ativistas sobre abuso animal fossem reais. “Sabemos que as alegações que eles estão fazendo são falsas”, disse Riebli.

“Se não forem falsas, eles são grosseiramente exagerados”, alegou ele.

A Direct Action Everywhere participou de uma série de pequenos protestos ou ações em fazendas e instalações de produção perto de Petaluma.

Em 2014, cerca de 30 manifestantes do grupo e da North Bay Animal Advocates protestaram em frente a um matadouro de Petaluma, que havia sido reaberto recentemente pela Marin Sun Farms. Em 2015, o grupo postou um vídeo feito por ativistas que,entraram a noite em uma instalação de produção de ovos em massa de propriedade da Petaluma Farms, uma produtora que abastece a Whole Foods.

Além disso, no último mês de agosto, três manifestantes da Bay Area Animal Save foram presos por suspeita de resistir a policiais nos processadores de aves de Petaluma, na rodovia Lakeville. Os ativistas da DXE também participaram de alguns protestos na mesma instalação, e os membros da Save estavam presentes na Liberty Road, disseram os organizadores.

A polícia atendeu ao meio-dia à denúncia de que ativistas haviam entrado na fazenda na Liberty Road, propriedade de Mike Weber, outro sócio da Sunrise Farms.

Alguns manifestantes entraram na propriedade e resgataram cerca de 10 galinhas da fazenda que possui 100.000 galinhas, disse o Sargento da polícia do Condado de Sonoma. Spencer Crum.

Os ativistas recuaram para o outro lado da estrada, onde cantavam músicas com temas da liberdade e seguravam flores. No entanto, eles deixaram claro que muitos pretendiam retornar à fazenda em nome do bem-estar das aves remanescentes, mesmo que isso significasse prisão.

O que se seguiu foi uma série de negociações que duraram cerca de uma hora. Primeiro, o sargento Dave Thompson e o organizador Wayne Hsiung avaliaram a possibilidade de Hsiung, um polícial e o dono da fazenda, Weber, caminhassem pela fazenda para checar a condição dos animais. Os dois também consideraram permitir que um fotógrafo e alguém com uma câmera, acompanhassem Hsiung.

Em seguida, Hsiung e Weber falaram um com o outro, primeiro com o pessoal das câmera ao lado deles e depois sozinhos perto do escritório da fazenda. Quando os dois homens voltaram para a estrada, Weber disse a Hsiung que não concordaria com a remoção de mais galinhas pelos ativistas.

“Seu pessoal já roubou de mim e agora você ainda está pedindo mais”, disse Weber.

Para um repórter, Weber negou as alegações dos ativistas de que suas galinhas foram negligenciadas ou maltratadas.

“Isso não é verdade”, disse ele.

Enquanto isso, Hsiung, disse a companheiros organizadores que Weber não permitiria fotografias durante a visita à fazenda. Ele voltou para dizer a Thompson que cerca de 40 ativistas pretendiam entrar na propriedade.

Thompson tentou dissuadir esse movimento, sugerindo que os ativistas considerassem o que já haviam conseguido.

“Não vai melhorar em nada o fato das pessoas serem presas”, disse o sargento a Hsiung.

Enquanto dois drones pairavam no alto, uma fila de manifestantes segurando flores cruzou a rua por volta das 15 horas e caminhou até uma fila de mais de uma dúzia de policiais. Os oficiais algemaram os ativistas e os fizeram sentar ao lado de um trailer gigante com a marca Santa Rosa Egg Farms estampada e um logotipo que dizia: “Os ovos não podem ficar mais frescos”. Hsiung estava entre os presos.

Um ônibus da polícia chegou para levar os ativistas presos para a cadeia. Crum avisou que as 40 pessoas seriam fichadas, tirarariam fotografarias, teriam suas impressões digitais tiradas e receberiam uma citação para comparecer ao tribunal.

Crum ainda chamou o episódio de “prisão pacífica”.
Os manifestantes restantes encheram pelo menos sete ônibus grandes quando partiram, ao fim da manifestação.

Um trecho da rodovia Liberty Road, de Centre Road até Rainsville Road, ficou fechado por mais de uma hora enquanto os ativistas estavam sendo presos.

A Direct Action Everywhere apela para a “total libertação animal” e defende o veganismo.

O porta-voz deles, Matt Johnson lembrou que, se as leis anti-crueldade existentes no estado fossem devidamente aplicadas, “a agricultura animal seria essencialmente inexistente na Califórnia”.

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