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24/01/2023 às 11h33min - Atualizada em 24/01/2023 às 11h33min

EUA registram primeiros casos de gonorreia resistente a antibióticos

Cepa de "supergonorreia" já foi observada em países da Ásia-Pacífico e no Reino Unido

CNN
Bactéria Niesseria gonorrhoeae, causadora da gonorreia Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas
Autoridades de saúde pública confirmaram dois casos de gonorreia que parecem ter uma suscetibilidade reduzida a todos os tipos de antibióticos disponíveis para o tratamento. É a primeira vez que cepas de gonorreia resistentes a antibióticos são identificadas nos Estados Unidos.

O aumento da atividade sexual durante a pandemia somado à redução nos exames de saúde de rotina amplificou a disseminação de infecções sexualmente transmissíveis  (ISTs) em todo o mundo.

Essas infecções, incluindo a gonorreia, estão se tornando cada vez mais resistentes aos antibióticos disponíveis para tratá-las, um problema que está se tornando uma terrível ameaça à saúde pública.

Globalmente, infecções resistentes a antibióticos matam aproximadamente 700 mil pessoas a cada ano. Esse número pode subir para 10 milhões de mortes por ano até 2050 se não forem tomadas medidas para impedir a propagação de organismos resistentes.

Especialistas dizem que nunca foi uma questão de “se” essa cepa de gonorreia altamente resistente chegaria aos Estados Unidos, mas “quando”.

“A preocupação é que essa cepa em particular tenha circulado pelo mundo, então era apenas uma questão de tempo até que chegasse aos Estados Unidos”, diz Jeffrey Klausner, professor clínico de saúde pública na Escola Keck de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, de Los Angeles.

“É um lembrete de que a gonorreia está se tornando cada vez mais resistente, cada vez mais difícil de tratar. Não temos novos antibióticos. Não temos novos antibióticos para tratar a gonorreia há anos e realmente precisamos de uma estratégia de tratamento diferente”, disse Klausner, que faz parte do grupo de trabalho do CDC para tratamento de gonorreia.

A gonorreia é sexualmente transmissível e uma das infecções mais comumente diagnosticadas nos EUA. É causada pela bactéria Niesseria gonorrhoeae, que pode infectar as membranas mucosas dos órgãos genitais, reto, garganta e olhos.

As pessoas podem ser infectadas sem apresentar sintomas. Se não for tratada, a infecção pode causar dor pélvica e infertilidade em mulheres e cegueira em recém-nascidos.

Além da suscetibilidade reduzida à ceftriaxona, as cepas de gonorreia identificadas em Massachusetts também mostraram suscetibilidade reduzida à cefixima e azitromicina As cepas se mostraram resistentes à ciprofloxacina, penicilina e tetraciclina, de acordo com um alerta clínico enviado aos médicos pelo Departamento de Saúde Pública de Massachusetts.

O departamento diz que ainda não encontrou nenhuma conexão entre os dois casos.

Em 2021, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, recomendaram administrar uma dose dupla do antibiótico ceftriaxona em um esforço para superar a resistência crescente da bactéria a esse antibiótico. A medida parece ter funcionado nesses casos, mas esse antibiótico é a última linha de defesa contra esta infecção, e especialistas dizem que uma nova abordagem é necessária.

Klausner espera obter a aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência semelhante à Anvisa dos EUA, para um teste que adaptaria o tratamento com antibióticos às suscetibilidades genéticas da cepa específica de gonorreia que está infectando uma pessoa. Isso é chamado de tratamento guiado por resistência, e Klausner diz que funciona para HIV, tuberculose e algumas outras infecções hospitalares, mas nunca foi testado de fato para gonorreia.

Essa cepa de gonorreia já foi observada em países da Ásia-Pacífico e no Reino Unido, mas não nos EUA até então. Um marcador genético comum a esses dois residentes de Massachusetts também foi visto anteriormente em um caso em Nevada, embora essa cepa tenha mantido a sensibilidade a pelo menos uma classe de antibióticos.

Os primeiros sintomas da gonorreia geralmente são dor ao urinar, dor abdominal ou pélvica, aumento do corrimento vaginal ou sangramento entre os períodos, mas muitas infecções são assintomáticas, de acordo com o CDC, tornando os exames de rotina importantes para detectar a infecção.

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