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23/01/2023 às 21h46min - Atualizada em 23/01/2023 às 21h46min

Dentista é indiciado após paciente perder parte do nariz

Vítima fez um procedimento estético que só poderia ser realizado por um médico

Assessoria de imprensa
Procedimento de dentista fez com que vítima perdesse parte do nariz (Arquivo pessoal)
O dentista Igor Leonardo Soares Nascimento foi indiciado por lesão corporal e exercício ilegal da medicina após uma paciente perder parte do nariz. O indiciamento consta da conclusão das investigações da Polícia Civil de São Paulo, abertas uma jovem fazer com ele um procedimento estético, em Aparecida de Goiânia (GO).

A alectomia, cirurgia usada para afinar o nariz, não pode ser realizada por dentistas. Em nota, a Polícia Civil de Goiás afirma que “mesmo não possuindo o conhecimento técnico necessário”, o investigado praticou “lesão corporal gravíssima em paciente durante a realização de procedimento cirúrgico incisivo”.

Na sexta-feira (20), Igor Leonardo foi indiciado. Ele afirma que a necrose no nariz da paciente não foi decorrente da cirurgia, e sim de uma síndrome desenvolvida após uso de medicamentos.

Dentista fez alectomia mesmo sem ter licença; após intervenção no nariz, paciente perdeu parte da membrana nasal. (Foto: Reprodução/Instagram)
O que diz a vítima
A esteticista Elielma Carvalho Braga fez a alectomia em junho de 2020, após ver na internet anúncios do dentista sobre o procedimento. Em um primeiro momento, a cirurgia parecia ter corrido bem, mas nos dias seguintes, ela começou a sentir fortes dores.

“Meu rosto começou a queimar. No outro dia ficou cheio de bolha, como se fosse queimadura”, 

Elielma teve uma necrose no lado direito do nariz e teve que fazer mais de dez cirurgias depois que perdeu parte da pele. O problema resultou em uma série de cicatrizes.

“Eu tenho vergonha, porque a gente faz uma coisa para melhorar um pouco e a pessoa faz isso. Ele destruiu minha autoestima. Eu choro, não é fácil o que eu vivo hoje”, afirmou. Ela tornou o caso público em julho de 2022.

O que apontam as investigações
Apuração mostra que o dentista, mesmo não tendo a formação necessária, fez a cirurgia;

Procedimentos eram feitos de maneira habitual;

Em 2021, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele pelo mesmo crime;

Por conta disso, ele foi indiciado por exercício ilegal da profissão – já que só médicos podem realizar a alectomia;

Ele foi indiciado por lesão corporal devido à lesão gravíssima sofrida pela paciente;

Inquérito contou com documentos dos conselhos, tanto regionais quanto federais, de Odontologia e Medicina;

Contou também com exames das lesões da vítima.
Nota do dentista
"Sou cirurgião dentista há 19 anos. Especialista em implantes dentários, ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, estética bucal, e harmonização facial avançada.

O problema do caso da Elielma foi uma reação que aconteceu após o procedimento que se chama Síndrome de Nicolau, que é um raro agravamento de vasos sanguíneos após o uso de medicamentos injetáveis. Algo muito raro de acontecer e foi devido ao preenchimento realizado no nariz dela e não pela cirurgia como estão falando.

O fato dela ter demorado muito a buscar minha ajuda após o procedimento agravou muito a situação. Quando ela voltou até mim, que foi 3 dias depois, já estava ruim a situação. E, infelizmente, fiquei de mãos atadas e por isso ela sofreu sequelas tão graves.

Sobre a indenização, o que a Justiça determinar eu o farei. Me sensibilizei muitíssimo com o caso da Elielma e jamais desejei algo de ruim, sempre fiz e farei o melhor pelos meus pacientes.

Não foi a cirurgia que gerou o problema da paciente Elielma.

A Síndrome de Nicolau, também conhecida como Embolia Cutis Medicamentosa e Dermatite Livedóide, é uma rara complicação caracterizada por necrose tecidual que ocorre após a injeção de medicamentos que foi o caso dela.

Inclusive a referida paciente teve meu total suporte e apoio nos tratamentos que realizou após este episódio. Me sensibilizei bastante com o problema dela.

Custeei os medicamentos e tratamentos posteriores com outros colegas. Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido.

Infelizmente nós profissionais da área estamos sujeitos a intercorrências que não são da nossa vontade.

Sigo à disposição dela sempre que for preciso. E qualquer que seja a decisão judicial eu mesmo farei o possível para colaborar com ela".
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