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23/12/2022 às 14h26min - Atualizada em 23/12/2022 às 14h26min

Câncer de pele também pode ocorrer no couro cabeludo; entenda

Especialista explicou como identificar os sintomas e qual a melhor forma de proteger a região

Olhar Digital
Foto: Divulgação
Segundo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 33% de todos os tumores malignos registrados no país. O que pouca gente sabe é:

- O couro cabeludo também faz parte dessa conta
- Ela também está exposto a lesões causadas pelo sol
- E até mesmo a tumores. 


A campanha Dezembro Laranja promove a conscientização a respeito dos riscos do câncer de pele, orientando a população a manter hábitos adequados de proteção solar — o que claro, agora você sabe que inclui o couro cabeludo, não apenas no combate ao câncer, mas também a outras doenças de pele como foliculite e dermatite. 

O câncer de pele no couro cabeludo 
Uma das variantes mais graves e temidas, o câncer de pele está associado ao aumento da exposição solar sem proteção durante o verão, que se iniciou oficialmente no Brasil na última quarta-feira (21). O que poucos pacientes sabem é que esse tipo de tumor maligno na região do couro cabeludo pode ser o mais perigoso porque tem mais chances de desenvolver ulcerações e afetar os gânglios linfáticos.

Couro cabeludo, face e nariz são considerados áreas de risco para o desenvolvimento do câncer de pele. 

  

De acordo com estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Carolina do Norte, nos Estados Unidos, os melanomas no couro cabeludo e pescoço podem ser mais agressivos do que aqueles que aparecem em outras áreas do corpo. 

O grupo analisou 50 mil casos e descobriu que os pacientes com câncer de pele nessa área têm o dobro de risco de morrer, quando comparados aos que têm a doença nos braços ou nas pernas. “Essas pessoas são mais propensas a ter câncer que se espalha para o cérebro do que aquelas com melanoma nos braços, nas pernas ou no tronco”, explica Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). 

Segundo o cirurgião oncológico do Centro de Oncologia e Hematologia da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo — Eduardo Bertolli, em entrevista exclusiva ao Olhar Digital, embora o câncer de pele no couro cabeludo seja surpresa para alguns, os métodos de identificação da doença não fogem das avaliações básicas para câncer de pele em outras regiões. 

“A identificação de lesões que podem ser suspeitas de câncer de pele no couro cabeludo segue a mesma recomendação e critério de lesões de pele suspeitas em qualquer outro lugar do corpo. Se a gente pensar no melanoma, que é um dos tipos de câncer de pele, a gente deve suspeitar de pintas que surgem no couro cabeludo e que vão aumentando e se modificando com o tempo, tendo coloração diferente, textura diferente, e sangrando. Já no outro tipo de câncer de pele, o carcinoma, normalmente são lesões mais elevadas, de maneira geral avermelhadas. Algumas podem fazer feridas ou úlceras, e leva bastante tempo até a pessoa perceber que elas não somem”, explicou o médico. 

Assim como a identificação dos sinais, a prevenção também segue a recomendação geral: usar o protetor solar. “O protetor em spray pode ser uma opção, mas às vezes não confere uma proteção muito adequada. O que acaba sendo mais útil para essa região são as formas de proteção mecânica: uso de boné, chapéu, guarda-sol, guarda-chuva, tudo isso acaba sendo importante.” 

“A identificação de lesões que podem ser suspeitas de câncer de pele no couro cabeludo segue a mesma recomendação e critério de lesões de pele suspeitas em qualquer outro lugar do corpo. Se a gente pensar no melanoma, que é um dos tipos de câncer de pele, a gente deve suspeitar de pintas que surgem no couro cabeludo e que vão aumentando e se modificando com o tempo, tendo coloração diferente, textura diferente, e sangrando. Já no outro tipo de câncer de pele, o carcinoma, normalmente são lesões mais elevadas, de maneira geral avermelhadas. Algumas podem fazer feridas ou úlceras, e leva bastante tempo até a pessoa perceber que elas não somem”, explicou o médico. 

Assim como a identificação dos sinais, a prevenção também segue a recomendação geral: usar o protetor solar. “O protetor em spray pode ser uma opção, mas às vezes não confere uma proteção muito adequada. O que acaba sendo mais útil para essa região são as formas de proteção mecânica: uso de boné, chapéu, guarda-sol, guarda-chuva, tudo isso acaba sendo importante.” 


Brasileiros devem ir ao dermatologista uma vez ao ano 
No geral, o câncer de pele não dá sintomas além dos mencionados, seja qual for o local do corpo onde a doença se desenvolva, a avaliação partirá geralmente dos sinais táteis. Por isso, é de extrema importância, principalmente aos brasileiros — sendo o Brasil um país tropical —, que visitem o médico sempre que possível ou que surgir alguma dúvida sobre pintas, nódulos, manchas, etc. 

“É fundamental a avaliação médica, mesmo para pessoas assintomáticas, justamente para poder realizar uma vistoria adequada não apenas do couro cabeludo, mas da pele do corpo todo. Recomenda-se que todo mundo faça ao menos uma avaliação por ano com o dermatologista ou especialista em câncer de pele. Mesmo sem nenhum sintoma, essa avaliação é o ideal”, orientou o oncologista. 

Para pessoas com histórico e fatores de risco para câncer de pele, a visita ao médico pode ser feita até duas vezes ao ano. Já no caso de pessoas com câncer, o tratamento e assiduidade ao consultório fica a critério do especialista, mas tendo um intervalo ainda menor. 

Bronzeamento artificial pode dar câncer de pele? 
Embora não seja um procedimento estético tão novo — foi criado em meados de 1920 por Coco Chanel, estilista e fundadora da marca Chanel — nos últimos anos o bronzeamento artificial sofreu um boom no Brasil, disseminado principalmente pelas celebridades. O processo ocorre a partir de câmaras de bronzeamento que, através da combinação de substâncias, estimula a melanina ou emita a radiação do sol, conferindo à pele um tom bronzeado. 

Contudo, é preciso pensar e medir muito os prós e contras do procedimento estético porque ele pode, sim, contribuir para o desenvolvimento do câncer de pele, além de outros problemas, como envelhecimento precoce da pele e manchas, já que o processo faz com que o tecido perca colágeno e elastina. 

“Pode ocorrer em qualquer lugar do corpo. Hoje, no Brasil, elas [as câmaras] são proibidas, a lei é de 2009, mas a gente sabe que infelizmente ainda existem lugares que fazem isso, e eles estão agindo de forma não legal.” 

Vale destacar que há vários tipos de bronzeamento artificial: o a jato, com produto bronzeador aplicado a partir de um pulverizador; com produtos cosméticos, geralmente cremes ou sprays que garantem o aspecto bronzeado; bronzeamento de fita, que usa fita isolante e se aproveita do sol para o bronze — a prática ganhou força a partir do costume brasileiro de “pegar sol na laje”; e o realizado em câmaras, onde a pessoa se deita por alguns minutos até conquistar a cor desejada — este último, mencionado pelo médico, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sob a resolução RDC 56/09. Além do uso, a importação, o recebimento em doação, aluguel e a comercialização desses equipamentos também não são autorizados. 

Conforme estudo da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde, a prática do bronzeamento artificial aumenta em 75% o risco do desenvolvimento de melanoma em pessoas que se submetem ao procedimento até os 35 anos de idade. A resolução da Anvisa também afirma que não existem benefícios que se contraponham aos riscos decorrentes do uso estético das câmaras de bronzeamento. 

No caso do bronzeamento a jato, o problema está na combinação das substâncias, conformou explicou o especialista. “[pode ocorrer que] nem todas as substâncias foram testadas ou avaliadas quanto a segurança, ou a capacidade de gerar um câncer de pele. Então, de maneira geral, é praticamente impossível ter esse controle. A recomendação é que não se faça, ou no máximo, caso a pessoa tenha acesso ao o que será utilizado nessa sessão, consulte um dermatologista para ver se é seguro. Mas, diferente das câmaras, sobre isso não existe nenhuma legislação.”

O bronzeamento de fita com exposição direta ao sol, claro, também pode colocar a pele em risco.

Câncer de pele tem cura? 
Sim, contudo, assim como os outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce faz toda a diferença para um tratamento efetivo e porcentagem de cura.  

“Seja ele no couro cabeludo, seja em qualquer outro lugar do corpo, tem cura. Mas, como tudo em oncologia, quanto mais precoce for o diagnóstico, não só a chance de cura aumenta como também isso resulta em tratamentos mais simples. O procedimento de baixa complexidade pode ser suficiente para curar uma pessoa, mas quando você já tem lesões mais avançadas, extensas, ou um câncer de pele com metástase, como no melanoma, esse tratamento pode não ser realizado exclusivamente com cirurgia, necessitando de radioterapia e medicações. São situações mais graves, mas ainda assim passíveis de controle, na qual voltamos àquele ponto sobre a importância de avaliações periódicas com especialistas”, finalizou o Dr. Bertolli.  

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