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04/06/2018 às 16h12min - Atualizada em 04/06/2018 às 16h12min

Cigarro pode matar cães e gatos

O hábito de fumar traz uma longa lista de malefícios: impotência sexual, doenças respiratórias e, em última instância, a morte.

ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
Foto: Vinícios Santa Rosa
O hábito de fumar traz uma longa lista de malefícios: impotência sexual, doenças respiratórias e, em última instância, a morte. A fumaça dos cigarros, no entanto, não apenas faz mal aos seres humanos: os animais também podem sofrer diversas mazelas – chegando a desenvolver câncer de pulmão e narina por conta do vício dos donos.

O alerta foi feito pela Food and Drugs Administration (FDA) – órgão de fiscalização sanitária dos Estados Unidos. Pesquisa realizada pela instituição aponta que os animais de estimação cuidados por donos fumantes podem desenvolver câncer com mais facilidade. O perigo, inclusive, vai muito além da fumaça. Os resíduos de tabaco se concentram em roupas, móveis, carpetes e até nos pelos de cães e gatos. Esse material é ingerido pelos animais por meio das lambidas.



A questão é, sobretudo, sensível no Brasil. Dados recentes apontam que, hoje, 18,2 milhões de brasileiros fumam regularmente. E, ao mesmo tempo, 62% dos domicílios do país possuem ao menos um cachorro ou um gato, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os riscos da combinação entre cigarro e animais domésticos mudaram os hábitos da dentista Beatriz Galvão, 46 anos. Tutora de quatro gatos – Darth, Toy, Jade e Talita – e fumante, ela decidiu não mais pitar dentro de casa e preservar a saúde dos bichinhos.

Apesar da precaução, o gatinho Toy sofreu com asma – doença respiratória agravada pelo cigarro. Professor de clínica médica de pequenos animais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rubens Antônio Carneiro explica que os bichos de estimação podem se tornar fumantes passivos e desenvolver problemas.



“Existem hipóteses em que o cigarro pode causar câncer nos animais. No entanto, essa doença é multifatorial e o tabaco atua como mais um agravante, principalmente em animais com histórico de problemas respiratórios, como pneumonia ou fibrose pulmonar”, destaca o especialista.

Câncer na cavidade nasal

O estudo da FDA indica que o cigarro tem causado câncer nas cavidades nasais dos animais – pois, segundo a agência norte-americana, o nariz funciona como um grande filtro e retém resíduos de tabaco.

Stefani Souza, especialista em oncologia veterinária, relata que os cães com focinhos mais alongados – por exemplo, pastor alemão e yorkshire – são os mais predispostos a desenvolver a doença. “Isso acontece devido à capacidade de filtrar uma quantidade maior de poluentes. No entanto, qualquer animal doméstico exposto cronicamente à fumaça está suscetível a desenvolver o câncer”, conclui a profissional.



Felinos que convivem com fumantes, de acordo com dados estatísticos apresentados pela FDA, têm três vezes mais chances de desenvolver linfoma felino – câncer no sistema linfático.

Tratamento caro

Assim como em humanos, o diagnóstico precoce é decisivo para aumentar as chances de cura. Os sintomas mais comuns são sangramento nasal, respiração obstruída, falta de apetite, dificuldades para dormir, deformidades na face e respiração pela boca.



“Os exames de rotina nos animais devem ser realizados regularmente, mesmo sem apresentar nenhum sintoma. A maioria do casos oncológicos é silenciosa e, por meio desse hábito, podemos ter diagnósticos mais precoces e um sucesso maior na recuperação”, alerta Stefani.

Os tratamentos variam de acordo com a complexidade de cada caso ou estágio da doença. A boa notícia é que procedimentos cirúrgicos e sessões de quimioterapia podem curar a enfermidade. No entanto, o custo é bastante alto: chegando a até R$ 7 mil.


Beatriz Galvão e o gatinho Toy, que já sofreu com asma | Foto: Vinícios Santa Rosa




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