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22/05/2018 às 11h38min - Atualizada em 22/05/2018 às 11h38min

O primeiro asteroide imigrante

Corpo celeste capturado de outro sistema estelar pode dar pistas para formação de planetas

Assessoria de Imprensa
Pesquisa foi desenvolvida por pesquisadora do IGCE, em Rio Claro
Um estudo recente descobriu o primeiro imigrante permanente do nosso Sistema Solar. O asteróide, atualmente integrando a órbita do planeta Júpiter, é o primeiro que se tem notícia a ser capturado de outro sistema estelar para o nosso. A constatação pode colaborar a resolver dúvidas existentes sobre a formação dos planetas ou a origem da própria vida.

A descoberta é fruto de uma pesquisa desenvolvida por Helena Morais, docente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) de Rio Claro, em parceria com Fathi Namouni, do Observatoire de la Côte d’Azur, na França. O artigo foi publicado na prestigiada Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, na sessão MNRAS Letters, espaço dedicado a notícias urgentes e importantes no campo da astronomia.

Todos os planetas do nosso Sistema Solar - e a grande maioria dos outros objetos - viajam ao redor do Sol na mesma direção. No entanto, o 2015 BZ509 é diferente: ele se move na direção oposta, o que é conhecido como uma órbita "retrógrada".

“A forma como este asteróide passou a se mover desde que compartilhou a órbita de Júpiter tem sido, até agora, um mistério", explica a professora Fathi Namouni. “Se o 2015 BZ509 fosse um nativo de nosso sistema, deveria ter a mesma direção original de todos os outros planetas e asteróides, herdados da nuvem de gás e poeira que os formou”.

No entanto, a equipe realizou simulações para traçar a localização do 2015 BZ509 até o nascimento do nosso Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. As simulações apontam que o 2015 BZ509 sempre se moveu desta forma e que, portanto, não poderia ter estado no nascimento do Sistema Solar. O asteróide deve ter sido capturado de outro sistema.

“A imigração de asteróides de outros sistemas estelares ocorre porque o Sol inicialmente se formou em um aglomerado estelar, onde cada estrela tinha seu próprio sistema de planetas e asteróides”, comenta a professora Helena Morais, docente do Departamento de Estatística, Matemática Aplicada e Computação do IGCE. “A proximidade das estrelas, ajudada pelas forças gravitacionais dos planetas, ajuda esses sistemas a atrair, remover e capturar asteróides uns dos outros”.

A descoberta do primeiro imigrante asteróide permanente no Sistema Solar tem implicações importantes para os problemas em aberto da formação do planeta, a evolução do sistema solar e, possivelmente, a origem da própria vida.

Entender exatamente quando e como o 2015 BZ509 se estabeleceu no Sistema Solar fornece pistas sobre o berçário estelar original do Sol e sobre o potencial enriquecimento de nosso ambiente inicial com componentes necessários para o surgimento da vida na Terra.


 
Artigo completo:
NAMOUNI, F. e MORAIS, H. An Interstellar Origin for Jupiter’s Retrograde Co-Orbital Asteroid. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 21 mai. 2018.

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