Pesquisa foi desenvolvida por pesquisadora do IGCE, em Rio Claro Um estudo recente descobriu o primeiro imigrante permanente do nosso Sistema Solar. O asteróide, atualmente integrando a órbita do planeta Júpiter, é o primeiro que se tem notícia a ser capturado de outro sistema estelar para o nosso. A constatação pode colaborar a resolver dúvidas existentes sobre a formação dos planetas ou a origem da própria vida.
A descoberta é fruto de uma pesquisa desenvolvida por Helena Morais, docente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) de Rio Claro, em parceria com Fathi Namouni, do Observatoire de la Côte d’Azur, na França. O artigo foi publicado na prestigiada Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, na sessão MNRAS Letters, espaço dedicado a notícias urgentes e importantes no campo da astronomia.
Todos os planetas do nosso Sistema Solar - e a grande maioria dos outros objetos - viajam ao redor do Sol na mesma direção. No entanto, o 2015 BZ509 é diferente: ele se move na direção oposta, o que é conhecido como uma órbita "
retrógrada".
“A forma como este asteróide passou a se mover desde que compartilhou a órbita de Júpiter tem sido, até agora, um mistério", explica a professora Fathi Namouni.
“Se o 2015 BZ509 fosse um nativo de nosso sistema, deveria ter a mesma direção original de todos os outros planetas e asteróides, herdados da nuvem de gás e poeira que os formou”. No entanto, a equipe realizou simulações para traçar a localização do 2015 BZ509 até o nascimento do nosso Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. As simulações apontam que o 2015 BZ509 sempre se moveu desta forma e que, portanto, não poderia ter estado no nascimento do Sistema Solar. O asteróide deve ter sido capturado de outro sistema.
“A imigração de asteróides de outros sistemas estelares ocorre porque o Sol inicialmente se formou em um aglomerado estelar, onde cada estrela tinha seu próprio sistema de planetas e asteróides”, comenta a professora Helena Morais, docente do Departamento de Estatística, Matemática Aplicada e Computação do IGCE.
“A proximidade das estrelas, ajudada pelas forças gravitacionais dos planetas, ajuda esses sistemas a atrair, remover e capturar asteróides uns dos outros”. A descoberta do primeiro imigrante asteróide permanente no Sistema Solar tem implicações importantes para os problemas em aberto da formação do planeta, a evolução do sistema solar e, possivelmente, a origem da própria vida.
Entender exatamente quando e como o 2015 BZ509 se estabeleceu no Sistema Solar fornece pistas sobre o berçário estelar original do Sol e sobre o potencial enriquecimento de nosso ambiente inicial com componentes necessários para o surgimento da vida na Terra.
Artigo completo:
NAMOUNI, F. e MORAIS, H. An Interstellar Origin for Jupiter’s Retrograde Co-Orbital Asteroid. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 21 mai. 2018.