Pesquisadores do departamento de Saúde do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, identificaram que a taxa de proteção da vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 é reduzida com o passar do tempo, principalmente para casos sintomáticos da infecção, em crianças e adolescentes. Proteção contra hospitalizações ainda é significativa para a maior parte do grupo, mas dados preliminares apontam para importância da terceira dose.
Publicado na plataforma MedRxiv, o preprint — estudo que ainda não passou por revisão de pares — observou as taxas de proteção da vacina da Pfizer em 365 crianças de 5 a 11 anos e em cerca de 850 adolescentes de 12 a 17 anos, durante os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Neste período, a variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2 era predominante no estado norte-americano.
"Na era da Ômicron, a eficácia da BNT162b2 [nome oficial da vacina da Pfizer] contra casos da covid-19 diminuiu rapidamente para crianças, particularmente aquelas de 5 a 11 anos. No entanto, a vacinação de crianças de 5 a 11 anos foi protetora contra doença grave e é recomendada", afirmam os autores do estudo.
"Esses resultados destacam a potencial necessidade de estudar a dosagem alternativa de vacinas para crianças e a importância contínua das proteções em camadas, incluindo o uso de máscaras, para prevenir a infecção e a transmissão", completam os pesquisadores.
Estudo sobre a vacina da covid em crianças No estudo norte-americano, foi observada a eficácia da vacina da Pfizer contra a variante Ômicron em crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos. Na pesquisa, os voluntários receberam duas doses do imunizante contra a covid-19. Os dados apontam para a rápida perda de proteção do imunizante no atual esquema vacinal.
Por exemplo, a eficácia da vacina contra a infecção — para casos leves e sintomáticos — entre crianças de 5 a 11 anos caiu de 68% para 12% entre os meses de dezembro e janeiro. Para os adolescentes de 12 e 17 anos, a proteção foi de 66% para 51% no final de janeiro.
"A VE [eficácia estimada da vacina] contra hospitalização diminuiu de 85% para 73% para crianças de 12 a 17 anos e de 100% a 48% para aqueles 5 a 11 anos", detalham os autores do estudo. No entanto, é preciso observar que o número de crianças incluídas no estudo é significativamente menor que as das outras faixas etárias.
Interpretando os resultados Após as semanas de pico de proteção, "
não é surpreendente que a proteção contra doenças leves diminuiria", explicou Paul Offit, especialista em doenças infecciosas pediátricas do Hospital Infantil da Filadélfia, para a CBC. Além disso, Offit destaca que a maioria das vacinas apresenta uma menor eficácia contra a Ômicron, já que a variante possui significativas mutações na proteína spike (S) e existe o maior risco de escape imunulógico.
Outro ponto levantado pelo especialista é o baixo número de voluntários incluídos e o ainda menor número de internações em decorrência da covid-19 registrados pelo estudo.
Três doses?
Terceira dose da vacina pode ser necessária para proteger crianças contra a Ômicron (Imagem: Reprodução/WildMediaSK/Envato)
Para entender os possíveis motivos que desencadearam o menor efeito protetor da vacina, principalmente em crianças de 5 a 11 anos, é necessário considerar três fatores: a dosagem da vacina pediátrica da Pfizer; a possível importância da terceira dose; e a formulação da vacina.
Na vacinação contra a covid-19, as crianças recebem uma dose menor do imunizante que a versão usada em adolescentes de 12 a 17 anos e em adultos. Na atual concentração, o efeito protetor pode ser reduzido, ainda mais para variantes de Preocupação (VOC), como a Ômicron.
Estudos da Pfizer em adultos já apontaram que a proteção contra a Ômicron é turbinada com a terceira dose do imunizante, incluindo casos leves, moderados e graves. Pesquisas da farmacêutica apontam para o fato de que apenas duas doses podem ser insuficientes para a proteção contra esta variante.
Todas as questões envolvendo a menor proteção da vacina da Pfizer também estão relacionadas com a formulação do imunizante. Isso porque a atual versão ainda é desenvolvida a partir da cepa original do coronavírus, descoberta em Wuhan, na China, no final de 2019. Diante do atual número de mutações, cientistas investigam a necessidade de novas formulações.