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09/05/2018 às 11h52min - Atualizada em 09/05/2018 às 11h52min

‘Ela salvou minha vida’, diz homem que superou depressão com ajuda de cadela

A cadela Dolores foi morar com Gabriel Matos quando ele estava depressivo e o ajudou a voltar a ter ânimo para viver.

ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais
Gabriel e Dolores (Foto: Gabriel Matos/ Arquivo pessoal)
O ator e funcionário público Gabriel Matos, de 40 anos, foi diagnosticado, há 10 anos, com depressão e quem o ajudou a superar a doença foi a cadela Dolores. Gabriel é natural de Alagoinhas, na Bahia, mas se mudou para Salvador em 2007, para trabalhar como servidor público e estudar Direito na Universidade Federal da Bahia. Um ano depois, desenvolveu depressão.

“O ritmo de vida na capital é diferente do interior, assim como as relações entre as pessoas. Em Alagoinhas, eu estava com minha família e meus amigos o tempo todo, mas de repente me vi sozinho. Acredito que isso tenha desencadeado a doença”, diz.

De acordo com o ator, os dois primeiros anos da doença foram os piores. Afastado do trabalho e com o curso trancado na universidade, ele se alimentava mal e passava a maior parte do tempo na cama, sem forças para levantar. Na época, Gabriel recebia o apoio de poucos amigos e familiares, como a irmã dele.

“Eu não queria comentar com as pessoas, pois sentia vergonha, medo. E também porque não queria deixá-las preocupadas. Quando estava com elas, fingia que estava tudo bem. Depois me recolhia novamente”, conta.

Entre os amigos que acompanhavam Gabriel no período em que esteve depressivo, está o advogado Rafaeel Ferraz. O colega de faculdade, na intenção de ajudar, deu a Gabriel a cadela Dolores, apelidada de Dolly, da raça shitzu, após descobrir que o carinho entre o tutor e o animal e o senso de responsabilidade necessário para cuidar de um cachorro podem ajudar uma pessoa a superar a depressão.

“Foi exatamente isso o que aconteceu comigo. Eu precisei deixar meus problemas para cuidar dela”, afirma Gabriel, que lembra ter, finalmente, encontrado forças para sair da cama com mais frequência ao precisar dar alimento e água à cadela e ter feito a barba e cortado o cabelo, após cinco meses sem cuidar de si, quando teve que levar Dolly ao veterinário.


Os sócios Gabriel e Rafaeel (Foto: Gabriel Matos/ Arquivo pessoal)

“É inexplicável a mudança que ela me trouxe. Apesar de não cuidar de mim, eu queria cuidar de Dolly. Foi amor à primeira vista”, diz. Aos poucos, Gabriel passou a sair de casa para passear com a cadela, o que fazia com que ele conhecesse pessoas na rua e evoluísse em relação ao combate à doença. As informações são do portal G1.

“Puxavam conversa por causa dela, até meus vizinhos. Quando vi, já estava próximo de gente que também tem cachorros, conseguia socializar, estava voltando a cuidar de mim mesmo”, explica.

Após dois anos cuidando da cadela, ele conseguiu voltar ao trabalho e, no ano passado, concluiu o curso de Direito. Gabriel esteve em tratamento para a depressão durante seis anos e atualmente realiza acompanhamento médico.

“Devo minha recuperação e minha sobrevivência à Dolly, pois eu não tinha mais motivação para viver. Ela salvou a minha vida, me salvou de mim mesmo”, conta.

O servidor público conta que sempre gostou de animais e que resgatava animais das ruas quando era criança, em Alagoinhas. A amizade com Dolly, entretanto, foi diferente, de acordo com o rapaz que agora é tutor também de Lunna, filha de Dolores.

Negócio próprio
Após Dolly cair de cima de um balcão em uma pet shop e, também, devido à vontade de abrir um negócio próprio, Gabriel e o amigo Rafaeel decidiram abrir a loja “Meu Bixim e Eu”, que atende cachorros, gatos e animais silvestres no bairro da Pituba, em Salvador.

“Meus pais são comerciantes, mas quem tem talento para administração e finanças é meu sócio. Foi ele que trouxe essa ideia”, afirma Gabriel, que usou o dinheiro da venda de um apartamento no negócio. “Pensávamos em algo relacionado à comida ou a animais porque é o que gostamos. Porém, as coisas ligadas à alimentação são mais burocráticas, daí escolhemos a outra opção”, explica.

Quanto ao acidente em um pet shop que, inclusive, deixou Dolores sem andar por um tempo, Gabriel afirma que conheceu “outras pessoas que enfrentaram problemas diversos nesses locais” e, por isso, concluiu que “esse seria um bom nicho, investindo em segurança, qualidade e conforto”.

Os sócios, entretanto, não tinham interesse em abrir uma pet shop comum, como outras que já existem na cidade e, em uma viagem à Europa para pesquisa de referências e novidades do setor, descobriram o conceito de “pet store” – locais que oferecem não só serviços de banho e tosa, consultas veterinárias e medicamentos, mas também itens diferenciados e espaços de convivência para tutores de animais – e decidiram aplicá-lo na loja, que foi inaugurada há um ano meio.



Na “Meu Bixim e Eu”, o tutor pode beber champagne e descansar em uma cadeira de massagem enquanto espera pelo fim dos serviços oferecidos aos animais, que podem também receber mimos como selagem e tintura dos pelos, petiscos saudáveis à base de linhaça e outros.

Logo que a loja foi aberta, entretanto, os sócios não tiveram o retorno esperado. “Eu e Rafaeel sofremos um baque. A clientela demorou para entender nossa proposta, mas depois que entendeu, o retorno foi incrível”, conta. “Durante a semana a gente atende em média 10 animais diariamente, mas nas sextas e nos sábados esse número é quatro vezes maior. Se tivéssemos mais gente trabalhando e mais espaço, teríamos demanda”, completa.

O sucesso foi tanto que a pet shop que iniciou com três funcionários, hoje tem cinco, e até julho outra unidade será aberta no bairro do Rio Vermelho. No local, além dos serviços já oferecidos pela matriz, haverá um deck com café. A loja, entretanto, ainda não garante lucro aos empresários. “O negócio se banca e o que sobra é usado para reinvestir. Temos nossas profissões, porém, nunca precisamos tirar dos nossos salários para o pet shop, então já estamos satisfeitos”, conclui.


 
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