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16/08/2021 às 12h00min - Atualizada em 16/08/2021 às 12h00min

Em 36 anos, Brasil teve quase 20% de seu território queimado, diz levantamento

Mapeamento mostra que entre 1985 e 2020, Brasil queimou uma área de 1,67 milhão de km²; Cerrado e Amazônia representam 85% da área queimada

CNN
Fumaça e chamas de queimada no Pantanal, em Poconé, no Mato Grosso Foto: Amanda Perobelli - 03.set.2020 / Reuters
Entre 1985 e 2020, o Brasil queimou uma área de 1,67 milhão de km² ou 19,6% do Brasil, dado equivalente a um território maior do que a Inglaterra por ano. Dentro de toda essa área queimada, 65% foi de vegetação nativa, com os estados de Mato Grosso, Pará e Tocantins como os com maior ocorrência de fogo. Os dados são de um levantamento inédito feito do Projeto MapBiomas, feito após analisar imagens de satélite, e divulgado nesta segunda-feira (16).
Embora os grandes picos de área queimada no Brasil tenham ocorrido principalmente em anos de seca extrema (1987, 1988, 1993, 1998, 1999, 2007, 2010, 2017), altas taxas de desmatamento principalmente antes de 2005 e depois de 2019 tiveram um grande impacto no aumento da área queimada nesses períodos. A estação seca, entre julho e outubro, concentra 83% das queimadas e incêndios no país, aponta o levantamento. 

Pantanal é região mais atingida
Cerrado e Amazônia representam 85% da área queimada nesses últimos 36 anos e, entre os cinco biomas brasileiros, o Pantanal foi o mais atingido, com 57% de seu território queimado pelo menos uma vez entre 1985 e 2020.  A vegetação campestre é a mais afetada no bioma, durante os períodos úmidos as plantas acumulam biomassa e no período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo, segundo o levantamento. 

O Pantanal tem uma vegetação adaptada ao fogo, no entanto, a alta frequência pode torná-lo prejudicial à biodiversidade de fauna e flora. “Questões relativas ao uso do fogo devem ser integradas às condições de uso das pastagens, de forma preventiva, controlada e seguindo os ciclos do Pantanal e condições meteorológicas adequadas, com o objetivo de proteger o bioma”, afirmou o coordenador do MapBiomas Pantanal, Eduardo Reis Rosa. 

"A Amazônia não é um bioma do qual o fogo faz parte da dinâmica natural do ecossistema, diferente do Cerrado onde o fogo natural faz parte de sua dinâmica evolutiva.”, destaca a pesquisadora Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo. 

Queimadas feitas ocasionalmente, como forma de manejo, também estão atreladas aos incêndios em grandes extensões, segundo o levantamento.

“Essas características do bioma, associadas a eventos climáticos de seca e fortes ventos, torna o fogo um problema a ser controlado. Questões relativas ao uso do fogo como forma de manejo, em condições inadequadas, podem levar a ocorrência de incêndios descontrolados por extensas áreas”, alerta Rosa. 

Mapeamento usou da inteligência artificial
O mapeamento é inédito e revela todo pedaço de território brasileiro nos últimos 36 anos que sofreu com o fogo. Para Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, “sabendo onde foi queimado é possível entender a dinâmica do fogo e quais as áreas que estão mais vulneráveis no futuro. Assim, o mapeamento é fundamental para entender a frequência, intensidade do fogo, para o planejamento do combate e apontar áreas de maior risco”. 

"A Amazônia não é um bioma do qual o fogo faz parte da dinâmica natural do ecossistema, diferente do Cerrado onde o fogo natural faz parte de sua dinâmica evolutiva.”, destaca a pesquisadora. 

 Para chegar a esses números, a equipe do MapBiomas processou mais de 150 mil imagens geradas pelos satélites Landsat 5, 7 e 8 de 1985 a 2020. Com a ajuda de inteligência artificial, foi analisada a área queimada em cada pixel de 30m X 30m dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro ao longo dos 36 anos entre 1985 e 2020, independente do uso e cobertura do solo. Ao todo, foram 108 terabytes de imagens processadas para mostrar áreas, anos e meses de maior e menor incidência do fogo.

Os dados de queimadas e incêndios florestais estão disponibilizados em mapas e estatísticas anual, mensal e acumulada para qualquer período entre 1985 e 2020 nesta plataforma, aberta a todos. Ela também inclui dados de frequência de fogo, indicando as áreas mais afetadas nos últimos 36 anos.




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