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12/01/2018 às 11h11min - Atualizada em 12/01/2018 às 11h11min

Bolsonaro emprega servidora fantasma que vende açaí no RJ

Yah Notícias
Foto: Divulgação
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) usa verba da Câmara dos Deputados para empregar uma vizinha dele em um distrito a 50 km do centro de Angra Dos Reis (RJ).
 

A servidora trabalha em um comércio de açaí na mesma rua onde fica a casa de veraneio do deputado, na pequena Vila Histórica de Mambucaba.
 

Segundo moradores da região, Wal, como é conhecida, também presta serviços particulares na casa de Bolsonaro, mas tem como principal atividade um comércio, chamado "Wal Açaí".

Walderice Santos da Conceição, 49, figura desde 2003 como uma dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília, recebendo atualmente salário bruto de R$ 1.351,46.

Segundo moradores da região, o marido dela, Edenilson, presta serviços de caseiro para Bolsonaro. O deputado federal mora na Barra Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, e tem desde o final dos anos 90 uma casa de veraneio em Mambucaba.

A reportagem falou com moradores da vila, que tem cerca de 1.200 habitantes, segundo a Prefeitura de Angra. Foram colhidos quatro relatos gravados de moradores confirmando que o marido de Walderice é o caseiro do imóvel de veraneio de Bolsonaro.

As portas do estabelecimento "Wal Açaí", na mesma rua, foram fechadas às pressas nesta quinta-feira (11) assim que se espalhou a presença de repórteres na região.

Os registros oficiais da Câmara dos Deputados mostram que a secretária parlamentar de Bolsonaro passou nesses 15 anos por uma intensa mudança de cargos no gabinete -foram mais de 30.

Em 2011 e 2012 ela alcançou alguns dos melhores cargos -são 25 gradações-, chegando ao topo, SP-25, no segundo semestre de 2012. A função, com salário que pode chegar a R$ 14,3 mil, é normalmente reservada a chefes de gabinete.

A reportagem esteve em Mambucaba na manhã desta quinta-feira para procurar a funcionária de Bolsonaro. No caminho para a casa de Walderice, a reportagem a viu saindo da casa do deputado. Ela foi chamada, mas pediu "um minutinho" e entrou de volta no local.

Logo depois, um outro vizinho de Bolsonaro abriu a porta convidando a reportagem para entrar. "Venham conhecer o homem". O presidenciável apareceu em seguida, com um outro auxiliar, que estava com o celular gravando a situação.

Quem estava com as chaves era justamente o marido de Wal. "Tem jabuticaba aí, Edenilson?", perguntou o presidenciável.

De acordo com depoimentos colhidos pela reportagem, o marido da funcionária de Bolsonaro pintou a casa de veraneio recentemente.

PATRIMÔNIO

A Folha de S.Paulo publicou no domingo (7) que o presidenciável e seus três filhos parlamentares multiplicaram o patrimônio na política, reunindo atualmente 13 imóveis em áreas valorizadas do Rio e de Brasília, com preço de mercado de cerca de R$ 15 milhões.

Na dia seguinte, o jornal mostrou que Jair e seu filho Eduardo, também deputado federal, receberam R$ 730 mil de auxílio-moradia da Câmara desde 1995 (Eduardo desde 2015) mesmo tendo apartamento próprio em Brasília.

O auxílio-moradia é pago a deputados que não ocupam apartamentos funcionais no DF. Como há mais deputados do que vagas em imóveis destinados a eles, a Câmara desembolsa para cada um desses, por mês, R$ 4.253.

Na terça (9), o deputado divulgou um número inflado da economia que teria feito aos cofres públicos nos últimos oito anos.

O presidenciável publicou uma tabela anual com o total de seus gastos do "cotão", a verba mensal que cada deputado tem para custeio de atividades relacionadas às suas atividades legislativas na Câmara.

Bolsonaro afirmou na publicação que teria devolvido aos cofres públicos R$ 1,3 milhão de 2010 até 2017. Na verdade, segundo as informações da Casa, o deputado gastou muito mais. Pelos números da Câmara, o parlamentar consumiu nos oito anos R$ 2,5 milhões do "cotão", não R$ 1,7 milhão, como ele havia publicado.

 

OUTRO LADO 

O deputado nega que tenha utilizado dinheiro da Câmara para pagamentos de serviços da casa e que Walderice Santos da Conceição seja uma funcionária fantasma de seu gabinete em Brasília.

Questionado sobre qual seria o trabalho desempenhado por ela, Bolsonaro respondeu: "Ela reporta a mim ou ao meu chefe de gabinete qualquer problema na região". "Não tem uma vida constante nisso. É o tempo todo na rua? Não. Ela lê jornais, acompanha o que acontece", disse ele.
 


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