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22/01/2021 às 08h30min - Atualizada em 22/01/2021 às 08h30min

Índice de produtos do campo fecha 2020 com alta de 34,41% e impacta na inflação

Portal LR1
SOLUÇÃO - Diante da alta da carne, consumo de ovos, que é mais barato, tem aumento na população. ( Foto: Reprodução LR1)
O preço de alimentos no campo terminou 2020 com alta de 34,31%, influenciando diretamente na inflação. Os dados são do IEA (Instituto de Economia Agrícola), que divulgou, nesta semana, a pesquisa “Análises e Indicadores do Agronegócio”. O levantamento considerou as variações de produtos de origem vegetal e animal.

No primeiro grupo, estão algodão, amendoim, arroz, banana nanica, batata, café, cana-de-açúcar, feijão carioca, laranja para indústria, laranja para mesa, milho, soja, tomate para mesa e trigo; no segundo, carne bovina, carne de frango, carne suína, leite cru refrigerado e ovos.

Para o pesquisador do IEA, Danton Leonel Bini, de Araçatuba, a taxa de câmbio – com a desvalorização do real frente ao dólar – encareceu e impulsionou a menor disponibilidade interna de matérias-primas, elevando custos de produção. Milho (+57,53%) e soja (+90,24%) são exemplos de insumos estratégicos que apresentaram altos reajustes no acumulado de 12 meses ao longo do ano passado.

“Numa conjuntura na qual o índice geral de inflação da economia no varejo ainda se manteve dentro da meta estipulada pelo governo federal (com o fechamento do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, apresentando um reajuste de +4,53% no ano), alguns fatores explicam tanto o aumento ao consumidor do item Alimentação e Bebidas em +14,09% (IBGE), quanto a subida em +34,41% (Tabela 1) dos preços agropecuários em 2020”, diz o pesquisador, que apresentou o trabalho juntamente com Eder Pinatti e Maximiliano Miura.

Segundo eles, no acumulado de dezembro de 2019 ao mesmo mês de 2020, todos os produtos pesquisados apresentaram elevações. Tomate para mesa (105,94%) e arroz (104,59%) foram os alimentos com as maiores altas. Nesse intervalo, o índice de preços variou positivamente em nove meses, num acúmulo de reajuste de 34,41%. Desde junho do ano passado, ápice do acometimento da população brasileira com covid-10, as altas dos índices foram acentuadas progressivamente até novembro. Nesse intervalo de 12 meses, a alta dos produtos de origem animal chegou a 37,29%, enquanto os produtos de origem vegetal subiram 33,10%.

NÃO DEU

O estudo apresentado pelo instituto permite concluir que, nem mesmo quedas registradas em dezembro, foram capazes de evitar a disparada dos preços no acumulado de 2020. Segundo o IEA, os Preços Recebidos Agropecuários no Estado de São Paulo fecharam dezembro com baixa de 0,50%, puxados pelos produtos de origem animal que apresentaram quedas de 2,95% no comparado com novembro de 2020.

Já os produtos vegetais, mesmo com uma evolução de altas desaceleradas durante as últimas semanas do ano, fecharam dezembro de 2020 com reajuste de 0,43%.

No último mês do ano passado, a cultura da banana foi aquela que apresentou o maior reajuste de valores (alta de 28,24% em relação a novembro). “A estiagem nas principais regiões produtoras (Vale do Ribeira paulista e em Santa Catarina) prejudicou a evolução dos frutos, gerando perdas e menor oferta no último mês do ano”, explica Danton.


ALTERNATIVA

Ele ressalta que os ovos se destacaram com alta média de 8,31% em dezembro do ano passado. Os pesquisadores do instituto atribuem esse aumento à redução do poder de compra da população brasileira com a diminuição da ajuda emergencial do governo federal de R$ 600 para R$ 300 e a alta do desemprego elevaram a demanda pelos ovos como fonte de proteína em substituição às carnes.

“Destaca-se que dos 19 produtos integrantes do levantamento, 12 deles apresentaram quedas em dezembro. Dentre eles, evidenciam-se as quedas das carnes após meses de reajustes. Contudo, enfatiza-se que as altas acumuladas nesses itens da alimentação básica da população estiveram bem acima da média inflacionária do ano de 2020. ”

 
Pesquisador prevê retração na demanda do mercado interno

Questionado pela reportagem de O LIBERAL REGIONAL sobre quais são as perspectivas para os preços dos alimentos no começo deste ano, Danton disse que, sem o auxílio emergencial, atraso no plano de vacinação e expansão da segunda onda da pandemia, a tendência é de retração na demanda do mercado interno.

Dessa forma, explicou ele, a menor procura deve “segurar” os preços, podendo ocorrer queda nos produtos da cesta básica do consumidor. Carnes, por exemplo, dependerão da demanda internacional. “E com o surto no rebanho suíno chinês, o mercado possivelmente se manterá aquecido, com os preços elevados”, explicou.

 

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