Foto: Divulgação Já não é segredo que muitos dos termos utilizados no português têm raízes em uma época de vergonha nacional: a escravatura. Expressões como “a coisa está preta” e “humor negro” costumam ser usada para desqualificar algo,
como se a cor preta fosse associado a algo ruim.
Diante disso e com a missão de ajudar a construir um mundo melhor, algumas empresas decidiram abandonar a Black Friday. Mas os consumidores não precisam se preocupar. A ideia é apenas
abandonar o termo “Black”, pois o dia de promoções pode remeter a um racismo implícito. Entenda o que muda a partir de agora!
Boticário é uma das marcas dessa luta Este ano, o presidente do Boticário anunciou que as empresas pertencentes ao grupo deixarão de usar Black Friday. Por se tratarem de organizações do setor de estética, elas promoverão a Beauty Week - não apenas um dia de promoções, mas uma
semana com descontos especiais.
Os produtos das marcas O Boticário; Quem disse, Berenice?, Eudora utilizarão esse novo termo a partir de agora. Aliás, neste
catálogo Boticário de 2020 é possível ver que a empresa está usando Beauty Week para anunciar as ofertas.
Além de começar a iniciativa de abolir a expressão Black Friday, o presidente ainda
convidou outras organizações a fazerem o mesmo. Ele escreveu no Linkedin que todos devem repensar não apenas o uso do termo, como traçar um caminho em direção à equidade racial da sociedade.
Não existem dados científicos que comprovem que a palavra usada no evento é fruto de racismo¹. Porém, por estar associada a ofertas e produtos baratos, pode deixar a entender que a cor preta vale menos. Por conta disso, O Boticário preferiu não usar mais um
termo que pode incomodar as pessoas.
Provavelmente, o público ainda irá buscar por Black Friday Boticário - no Google, por exemplo. Tanto que as novas campanhas do grupo são “Black Friday agora é Beauty Week”, o que ajudará a educar o público.
Outras ações contra o racismo Além de repensar termos, há ainda outras iniciativas que estão sendo pensadas para a população negra. O
processo seletivo da Magazine Luiza é um desses exemplos.
Há alguns meses, a rede de varejista anunciou um processo seletivo de trainee apenas para pessoas negras. A ideia companhia é oferecer
mais oportunidades para quem tem menos acesso ao mercado de trabalho.
Atualmente, de acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio)², a diferença salarial entre brancos e negros em 2019 foi de 45%. Entre os motivos para isso estão: falta de acesso à educação, menos indicações profissionais e, até mesmo, preconceito.
Então, em um processo seletivo normal, é comum que os negros não obtenham as vagas que desejavam, aumentando assim, a
discrepância social. Atenta a isso, a Magazine Luiza, que já se posicionou diversas vezes como uma empresa que preza pelo bem-estar social, lançou esse concurso exclusivo.
Na prática, não significa que ela não irá contratar mais brancos. Apenas que irá abrir vagas que só os negros irão competir. Ou seja, a empresa pode abrir 20 postos de trabalho, sendo que 10 serão apenas para a população negra, por exemplo.
O novo processo seletivo gerou muitos comentários nas redes sociais, inclusive críticas de que a ação seria injusta e ilegal. Porém, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), a
ação da Magalu está prevista na Constituição, por ajudar a diminuir desigualdades sociais.
Como visto, O Boticário abandonou o uso do termo Black Friday, por achar que algumas pessoas podem se sentir ofendidas com ele. A ação da empresa não é isolada, já que faz alguns meses que a Magalu anunciou processo seletivo apenas para pessoas negras. O intuito das duas organizações e muitas outras é
conscientizar a sociedade, além de oferecer oportunidades iguais a todos.
Fontes:
1: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/suspeita-de-origem-racista-faz-mercado-discutir-expressao-black-friday.htm
2: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/01/racismo-gera-diferenca-salarial-de-31-entre-negros-e-brancos-diz-pesquisa.shtml