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24/01/2020 às 15h17min - Atualizada em 24/01/2020 às 15h17min

Chance de tirar pasta da Segurança Pública de Moro 'no momento é zero', diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro disse na última sexta-feira (24) que a chance de criar um novo ministério tirando a área de Segurança Pública da alçada de Sergio Moro "no momento é zero"

BBC
"Não falei com ele, não preciso falar com ele, nos entendemos muito bem", afirmou Bolsonaro ao chegar a seu hotel em Nova Délhi, capital da Índia, onde faz viagem oficial até o dia 28.

Questionado sobre a possibilidade de desmembramento do ministério chefiado por Moro, o presidente disse que "a chance no momento é zero" e sugeriu a tese pode ter partido de secretários com o objetivo de "enfraquecer o governo". "Não sei amanhã. Na política, tudo muda, mas não há intenção de dividir."

Bolsonaro havia dito na manhã de quinta-feira (23) que estuda desmembrar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, mantendo Moro apenas como ministro da Justiça.

A possível volta de uma pasta exclusiva para a Segurança Pública, que existiu no governo de Michel Temer, foi discutida ontem em uma reunião entre o presidente e secretários estaduais.

O Planalto afirma que a eventual mudança administrativa se trata de uma demanda dos Estados, reportagem do jornal Folha de S.Paulo diz que os governadores estão divididos e que Bolsonaro articulou a ideia.

Nos bastidores políticos, há uma leitura de que a mudança teria o propósito de enfraquecer Moro, diante das especulações de que ele quer disputar contra Bolsonaro a eleição presidencial de 2022, apesar das negativas do próprio ministro.

Diversos apoiadores do governo Bolsonaro comentaram em contas oficiais do presidente nas redes sociais cobrando que o ex-juiz da Lava Jato continue comandando as duas áreas.

Diante da reação negativa, o governo informou por redes sociais, enquanto o presidente voava para a Índia, que a ideia não teria partido da presidência, mas de secretários de segurança estaduais.

Segundo os jornais O Globo e Folha de S.Paulo, Moro afirmou a aliados que deve deixar o governo caso perca o comando da pasta.

Bolsonaro e Moro sentados em evento, olhando para sentidos opostos

Bolsonaro e Moro sentados em evento, olhando para sentidos opostos


Há quem veja na diovergência sobre pasta neste início de 2020 um sinal de uma disputa que pode se configurar em 2022 entre Bolsonaro e Moro: as eleições presidenciais

Mas por que o ministério sob Moro seria desmembrado?

Estatísticas indicam que a queda da criminalidade, iniciada em 2018, ganhou mais força no país no ano seguinte — números preliminares apontam para uma redução de cerca de 20% nos homicídios.

Com isso, a política de segurança pública se tornou a principal vitrine de Moro, ao mesmo tempo em que a percepção sobre o combate à corrupção tem piorado na sociedade.

Regina Duarte na Cultura
O presidente voltou a comentar o convite à atriz Regina Duarte para assumir a Secretaria da Cultura. Em publicação nas redes sociais, o presidente afirmou que o governo iniciou um "noivado" com a atriz, depois de se encontrarem na segunda-feira (20). "Tivemos uma excelente conversa sobre o futuro da cultura no Brasil. Iniciamos um 'noivado' que possivelmente trará frutos ao país." Agora já substituiu o termo noivado por casamento. "Acredito que na quarta ou na quinta a gente vai no cartório e faz o casamento", afirmou.

Jair Bolsonaro e Regina Duarte posando para foto

Jair Bolsonaro e Regina Duarte posando para foto


Eleitora e defensora de Bolsonaro nas redes sociais, Regina Duarte é agora parte do governo — à frente do cargo mais importante para a política cultural do país (Foto: outubro de 2018)

A atriz, atualmente em "período de testes" em Brasília, pode assumir o posto mais alto da política cultural no Brasil no lugar do diretor teatral Roberto Alvim. Este, que comandava a área havia apenas dois meses, deixou o cargo após divulgar um vídeo com um discurso em que repetia frases de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda na Alemanha nazista.

Presidente indiano é uma ameaça à democracia?
Bolsonaro também foi indagado sobre a capa da revista britânica The Economist, que traz o primeiro ministro indiano Narendra Modi como uma ameaça à democracia indiana.

O presidente voltou a criticar a imprensa.

"Dizem que também sou uma ameaça à democracia. Disseram durante a campanha e dizem agora. A própria Associação Nacional de Jornais diz que eu sou a pessoa que mais ataca a mídia no Brasil. 58% das agressões vieram da minha parte", afirmou. "Eu quero uma imprensa que fale a verdade para evitar a eterna discussão que existe quando sai uma notícia como essa."

Modi é criticado por causa de mudanças em políticas migratórias consideradas discriminatórias aos 200 milhões de muçulmanos no país. O país tem hoje 1,353 bilhão de habitantes.

O mandatário, do Partido Nacionalista Hindu Bharatiya Janata (BJP), disse que a nova lei é "para aqueles que enfrentam anos de perseguição lá fora e não têm para onde ir, exceto a Índia".

Mas opositores de Modi dizem que a lei é excludente, faz parte de uma agenda para marginalizar muçulmanos e viola os princípios seculares consagrados na Constituição. Para eles, a fé não pode ser transformada em critério para cidadania. As mudanças geraram protestos violentos no país em dezembro passado.

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