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02/07/2019 às 10h22min - Atualizada em 02/07/2019 às 10h22min

Eclipse solar total será observado do Chile e Argentina. Veja como assistir do Brasil

Huff Post
Foto: Divulgação
Os eclipses sempre despertaram a curiosidade do homem. Houve épocas em que o fenômeno causava medo e chegou a ser entendido como um mensageiro de maus presságios. Em outras, as previsões de eclipses chegavam a influenciar decisões políticas de reinados e até resultados de guerra. 

Hoje em dia, com o avanço dos meios de comunicação e da tecnologia, assistir ao eclipse se tornou uma atividade viável até mesmo de regiões em que ele quase não é perceptível a olho nu.

É o caso do fenômeno que acontece nesta terça-feira (2). O Grande Eclipse Solar Sul-Americano poderá ser acompanhado pelos brasileiros. 

O eclipse solar total será observado nitidamente por quem mora em uma faixa específica da costa da Argentina e do Chile. Mas, no Brasil, será possível acompanhar o eclipse parcial a partir das 17h39, pelo horário de Brasília.

“Apesar de os eclipses serem fenômenos previsíveis, ou seja, você pode se preparar para acompanhá-lo, eles dependem de um alinhamento específico para que sejam vistos por completo”, explica ao HuffPost o professor de física Ramachrisna Teixeira, do departamento de astronomia da Universidade de São Paulo (USP).
Eclipse solar: Quando o dia vira noite

No caso do eclipse do sol, o evento ocorre quando a lua se coloca entre a Terra e o astro-rei. Já no eclipse lunar, a posição dos astros é diferente. Quando a Terra está entre o sol e a lua, esta deixa de receber a luz solar e “desaparece”.

Porém, por conta dos gases que compõem a atmosfera da Terra, a luz sempre consegue chegar à lua. É por isso que, mesmo no eclipse, conseguimos enxergar o satélite, só que mais obscurecido. 

Apesar de despertarem bastante curiosidade e serem capazes de transformar o dia em noite em questão de segundos, os eclipses não são raros. Eles acontecem de duas a três vezes por ano.

Mas a sua visualização completa depende de condições específicas. Por isso que a visibilidade do eclipse total de hoje será restrita a uma faixa de 150 a 250 km de extensão, que começa na cidade de La Serena, no Chile, e acaba em Buenos Aires, na Argentina.

Para quem estiver nessa trecho, o privilégio será observar a lua bloquear os raios solares e só a coroa do sol ficar visível. Estima-se que, no Brasil, um fenômeno como esse só aconteça em 2045.

Onde e como assistir ao eclipse 

Se você está no País e quer acompanhar o eclipse, existem algumas dicas para ajudá-lo na observação.

Não é preciso estar em um ambiente escuro, nem será preciso usar um telescópio. De acordo com Ramachrisna Teixeira, basta você estar em um local com boa visão do horizonte, de preferência longe de prédios e outros obstáculos que atrapalhem a vista.

No País, cidades no Oeste de Santa Catarina e Rio Grande do Sul terão a melhor visibilidade. 

“A única atenção que a gente precisa ter na observação de um eclipse solar é o cuidado com os nossos olhos. Não é recomendado olhar para o eclipse sem as vistas protegidas. É a mesma coisa do que olhar para o sol a olho nu. Você pode ter algum efeito dos raios na sua retina”, explica o físico.

Para essa proteção, esqueça os óculos de sol. Você deve usar óculos com filtros de polímeros pretos ou de poliéster com alumínio.

Outra opção é acompanhar a transmissão ao vivo da NASA. Em parceria com o Exploratorium, museu localizado em São Francisco (EUA), a agência vai disponibilizar imagens do fenômeno em tempo real em seu site.

Cientistas celebram centenário de eclipse total que comprovou teoria de Einstein

Segundo Teixeira, o eclipse solar total observado nesta terça tem outra importância. Isso porque ele acontece no ano que marca o centenário de um dos eventos mais importantes para a ciência moderna.

Em 1919, um grupo de cientistas britânicos conseguiu comprovar a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein a partir da observação de um eclipse em Sobral, no Ceará, e na Ilha do Príncipe, na África.

Com dados analisados a partir do céu antes e depois do eclipse, os pesquisadores que estiveram no Ceará conseguiram resultados que comprovaram que a gravidade é uma característica do espaço, e não da matéria, como defendia Isaac Newton anteriormente.

“No começo do século 20, existiam dois conceitos a respeito do que era a gravidade. Eles eram diferentes e tinham resultados diferentes quando eram aplicados aos fenômenos”, explica o professor.

A teoria do Newton afirmava que a gravidade era consequências de uma atração entre os corpos, ou seja, a matéria atrai a outra matéria.

Já Einstein defendia que a gravidade era uma característica do espaço. Ou seja, o espaço era deformado pela matéria e o que a gente chama de gravidade é a nossa interação com o espaço.

“O teste entre essas teorias foi observar um grupo de estrelas cuja luz passava por um campo gravitacional muito intenso. Ou seja, a luz teria que passar muito próxima ao sol. Mas para ver as estrelas próximas do sol, era necessário um eclipse total. Isso aconteceu em Sobral naquele ano”, conta Teixeira.

A partir das observações e das comparações dos resultados, ficou comprovada a teoria de Einstein. “E essa observação foi a comprovação de uma das teorias mais importantes da ciência e que aconteceu no Brasil”, celebra o físico.

Agora, 100 anos depois, os cientistas vão aproveitar o fenômeno para buscar novos conhecimentos sobre o sol, como por exemplo, responder questões sobre os ventos solares e a temperatura na superfície da estrela.
 
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