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24/09/2018 às 16h52min - Atualizada em 24/09/2018 às 16h52min

Jornalista tem celular invadido após veicular matéria sobre Jair Bolsonaro

Canal Tech
Foto: Imagem Ilustrativa
A repórter Talyta Vespa, do site Universa, portal voltado ao público feminino e afiliado ao UOL, teve seu celular invadido e suas mensagens profissionais e pessoais, bem como suas mídias e agenda de contatos, removidas do aparelho por um invasor após escrever para o site uma matéria sobre o grupo “Mulheres Com Bolsonaro”. Na descrição de perfil do aplicativo, o invasor deixou apenas escrito “bolsonaro”.

A invasão ocorreu após o Universa veicular a matéria "Entrei no grupo 'Mulheres com Bolsonaro' e fui expulsa em dois minutos” publicada na última quarta-feira, dia 19 de setembro, contendo entrevista com três membros do grupo. No dia 21, dois dias depois, por volta de 11h30, ocorreu a invasão. Não foi informado, porém, se o invasor obteve acesso a informações mais privadas, como senhas de apps bancários e de perfis em redes sociais.

Em manifestações públicas de apoio à jornalista, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicado dos Jornalistas Profissionais de São Paulo mostraram repúdio à ação de invasão contra ela: “Para a federação, toda e qualquer forma de agressão ou tentativa de intimidação ao exercício profissional do jornalismo é um atentado à liberdade de imprensa. Por ser a primeira invasão do tipo a nos ser informada, reforçamos a necessidade de investigação das autoridades e colaboração do serviço de mensagens para que sirva de precedente para possíveis novos casos”.



“A sociedade não pode tolerar que jornalistas sejam perseguidos pela realização de reportagens de interesse público. Naturalmente, a crítica ao trabalho jornalístico é livre e faz parte da democracia. Mas a invasão de perfis em rede social e outras agressões do tipo são crimes e devem ser investigados e punidos. Damos nosso apoio à repórter e nos colocamos, como Sindicato, à sua disposição para tomar todas as medidas cabíveis”, comentou o Sindicato dos Jornalistas.

Foi feito um boletim de ocorrência para apurar o caso.

“Matéria sobre o grupo ‘Mulheres com Bolsonaro’”
Talyta Vespa havia ingressado, dois dias antes, em um grupo de mulheres que se formou em apoio ao candidato à Presidência da República e ex-deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). No texto, ela informa ter deixado claro desde o início tratar-se de uma profissional de comunicação e suas intenções de entrevistar membros do grupo foi especificamente informada nas perguntas de triagem, antes de ser aceita. Após ser aprovada, ela fez um pedido de entrevista, identificando-se como jornalista, em um post. Embora tenha recebido comentários de diversas mulheres aceitando o convite, Talyta conta que foi removida e banida pouco tempo depois.

Em conversa com uma das administradas, que cedeu entrevista mesmo após a expulsão, Talyta foi informada de que poderia haver um receio de que seu perfil fosse falso: “Acho que devem tê-la confundido com um perfil falso e excluído de forma equivocada”. A matéria é parte de uma série de notícias sobre movimentação de grupos femininos no Facebook e tinha o objetivo de informar o público quanto à motivação que leva mulheres a votarem no candidato do PSL.

Segundo o Código Penal, a Lei 12737/2012 (conhecida popularmente como “Lei Carolina Dieckman”) tipifica o crime de invasão de aparato informático, conectado ou não à internet, com pena de três meses a um ano de reclusão e multa. A lei foi sancionada pela então Presidenta da República, Dilma Rousseff.
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