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21/09/2018 às 11h13min - Atualizada em 21/09/2018 às 11h13min

Neonatal e policiais da ROCAM fazem surpresa a menino internado há 19 meses

Santa Casa de Araçatuba
Foto: Divulgação
No dia-a-dia, eles enfrentam as incertezas decorrentes de abordagens a veículos e pessoas suspeitos, o atendimento de ocorrências de alta e o policiamento nos centros comerciais e bancários. Essa rotina perigosa que o 1º Sargento Cássio e os Cabos Fiorotto, Higor, Vantini e Anderson enfrentam todos os dias em uma das equipes da ROCAM (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas) de Araçatuba foi quebrada na noite desta quarta-feira.

Entre 20h e 20h30 eles fizeram uma pausa para fazer uma surpresa ao garoto Pedro Henrique de Souza Almeida que está internado na UTI Neonatal e Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba há exatos 19 meses. Vitimado pela Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune grave que afeta o sistema nervoso, Pedrinho, como e carinhosamente chamado por toda equipe da Neonatal, completa 5 anos nesta quinta-feira. Na semana passada ele disse para uma integrante da equipe de enfermagem que gostaria de ganhar uma festa decorada com o tema da ROCAM.

Pedrinho é de Penápolis e foi Internado na Santa Casa de Araçatuba em fevereiro de 2017 em um quadro clínico grave. E estágio bastante avançado, a doença havia paralisado todo o seu corpo, causado insuficiência respiratória e comprometido a sua fala. O menino, na época com pouco mais de três anos, conseguia interagir somente através do olhar. O tratamento intensivo realizado pela equipe coordenada pelos neonatologistas Anderson Azevedo Dutra e Mirela Fink Hassan e compostas por médicos de várias especialidades, fisioterapeutas e equipe de enfermagem.

Neste segundo aniversário comemorado em um leito da UTI Neonatal, o pequeno paciente dá mostras dos avanços possibilitados pelo tratamento. Já consegue movimentar parcialmente os braços, voltou a falar e com a melhora da deglutição já se alimenta com dieta sólida e reforço de dieta enteral que é ministrada através de sonda nasoenteral para garantir que ele receba todos os nutrientes necessários. Pedrinho também voltou a ter sensibilidade nas pernas, mas ainda não consegue movimentá-las. A respiração continua mantida através de aparelhos, porém alternada por pequenos intervalos por meio de nebulização. “Estamos felizes com esse progresso e confiantes que no tempo de Deus ele vai recuperar também o movimento das pernas”, afirma Thais de Souza Simões, mãe de Pedrinho.

O quadro clínico estável e autorização da equipe médica e direção técnica de assistência que consideraram a festa como um reforço de terapia para estimular o paciente a seguir sua luta animaram a equipe de enfermagem e as fisioterapeutas realizarem o desejo de Pedrinho de comemorar o seu aniversário. A lista de desejos do menino incluía praticamente tudo da ROCAM: bolo, decoração da mesa, farda para ele vestir e acessórios que os PMS da ronda motorizada utilizam.

“Decidimos unir esforços para realizar o sonho do Pedrinho que após um ano e sete meses tratando dele, o consideramos como um filho”, disse a enfermeira Rita de Cássia Marchiolli que coordenou a organização da festa e recolheu contribuições para comprar todos os itens da festa, incluindo a confecção de uma farda, tamanho infantil.  Esposa do soldado Marchiolli, da Força Tática, a enfermeira contou a história de Pedrinho para o marido e pediu apoio para reunir policiais de uma equipe da ROCAM para uma surpresa extra ao aniversariante.

Autorizados pelo Capitão Renê, comandante do Policiamento os policiais também se organizaram para além da surpresa da presença oferecer mimos ao fã tão especial. Boné, camiseta oficial da ROCAM e réplicas de uma motocicleta, da viatura do patrulhamento e de acessórios utilizados pelos PMs estavam dentre os mimos. Os preparativos para a surpresa mobilizaram outras equipes, como a do P-5 – Serviço de Comunicação da PM-  que decidiu enviar uma Medalha de 1º Grau, honraria que a Policia Militar confere às pessoas por atos heroicos. “Não resta dúvida de que o Pedro Henrique é um herói por resistir tão bravamente nesta luta pela vida e recuperação dos movimentos”, explicou o Cabo Fiorotto, integrante da ROCAM que fez a homenagem.

A festa surpresa aconteceu durante a visita noturna.  A mãe Thais, os irmãos Ana Carolina (11 anos), Eduardo (3 anos) e caçula Beatriz que está com 1 ano, avós, tias e a equipe de enfermagem entraram primeiro com o bolo e toda a decoração da festa.  Quando a equipe de policiais, coordenada pelo 1º Sargento Cássio entrou no quarto, o menino não se conteve “e a emoção foi geral; todo mundo chorou”, relatou a enfermeira Rita Marchiolli que está há 4 anos na UTI Neonatal e garante que “nunca vivemos um momento tão emocionante”.

Além da visita da equipe da ROCAM, Pedrinho teve outra surpresa: seu pai, Wesley Dias de Almeida, que é soldado do Rádio Patrulhamento em Penápolis entrou junto com os policiais da ROCAM. “Foi a primeira vez que ele me viu fardado pois antes eu trabalhava em Piracicaba e quando vinha nas folgas para a Penápolis estava sempre à paisana”, explicou. 

Feliz com os avanços do tratamento e esperançoso que as sequelas previsíveis à um caso tão grave sejam revertido, o pai lembra que em apenas cinco dias a vida do filho e de toda a família foi abalada completamente. “Eu havia passado o final de semana com ele que teve um pouco de febre, foi medicado e ficou bem. Voltei para Piracicaba e no meio da semana minha mãe telefonou e disse que o Pedro não estava bem, com muita fraqueza nas pernas e dificuldade para respirar”.

A mãe de Pedrinho lembra que foram várias idas e vindas ao Pronto Socorro de Penápolis. “Falavam que era inflamação de garganta; garganta irritada; até que era frescura dele, eu ouvi nessas consultas”, relembra a mãe. De acordo com ela, uma semana após o primeiro sintoma “decidiram colher o líquido da espinha e o exame confirmou meningite viral”.

 Num quadro crítico de paralisia e insuficiência respiratória, Pedrinho foi removido para a Santa Casa de Araçatuba onde a equipe médica constatou o terrível diagnóstico: Síndrome de Guillain-Barré. “Ficamos desesperados”, relembra Thaís.  “A gente perdeu o chão; foram dias de muita agonia para a família toda e desesperador para mim que estava em Piracicaba e não podia estar ao lado dele como gostaria”, relembra o pai de Pedrinho, que em fevereiro deste ano conseguiu transferência para Penápolis e” agora posso visitá-lo mais vezes e ficar com ele também”.

Desde o início da internação, a mãe Thais Simões é presença constante nos cuidados e recebe apoio da família. Agora, com uma bebê de um ano, ela precisou também contratar uma cuidadora para ajudar no revezamento de acompanhantes. “Mas, fico com ele de sexta à segunda à noite”.  Thaís ajudou a preparar a festa surpresa para o filho e classifica a mobilização como “mais um carinho da equipe da Neonatal que têm sido eficiente e amorosa com o meu filho e isso me deixa mais segura e infinitamente agradecida”.

A festa surpresa foi encerrada com um convite irrecusável. Quando estiver mais recuperado, Pedro Henrique vai passar um dia inteiro na ROCAM de Araçatuba, com direito a acompanhar o policiamento nas motos e viatura. “Deixamos esse convite como uma motivação à mais, para ele continuar lutando com força e determinação por sua recuperação”, explicou o Cabo Fiorotto, que esteve pela primeira vez em uma UTI Neonatal e a exemplo dos colegas de policiamento, deixou o local sob emoção “e a certeza que contribuímos para que o Pedrinho vivesse momentos de alegria e emoção; nosso desejo é que ele fique bom logo”.

De acordo com a coordenação médica da UTI Neonatal, Pedro Henrique está sendo preparado clinicamente para receber alta. Porém só poderá deixar o hospital se tiver em sua casa uma estrutura com respirador e outros equipamentos necessários. A família já deu entrada com ação judicial para conseguir estrutura e profissionais para home care.

“Eu tenho certeza que o convívio em nossa casa, junto com a família e vendo os irmãozinhos brincando, o Pedro vai ficar motivado a lutar ainda mais para voltar a andar”, prevê a mãe que revela outra surpresa muito feliz ocorrida durante a festa surpresa: “ele pediu para a avó muda-lo de posição e na hora ele disse todo feliz que conseguiu mexer um pouquinho uma das pernas e a gente se emocionou muito com isso”.
 
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