Um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares é o diabetes. A doença está relacionada ao infarto, ao acidente vascular cerebral (AVC), ao entupimento de artérias e à formação de aneurismas. Mas como o diabetes afeta o coração, exatamente?
Para entender isso, é preciso saber como surge o diabetes, que é classificado em dois tipos: 1 e 2. Há mais de um milhão de crianças e adolescentes em todo o mundo com diabetes mellitus tipo 1 (DM1).
Ele aparece quando o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, hormônio responsável por facilitar a entrada de glicose nas células. Sem ela, o açúcar não chega ao destino correto e permanece na corrente sanguínea.
Atualmente, cerca de 387 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo, mas quase metade, ou 179 milhões, ainda não foi diagnosticada. Nem por isso, os riscos e consequências do diabetes são menos sérios. Na verdade, as pessoas que não sabem que têm diabetes – e que, portanto, não estão sob cuidados adequados – estão mais sujeitas aos riscos e complicações da doença.
Como os sintomas do diabetes muitas vezes demoram a se manifestar ou a ser percebidos pelos pacientes (apesar de estarem lá), o diabetes é considerado uma “doença silenciosa”.Na linguagem médica, a doença é chamada de assintomática, já que aparentemente não apresenta sintomas.
O diabetes é também uma doença metabólica, pois seu desenvolvimento está relacionado à forma com que o corpo humano metaboliza (ou transforma) os alimentos ingeridos em energia para manter-se em funcionamento. A doença é caracterizada por altos níveis de glicose no sangue, também chamado de hiperglicemia, que podem causar sérios problemas de saúde em diferentes vasos e órgãos do corpo.
O cardiologista Dr, Maurício Machado O dr Maurício machado do
Instituto Pró Cardíaco Rio Preto irá responder as perguntas, diabetes está relacionada com doenças do coração. 1: Por que o diabetes aumenta o risco de sofrer infarto e AVC? Dr. Existem basicamente três tipos de AVC (acidente vascular cerebral): o hemorrágico, o cardioembólico e o aterotrombótico. O AVC hemorrágico está associado ao rompimento de veias ou artérias cerebrais (aneurismas) e o cardioembólico com o deslocamento de coágulos do coração para a circulação (embolia). Estes dois quadros não tem relação direta com diabetes. O terceiro, o AVC aterotrombótico, está diretamente relacionado com o acúmulo de gordura nos vasos cerebrais, principalmente as artérias carótidas que se localizam no pescoço e são os principais vasos de irrigação cerebral. Como o diabetes tem forte associação com aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias), há um aumento no risco deste tipo de acidente vascular cerebral. 2: Os sintomas de infarto são diferentes em quem tem diabetes? Ou costumam ser mais silenciosos? Dr. Os sintomas clássicos de infarto como dor em aperto no meio do peito irradiada para o pescoço, mandíbula e braço esquerdo podem não estar presentes nos pacientes diabéticos. As alterações crônicas do diabetes e o acomentimento dos nervos pela doença (neuropatia diabética), podem mascarar os sintomas tornando-os "atípicos". Desconforto na "boca do estômago", náuseas, cansaço excessivo e falta de ar podem ser sintomas suspeitos de infarto nessa população.
3: É verdade que as mulheres têm mais risco de sofrer um infarto do que os homens? Dr. Na verdade os homens tem maior chance de sofrer um infarto do que as mulheres. As estatísticas mostram que 70% dos casos acontecem em homens e 30% nas mulheres. O grande problema é que quando a mulher sofre um infarto o risco de morrer é maior que no homem.
4: Falando em prevenção, por que é tão difícil para as pessoas mudar alguns hábitos de vida que são considerados de alto risco para doenças cardíacas, como sedentarismo e má alimentação, por exemplo? Dr. Apesar de relativamente simples, o controle do sedentarismo e a melhoria na alimentação precisam ser encarados como mudanças de estilo de vida e não como um período passageiro para a pessoa. Essas atitudes devem atingir toda a família e precisam ser encaradas de maneira pró-ativa. Infelizmente uma vida corrida e sem horários, a rotina passiva de empregos em empresas e escritórios e a dificuldade para compra e preparo de alimentos frescos (frutas, verduras e legumes), em oposição à facilidade e rapidez para o consumo de comidas industrializadas e "fast-foods" faz com que o controle desses fatores (conhecidos por todos) não sejam tão simples.
5: Quais Fatores de risco para diabetes? Dr. Alguns fatores se destacam aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes. Um deles é o histórico familiar. Pessoas com parentes de 1º grau com diabetes tem risco aumentado de desenvolvimento da doença. Porém, independentemente do histórico familiar, o ganho de peso é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da doença, ou seja, existe uma relação direta entre obesidade e diabetes. O excesso de peso e o aumento da circunferência abdominal (acima de 94 cm para o homem e acima de 80 cm para a mulher) elevam a chance de aparecimento da doença.
6: Como o diabetes afeta a saúde do seu coração? Dr. Um dos principais comprometimentos da saúde do coração pelo diabetes é o desenvolvimento de aterosclerose, que é o acúmulo de gordura nas artérias. Quando a doença afeta as artérias coronárias, que são as artérias responsáveis pela irrigação do músculo cardíaco, o risco de infarto e de morte súbita aumentam sensivelmente.
7: Diabetes e cardiopatias têm relação? Dr. Cardiopatia é um termo genérico que pode ser utilizado em diversas situações de comprometimento do coração. Uma delas é a insuficiência cardíaca, quadro em que há enfraquecimento do músculo do cardíaco em decorrência da doença gerando sintomas de fadiga, cansaço fácil, fraqueza, falta de ar e inchaço nas pernas. É a cardiopatia diabética.
8: Doença cardiovascular é a principal causa de morte entre diabéticos? Dr. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Dados da organização mundial de saúde estimam em 17,7 milhões de mortes no mundo, representando 31% dos óbitos. Mais de 75% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda e 80% dos casos são devidos a infarto e derrame. No Brasil, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (através do site
cardiometro.com.br) estimam em quase 384 mil mortes por doenças cardiovasculares em 2017. Segundo a organização mundial de saúde, cerca de 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes. Esses números cresceram quase 62% nos últimos 10 anos. Assim, as doenças cardiovasculares também representam a principal causa de morte entre os diabéticos.
9: Qual o Tratamento? Dr. Como vimos, o ponto chave é a prevenção, ou seja, evitar que as doenças cardiovasculares apareçam e se manifestem. O controle dos fatores de risco (fumo, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, obesidade [aumento da circunferência abdominal] e estresse/ansiedade) aliado a mudanças alimentares e realização de atividade física aeróbica são a melhor maneira de se cuidar. Diretamente ao diabetes, a manutenção de uma alimentação saudável associada a atividade física e controle do peso são pontos fundamentais para se evitar o desenvolvimento futuro da doença.
