03/07/2024 às 14h59min - Atualizada em 04/07/2024 às 08h49min

Julho Amarelo: entenda como problemas metabólicos também podem desencadear doenças hepáticas

A campanha Julho Amarelo busca conscientizar sobre hepatites virais. Especialista alerta também para o cuidado com as hepatites metabólicas, ainda subnotificadas

QU4TRO COMUNICAÇÃO
Imagem: freepik
Neste mês é celebrado o Julho Amarelo, campanha de conscientização sobre hepatites virais. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. O avanço dessas infecções compromete especialmente o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves.

A hepatite A é geralmente transmitida por meio de alimentos ou água contaminada, enquanto as hepatites B e C são transmitidas principalmente pelo contato com sangue contaminado e, no caso da hepatite B, também por meio de relações sexuais e da mãe para o filho durante a amamentação.
 

Doenças hepáticas


Para além das hepatites virais, alterações endócrinas e metabólicas podem predispor o indivíduo ao desenvolvimento de uma série de disfunções hepáticas. É o que explica o especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM) Flavio Cadegiani: "Do ponto de vista metabólico, o fígado é, de forma geral, um reflexo do corpo humano. Um fígado doente reflete um corpo doente."

"Hoje, sabemos que a combinação entre uma hepatite viral crônica e uma hepatite de origem metabólica pode resultar em fibrose e insuficiência hepática. Então é uma combinação catastrófica para o paciente e, portanto, merece muita atenção", completa o médico endocrinologista.

Fatores como obesidade, sobrepeso, diabetes, resistência à insulina e alimentação com excesso de gorduras e carboidratos podem contribuir para o desenvolvimento da chamada esteatose hepática, também chamada de gordura no fígado. De acordo com Cadegiani, "pacientes portadores de hepatite viral crônica têm risco muito maior de progredir para a insuficiência hepática se tiverem aumento da gordura do fígado".
 

"A gordura e a inflamação do fígado são fortemente associadas ao metabolismo. O que antes era chamado esteatose hepática (gordura no fígado) e esteatohepatite (inflamação no fígado causada pela gordura) não alcoólica, agora chamamos de 'hepatite associada à disfunção metabólica' pela importância de distinguir hepatites virais e hepatites alcoólicas, que são três tipos de causas distintas. Chamar de esteatose hepática não-alcoólica, como foi até pouco tempo atrás, poderia induzir ao erro de achar que hepatite viral e hepatite de causa metabólica seriam a mesma coisa”, relata o médico.


Campanha de conscientização


A campanha “Julho Amarelo: mês de luta contra as hepatites virais” foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença.

O endocrinologista Flavio Cadegiani reconhece a importância da conscientização sobre hepatites virais, mas alerta para a importância de criar-se também uma campanha voltada para as hepatites associadas a disfunções metabólicas. "Precisamos de uma data simbólica que se junte às hepatites virais, pois a hepatite associada a disfunções metabólicas hoje é uma das principais causas de transplante hepático no mundo", afirma.

"É crescente a prevalência de fibrose hepática por conta do metabolismo, por exemplo. Assim, devemos pensar também em estabelecer campanhas voltadas para as hepatites metabólicas, reforçando assim a atenção com a alimentação, a prática de atividades físicas e o acompanhamento médico como formas de prevenção dessas doenças", conclui Cadegiani.

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ANA KAROLLINE ANSELMO RODRIGUES
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