Depressão entre crianças e adolescentes: pare, observe, acolha

Os dados sobre depressão são alarmantes e, ciente da importância e gravidade do tema, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) criou a campanha Maio Amarelo – Depressão entre crianças e adolescentes: pare, observe, acolha, que tem por objetivo oferecer àqueles que estão diretamente envolvidos nos cuidados e na formação da criança e do adolescente os meios necessários para a detecção, acolhimento, prevenção e tratamento da depressão e das situações de risco que esta determina.

De acordo com a psicóloga e psicanalista Vera Ferrari Rego Barros, presidente do Núcleo de Estudos da Depressão entre Crianças e Adolescentes da SPSP e coordenadora da campanha, os casos de depressão na faixa etária pediátrica vêm aumentando gradativamente, um dado que vem preocupando muito os especialistas. “A depressão é uma doença que deve ser levada a sério e quanto antes identificarmos os seus sintomas mais rapidamente poderemos tomar as medidas e ações necessárias para evitar que as manifestações se agravem e coloquem a criança ou o adolescente em situações de risco, como por exemplo o suicídio”, alerta a especialista, comentando que a influência das mídias sociais pode comprometer a percepção da realidade da vida, o que vem impulsionando também um aumento de quadros depressivos.

Na opinião do pediatra Claudio Barsanti, coordenador das Campanhas da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), o Maio Amarelo é de extrema importância por promover ações que auxiliam na conscientização da depressão, uma doença que possui desdobramentos terríveis. "Nós, como profissionais que lidam com a faixa etária pediátrica, não podemos negligenciar um assunto tão sério. É nossa obrigação oferecer a pais, familiares e cuidadores as orientações adequadas para que eles saibam como agir em casos de suspeita de quadro depressivo na criança ou no adolescente”, afirma o médico. Para ele, é fundamental que o pediatra discuta e perceba, além dos sinais e sintomas, a ocorrência de situações que possam estar se apresentando no dia a dia de seus pacientes que aumentam o risco de depressão e até de tentativas de suicídio.

Quanto ao diagnóstico da depressão, principalmente na população pediátrica, Vera diz que é fundamental saber diferenciar um sentimento de tristeza de um quadro depressivo, porque a proximidade dos sintomas pode confundir e prejudicar a identificação e a intervenção as quais devem ser realizadas com os indivíduos nessa condição. "Conhecer os sinais e sintomas da depressão é essencial para servir de alerta não só aos pais, mas também aos pediatras”, enfatiza a psicanalista. Barsanti destaca, ainda, que familiares e profissionais de saúde devem estar atentos e saber identificar aqueles que estão sofrendo bullying, caracterizando um grupo de grande potencial para desenvolver depressão. “Manter o assunto em discussão em todas as suas formas e manifestações, com consciência de que ele existe, nos mantém vigilantes para observar e procurar formas de acolher familiares e pacientes e apresentar caminhos, respostas e soluções para o problema", conclui o pediatra.
 

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LUCIANA RODRIGUEZ CRISTALINO
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