Cavalo Caramelo, resgatado de telhado em Canoas, é disputado por supostos donos

CANOAS (RS). Considerado um dos símbolos da tragédia que assola o Rio Grande do Sul depois de passar dias imóvel em cima do telhado de uma casa, o cavalo Caramelo, como foi apelidado, agora é reivindicado por supostos donos. Desde que foi resgatado na manhã de quinta-feira (9), o animal está no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), na cidade de Canoas.

 No final da tarde de sexta-feira (10) para ver o Caramelo. Ao chegar, se deparou com um casal que afirmava categoricamente ser o dono do cavalo. “Nós vimos a reportagem dele e temos foto dele. A mancha da cabeça dele, tudo representa ser ele. É ele”, disse Ketlen Santos Gomes, que afirmou que seu cavalo se chama, na verdade, Shelb. 

Ela conta que queria um cavalo de montaria e ganhou o animal do marido, que o acompanhava na Ulbra, mas hesitou ao ser questionada sobre quando recebeu o presente. Depois de conferir a data com o marido, informou que foi em fevereiro de 2022. Também mostrou fotos de seu cavalo para para comparar. 

De acordo com Ketlen, o cavalo passou seis meses desaparecido após ser roubado de uma hotelaria em Canoas. O nome do estabelecimento não foi informado. “Nós vimos a reportagem e soubemos que ele estava aqui. Quase chorei igual criança”, destacou. 

A entrevista da mulher, na frente do estábulo em que estava o Caramelo, e as informações desencontradas dadas por ela, geraram revolta nos médicos veterinários que estavam ali para cuidar do animal – um deles, inclusive, que participou da operação de resgate. Os profissionais alegam que o cavalo mostrado nas fotos não tem as mesmas características do que foi resgatado. 

Além disso, disseram que o casal não se apresentou diretamente para a equipe do local para mostrar interesse em identificar o cavalo. “Já apareceram aqui na Ulbra uns dez donos desde o resgate”, disse um deles. “Esse cavalo não teve paz desde que chegou aqui”, declarou outro. Os veterinários não quiseram gravar entrevista. 

A equipe também contou que, para o resgate ser viável, o animal foi anestesiado ainda sobre o telhado e amparado pelos voluntários para minimizar o impacto da queda. Uma das maiores preocupações era de que o teto da casa em que o Caramelo estava, feito de zinco, se rompesse, o que não aconteceu. O animal foi levado em seguida para a Ulbra e se recupera em boa condição de saúde.