Por *Yasmin Cristina de Souza
O mercado de jogos, embora tenha crescido exponencialmente nos últimos anos, ainda apresenta desafios significativos para as mulheres, mesmo elas sendo 50,9% do público gamer, de acordo com a Pesquisa Game Brasil - PGB 2024. Essa dificuldade é complexa e merece uma análise cuidadosa.
Primeiramente, a representação inadequada das mulheres nos jogos é um obstáculo importante. Muitas vezes, elas são retratadas de maneira estereotipada, como personagens secundários ou hipersexualizadas, o que reforça a ideia de que os games são um espaço dominado pelos homens. Essa falta de representatividade pode alienar as mulheres e desencorajá-las a participar ativamente do meio, como por exemplo: jogos competitivos como Valorant, League of Legends, CS:GO etc., que são espaços predominantemente masculinos.
Além disso, o ambiente online dos jogos frequentemente é hostil e tóxico para as mulheres. O sexismo e o assédio são problemas generalizados, levando muitas jogadoras a ocultarem seu gênero e a evitarem a interação com outros jogadores, seja através do chat ou microfone. Isso cria uma barreira social que dificulta a entrada e a permanência das mulheres no mercado de games.
Outra questão importante é a desigualdade de oportunidades, salários e reconhecimento entre homens e mulheres na indústria de desenvolvimento de jogos. Apesar de haver mulheres talentosas e capacitadas nesse campo, elas enfrentam obstáculos adicionais para avançar em suas carreiras e receber o devido crédito por seu trabalho. Essa desigualdade de gênero afeta não apenas as desenvolvedoras, mas também influencia a diversidade de experiências e perspectivas nos jogos produzidos.
Por fim, as barreiras culturais e sociais também contribuem para a dificuldade das mulheres no mercado de games. Desde a infância, meninas são frequentemente desencorajadas a se interessarem por jogos ou a considerarem uma carreira na indústria de tecnologia. Essa falta de apoio e incentivo limita o potencial das mulheres de ingressarem e prosperarem nesse campo.
Portanto, a dificuldade do mercado de games para as mulheres é um problema complexo que requer uma abordagem holística. É crucial que a indústria e a comunidade gamer trabalhem juntas para criar um ambiente mais inclusivo, onde todas as pessoas, independentemente de gênero, se sintam bem-vindas e representadas. Somente assim poderemos alcançar todo o potencial criativo e inovador que a diversidade pode oferecer ao mundo dos jogos.
*Yasmin Cristina de Souza é Analista de Sistemas Trainee na Open Labs, tem 22 anos e ingressou na empresa pelo Programa de Estágio em 2022