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09/03/2023 às 09h22min - Atualizada em 09/03/2023 às 09h22min

Dilma se reúne com ministros dos Brics em processo para assumir presidência de banco

Assessoria de imprensa
Foto: Divulgação
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fez reuniões virtuais com ministros de Finanças dos países dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As sabatinas com as autoridades estrangeiras fazem parte do processo de nomeação da ex-mandatária para a presidência do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), instituição financeira criada pelo grupo.

Os ministros de Finanças e pastas equivalentes dos Brics entre eles o brasileiro Fernando Haddad (Fazenda) fazem parte do Conselho de Governadores do NDB, a mais alta instância decisória do banco e colegiado responsável pela designação do presidente da instituição.

Ao assumir a presidência do NDB, Dilma deverá receber um salário superior a US$ 50 mil mensais (equivalente a R$ 257 mil), de acordo com pessoas com conhecimento das negociações. O NDB é presidido de forma rotativa pelos países dos Brics, e o mandato do Brasil vai até 2025.

A expectativa de integrantes do governo brasileiro é que Dilma possa concluir os ritos formais até o fim de março, quando ela deve acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma viagem oficial à China.

A equipe da ex-presidente confirmou à reportagem que a rodada de reuniões, realizadas por videoconferência, foi concluída na terça-feira (7). Na semana passada, ela havia conversado com os ministros das Finanças da China, Liu Kun, e da Rússia, Anton Siluanov.

Nas conversas, Dilma fez uma apresentação em que expôs sua visão sobre o papel do banco e os desafios da instituição nos próximos anos.

Além dos países fundadores do banco os integrantes dos Brics, o NDB também tem como sócios os governos de Bangladesh e Emirados Árabes Unidos, que se incorporaram recentemente ao órgão.

A designação de Dilma para o comando da instituição que financia projetos de infraestrutura nos países dos Brics envolve uma operação para retirar da entidade o atual presidente, Marcos Troyjo.

Indicado em 2020 pelo ex-ministro Paulo Guedes (Economia), Troyjo deveria permanecer no posto até o fim do mandato brasileiro. Mas sua proximidade com o governo Jair Bolsonaro (PL) e a disposição de Lula de emplacar sua aliada no cargo tornaram a permanência de Troyjo insustentável.

Para dar lugar a Dilma, ele pode ser destituído pelo Conselho de Governadores ou renunciar ao cargo. Pessoas que acompanham o tema no governo brasileiro dizem que Troyjo não deve criar obstáculos para a substituição.

Integrantes do governo brasileiro também se dizem confiantes com o processo de indicação de Dilma e sua participação nas sabatinas com os governadores. Eles afirmam que não houve a manifestação de divergências em relação ao nome escolhido pelo governo Lula.

A regra de rotatividade da presidência desencoraja qualquer oposição de outros países. Como os períodos de presidência estão preestabelecidos, os governos estrangeiros não interferem no nome escolhido por um dos sócios na expectativa de que tampouco receberão questionamentos quando forem presidir o banco.

Além do mais, o fato de Dilma ser uma ex-presidente da República que tem o apoio explícito de Lula para assumir o NDB desmotiva qualquer questionamento.

Superado o processo de sabatinas, Dilma agora aguarda uma reunião do Conselho de Governadores para formalizar sua nomeação para a presidência do NDB. A expectativa de auxiliares é que essa fase ocorra nos próximos 15 dias.

Auxiliares de Lula esperam que Dilma integre a comitiva oficial que estará na China de 24 a 30 deste mês já como presidente designada do NDB. Lula deve se encontrar com o líder chinês Xi Jinping no dia 28.

Aliados de Dilma dizem que, com a concretização da nomeação, ela deve morar e trabalhar em Xangai, sede do banco. A ex-presidente resistiu às primeiras sondagens para assumir o banco do Brics porque ficaria longe de sua família no Brasil, mas mudou de ideia.

As tratativas do governo brasileiro para a indicação de Dilma para o banco começaram já no início do atual governo. Na ocasião, o ministro Fernando Haddad comunicou a Troyjo que ele deveria deixar o cargo.

Antes de ir para o NDB, Troyjo foi secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais de Guedes no ministério da Economia.

Crítico de Lula, ele foi comentarista da Jovem Pan e colunista da Folha de S.Paulo, e chegou a se referir ao petista como "presidiário" em participações na rádio —razões pelas quais sua permanência no banco era tida como inviável.

Lula confirmou publicamente a intenção de levar Dilma à presidência do banco em entrevista à CNN no dia 16 de fevereiro. "Olha, se depender de mim, ela vai [ser a presidente do banco]", afirmou o petista. O presidente disse que a nomeação de Dilma seria "maravilhosa" para os Brics e para o Brasil.

"A Dilma é uma mulher extraordinária, uma pessoa digna de muito respeito, e o PT adora ela. Ela, junto à militância do PT, ela é muito querida. E ela tem uma coisa que ela é muito competente tecnicamente. Então, se ela for presidente do banco dos Brics, será uma coisa maravilhosa para os Brics, será uma coisa maravilhosa para o Brasil", declarou.

Antes disso, o governo já havia contatado Troyjo para ele renunciar e dar lugar a Dilma —conforme mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Nesta quarta-feira (8), o presidente fez um desagravo a Dilma durante uma cerimônia em alusão ao Dia da Mulher, no Palácio do Planalto. Ele disse que o impeachment da ex-presidente em 2016 –que Lula chamou de golpe– foi um retrocesso para as mulheres.
Dilma teve o mandato cassado em 2016 em processo de impeachment que tramitou na Câmara e no Senado. Ambas as Casas consideraram que a então presidente cometeu crime de responsabilidade pelas chamadas "pedaladas fiscais", com a abertura de crédito orçamentário sem aval do Congresso. A decisão, no processo e no mérito, foi acompanhada sem contestação pelo STF (Supremo Tribunal Federal).



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