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22/05/2018 às 15h20min - Atualizada em 22/05/2018 às 15h20min

Sony compra a EMI e se torna a maior gravadora musical do mundo

CanalTech
Foto: Divulgação
A Sony anunciou nesta terça-feira (22) a compra da EMI, em um movimento que a torna a maior gravadora e distribuidora musical do mundo. O negócio tem valor estimado em US$ 2,3 bilhões e traz dois milhões de novas músicas para o portfólio da marca, com artistas como Calvin Harris, Sia, Alicia Keys, Kanye West, Pharrell Williams, Sam Smith e Drake passando a fazer parte do conglomerado.

O foco da negociação é o mercado de streaming, visto como um grande gerador de margens para a companhia. A aquisição também seria parte da transição corrente da empresa, um processo iniciado pelo antigo CEO da companhia, Kazuhiro Hirai, que desviou a atenção da Sony do campo das tecnologias para o consumidor final, que gerava pouco lucro, para outros setores como games, cinema e o mercado musical, mas sem abandonar as bases e as raízes da companhia.

A negociação com a EMI, agora, marca o primeiro grande movimento estratégico realizado por Kenichiro Yoshida, que assumiu o posto de CEO em fevereiro com a saída de Hirai. A ideia é aumentar os ganhos oriundos de licenciamento de entretenimento, renovando o trabalho realizado com as marcas que fazem parte da empresa. Sendo assim, os altos ganhos com royalties a partir da reprodução de artistas renomados em serviços de streaming compensam os custos da aquisição.

Em declaração sobre a negociação, Yoshida afirmou que os ganhos com royalties serão um dos pilares de longo prazo da Sony, dando a entender que a indústria musical não deve ser a única a entrar nessa dança. Além disso, trata-se de um aumento de controle em uma companhia da qual a gigante japonesa já tem participação.

O valor de mercado estimado da EMI é de US$ 4,75 bilhões. Com isso, você deve estar estranhando o valor pago, de “apenas” US$ 2,3 bilhões. Isso se deve ao fato de a Sony já ser uma das maiores acionistas da gravadora, tendo uma parcela de 30%, e direito a poder de voto; com a compra, agora ela é dona de quase 90% do negócio, assumindo controle total sobre todo o processo decisório e gerencial do selo.

A Mubadala Investment Company será a responsável pela venda da parcela. A companhia de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, comemorou a negociação afirmando que ela é o apogeu de um trabalho que já vem sendo realizado há anos, quando a própria companhia facilitou o ingresso da Sony entre os grandes investidores da EMI, tendo também trabalhado com ela no gerenciamento e divisão dos royalties.


O CEO da Sony, Kenichiro Yoshida, durante o anúncio da compra da EMI, que reforçou foco da empresa em conteúdo (Imagem: Reuters)

A EMI é uma das gigantes do mercado fonográfico a ter contratos diretos com serviços com Spotify, Apple Music, Deezer e outros, no que toca o pagamento de direitos autorais. Não apenas os próprios músicos são agenciados pela gravadora, como também os compositores, o que aumenta os pagamentos e, claro, os lucros oriundos de parcerias desse tipo.

Com o negócio, a companhia também se torna a maior gravadora do planeta, controlando um market share de 26% do mercado global. Desse total, a fatia da EMI é de 15%, com a compra representando, também, um significativo crescimento de participação para a Sony, que passa a controlar um quarto do setor – com isso, claro, vem mais poder de barganha para obtenção de acordos melhores relacionados aos royalties.

O foco em conteúdo exibido pela Sony vem aparecendo desde o início deste mês, quando a empresa anunciou a aquisição de parte da Peanuts Company, responsável pelas histórias de Snoopy e Charlie Brown. Mais uma vez de olho na produção de conteúdo e licenciamento, a gigante japonesa comprou uma parcela de 39% da empresa, pagando US$ 185 milhões por ela e ganhando poder de voto em sua organização interna.

Falando em conferência, na qual anunciou a compra da EMI e comentou a aquisição da Peanuts Company, Yoshida disse que o plano de negócios é reduzir o fluxo instável de caixa – oriundo da venda sazonal de jogos de videogame, por exemplo – e aumentar a entrada contínua de dinheiro, algo fomentado pelos ganhos com royalties a partir de suas propriedades intelectuais.

A ideia final é que o fluxo de caixa da companhia tenha um aumento de, pelo menos, US$ 18 milhões ao longo dos próximos três anos, mais do que o triplo do crescimento em números registrados desde 2015. Os sensores de imagem, principal pilar do segmento de hardware da empresa e com crescimento previsto na onda dos veículos autônomos, devem continuar como tal, permanecendo ao lado dos games como os maiores responsáveis pelo faturamento da Sony.

As boas notícias, entretanto, não foram suficientes para segurarem as ações da companhia. Os papéis apresentaram uma queda de 1,97% por conta da expectativa de quedas nos lucros oriundos do setor PlayStation, que devem ter queda de, pelo menos, 11% no atual ano fiscal, que se encerra em março de 2019, por conta da aproximação do fim do ciclo de vida esperado do PS4.

Isso se deve ao fato de a plataforma ter sido um dos apoios do ressurgimento da Sony, usado por Hirai para permitir que a companhia retomasse os rumos. É uma das marcas mais tradicionais da empresa e, também, uma das mais queridas pelos japoneses – é claro que uma notícia dessas, enquanto ainda não existem confirmações sobre um sucessor, que todos sabem que virá, mas ainda não é conhecido, vai gerar certa incerteza e temor.
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