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05/09/2019 às 11h43min - Atualizada em 05/09/2019 às 11h43min

Os índices de suicídio crescem entre os jovens e demanda um novo olhar sobre o problema

Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Divulgação

Dados recentes de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. Ainda segundo a pesquisa, o problema atinge mais de 800 mil pessoas no mundo, sendo a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Em nosso país, os casos tiveram um aumento de 65%, entre pessoas com idade de 10 a 14 anos, e 45% na faixa de 15 a 19 anos, de 2000 a 2015, de acordo com o Mapa da Violência de 2017.

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a relevância da prevenção ao suicídio e alertar quanto à necessidade de se dar atenção especial ao bem-estar e a saúde mental de crianças e adolescentes, neste mês o Ministério da Saúde promove a campanha Setembro Amarelo. Criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), a iniciativa lembra o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro) e neste ano dá foco ao público jovem, devido ao grande aumento do número de casos e de tentativas de suicídio nestas fases da vida.

A psiquiatra da Clínica Penchel, Gabrielle Luna, explica que o comportamento suicida pode ter origens na combinação de vários fatores, sejam eles emocionais, psíquicos, sociais e culturais. “A maioria dos óbitos por suicídio está ligada a casos de distúrbios de ordem mental como a depressão, bipolaridade e esquizofrenia. Isso acontece porque muitas destas pessoas não são diagnosticadas. E quando seus quadros patológicos são identificados, não recebem os tratamentos adequados. Também existem situações em que os pacientes nem mesmo adotam algum cuidado clínico ou medicamentoso”, aponta.

Segundo Gabrielle, a conduta suicida ainda pode ser impulsionada pela dependência química, ou ser consequência de grande estresse causado por situações de violência (bullying, estupro, abuso sexual). “O diagnóstico de doenças graves, como o câncer e HIV, ou perdas na área profissional, familiar e amorosa também podem ser gatilhos para a ocorrência da situação dramática”, comenta.

Já quanto a majoração dos casos de suicídio entre os adolescentes e jovens, podemos listar vários implicadores, mas os que mais vêm provocando esse tipo de prática é o aumento exacerbado do contato deste tipo de público com uma grande quantidade de informações. “Esse bombardeio de notícias, debates e opiniões promovido pelo ambiente virtual acabam impulsionando os sentimentos de ansiedade, estresse e inquietude. A exposição exagerada nas redes sociais também pode ocasionar mal-estar, sensação de desvalor, baixa autoestima e depressão”, adverte.

Conforme a psiquiatra, o maior maleficio dessa profunda imersão no contexto virtual são os seus efeitos sociais. “Estes espaços fazem com que os jovens percam a noção de realidade, enfraquece os vínculos sociais, prejudica a habilidade de se relacionar externamente a esse ambiente, e ainda torna confuso o processo de assimilação adequada de demandas, exigências e frustações comuns da rotina diária”, acentua.

Gabrielle Luna enfatiza que a melhor forma de prevenir é extinguindo a ideia de que falar sobre o assunto pode incitar a sua ocorrência. “É ideal observar as mudanças de humor, ouvir, compreender e não julgar alguém que esteja apresentando características de um comportamento suicida. É preciso se discutir mais sobre o suicídio e também abordar e tratar as suas raízes, que muitas vezes estão ligadas a depressão.

De acordo com a psiquiatra, o preconceito sobre as doenças psicológicas e mentais impedem a procura por seus tratamentos, influi na demora de seus diagnósticos. Por fim, estas situações podem levar a uma condição de sofrimento tão insuportável e forte, que as pessoas acabam decidindo por tirar as suas próprias vidas para não conviver mais com a dor emocional. É muito importante lembrar que é possível combater o suicídio, seja por meio da procura de profissionais das áreas de psiquiatria e psicologia, ou mesmo por meio de uma mudança de hábitos e visões sobre a vida”, ressalta.


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