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08/02/2018 às 14h18min - Atualizada em 08/02/2018 às 14h18min

Reconhecimento aos heróis

PMESP
Foto: Reprodução
"Olá, amigos,
 
Para quem se lembra, para quem já esqueceu, para quem não soube, eu sou um sobrevivente. Nasci no domingo passado dia 28/01. Agora que me voltou (aos poucos) a lucidez, não posso deixar de tornar público meu agradecimento a todos aqueles que participaram dessa minha odisséia.

Olha gente, tudo só foi possível porque tenho a família mais maravilhosa, mais unida, mais apaixonante que existe. Mobilizaram-se imediatamente assim que souberam e se coordenaram de forma o mais eficiente possível. Meus irmãos mais velhos, Adriano e Kátia assim que souberam estruturaram a estratégia de resgate. Adriano ficou em Sampa infernizando a vida de todos os que poderiam ajudar, desde os habitantes da ilha do Cardoso, até arranhar os céus em busca da Grande Águia. Kátia arrebanhou meu irmão mais novo Renato (32) e a Carina, minha sogra (para dar apoio à minha mulher e filhos) e por volta de 9 horas da noite enfrentou quatro horas de estrada para Cananéia. Por sorte a balsa ainda funcionava porque havia um evento na ilha, e começaram a ação. Ninguém dormiu. Quem sabia rezar, rezou. E rezou como nunca!





Minha esposa já tinha buscado ajuda e recebeu TODA, ABSOLUTAMENTE TODA solidariedade e carinho dos moradores do local, donos de restaurantes, que não cobraram por nada que lhes serviram, dos barqueiros que transportaram a minha família e amigos diversas vezes sem cobrar absolutamente nada e até dois nativos, Renato Monteiro e Tiago Neves, este neto de índio, que conheciam cada grão de areia da ilha, todos os caminhos, trilhas e todos os descaminhos (os que eu escolhi!!!!). Eles foram fundamentais não só porque conheciam cada frincha daquelas rochas, como porque sabiam o comportamento dos turistas mais ousados e que não tinham idéia de quanto a maré sobe e como o mar fica muito, muito bravo.
 
É que, quem como eu, vive emparedado nesta São Paulo alucinada e alucinante fica deslumbrado com as belezas daquela ilha, ainda tão pura. E foi sem querer, que me vi fascinado a correr, sem perceber que me afastara demais, estava entre o mar e o rochedo. Sem praia e a maré subindo e me ilhando. Não era mais possível voltar. Escalei a rocha mais alta. Pernoitei. Tentando voltar fui jogado na arrebentação pelas ondas e não estaria mais vivo caso vocês não me encontrassem.

 

Vou contar para vocês: quando consegui sair da arrebentação e escalar as rochas, sabia que embora todo machucado, estava vivo, tostado de sol, desidratado e com o corpo todo retalhado por cortes. Mas, os corajosos caiçaras, surgiram em um pequeno barco e conseguiram me ver acenando. O resgate só era possível com muito esforço e uma dose extra de coragem. Junção esta que só se fez possível com a união de forças dos magníficos bombeiros, que vieram da cidade de Registro, e daquele surreal piloto que manteve a aeronave estabilizada, embora fustigada por ondas enormes. Foi assim que esse trabalho magnífico, coordenado com perfeição, que eu posso criar meus filhos e saborear o que esta vida nos oferece.

 
Vou então, mencionar os novos arquitetos da minha vida devolvida.

 
Á aqueles que deram partida na minha busca, minha família, desde minha esposa amada Patricia, meus irmãos Adriano, Kátia, Renato e Gilda, minhas cunhadas Denise, Malena e meus cunhados Zeca e Danilo. Minha sogra cuidando de meus filhos e minha mãe que moveu cés e terras e buscou toda a sua fé no divino para que toda a energia positiva do mundo me mantivesse vivo e aquecido.

 
Aos meus grandes amigos Michelle Hoffman e Walter Nogueira, que durante toda a minha ausência, mantiveram os meus filhos calmos e distraídos. Que se embrenharam por vários quilômetros gritando meu nome e que fizeram o possível e o impossível para que ninguém parasse de me procurar.



Na operacionalização do salvamento, desde as buscas iniciadas pelos dois nativos Tiago Neves e Renato Monteiro (que participaram de todos os atos) até a chegada de nossas gloriosas corporações, desde os graduados, O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Coronel PM Nivaldo Cesar Restivo, ao amigo Coronel Lincoln até os tenentes, sargentos que farejaram por terra e água. Não posso deixar de mencionar o heróico gesto dos tripulantes do helicóptero Águia 1º Tenente Nacano, cujo sorriso através do capacete me trouxe a certeza de que veria a minha família novamente e do espetacular Capitão Galo, que conduzia o helicóptero com maestria sem igual! Óbvio que não se pode deixar de enaltecer o Governo do Estado de São Paulo, que aparelha sua polícia com eficiência, servindo à população de forma inigualável.

Três vivas para os helicópteros águia e seus comandantes!!!!! Eu sempre os via pela televisão, resgatando feridos em acidentes e nunca imaginei um dia neles voar. Muito Obrigado Capitão Galo, Tenente Nacano, Sargento Alfredo e Cabo Barros. Vocês são heróis nacionais!


 
Minha vida não será longa o bastante para agradecer essa bravura que me salvou a vida.

 
Sem vocês nada seria possível. Vou mencioná-los, perdoem-se se deixar de citar algum de vocês, meus heróis:

 
Tiago Neves, meu grande amigo e salvador, que foi o primeiro a deixar todas as suas obrigações e não descansou um só segundo até que eu estivesse em segurança. Colocou a sua própria vida em risco para que eu pudesse retornar à minha família. Sou eternamente grato por tudo!

 
Renato Monteiro, A sua coragem e altruísmo me trouxeram de volta. Por sua determinação que as buscas não pararam nem por um momento. Muito obrigado.
À toda a equipe de civis que arriscaram a própria vida e que quase as perderam também Cadu, Carlinhos e Reginaldo, meu muito obrigado.

 
Agradeço muito também a Kelly, esposa do Tiago, que sempre esteve ao lado da minha família e abriu mão de estar com seu marido para que ele se dedicasse a me procurar.

Agradeço a toda a equipe do parque Ilha do Cardoso, ao Sr. Donizete e ao Sr. Edison Rodrigues do Nascimento, à Leticia da Fundação Florestal e à Dra. Irani, e toda a equipe de enfermagem do hospital de Cananéia que me trataram muito bem.


 
E para finalizar, eu gostaria muito mesmo é de agradecer ao grande amor de minha vida, a pessoa que sempre esteve ao meu lado e quem mais sofreu durante a minha ausência. Muito obrigado por tudo Patricia, pois sem você eu jamais teria juntado forças para conseguir voltar." — agradecimento de Leo Lindmayer.
 




 


 



 

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