04/01/2024 às 15h41min - Atualizada em 04/01/2024 às 15h41min

O PODER DO DESAPEGO PARA ESTE ANO

Professor de filosofia

Professor de filosofia

Thiago Agostinis Cândido " O verdadeiro conhecimento vem de dentro". Sócrates

Foto: Divulgação
Ao iniciarmos o ano de 2024, é oportuno lançarmos um olhar crítico sobre o desapego, uma prática que transcende os limites filosóficos e permeia as esferas mais sensíveis de nossas vidas. Vivemos em uma era em que acumulamos não apenas bens materiais e relacionamentos, mas também uma infinidade de conexões digitais e peças de vestuário. Como afirmou Heráclito, “Tudo flui”. Aceitar que tudo passa é uma expressividade madura, por isso da prática. Vamos lá?
 
O desapego se manifesta de forma palpável quando decidimos nos libertar de coisas antigas e usadas que já não refletem quem somos hoje. Renovar o guarda-roupa é mais do que uma simples troca de vestimentas ou doações; é uma declaração de que estamos prontos para abraçar o novo, para nos desfazermos do peso do passado que se acumula em cada peça que não mais utilizamos.
 
Jean-Paul Sartre, em sua filosofia existencialista, nos lembra da importância de viver autenticamente. Desprender-se de objetos antigos que acumulam poeira e memórias de um tempo que já não é o nosso é mais do que uma questão de organização física. É uma afirmação de que o espaço que habitamos deve refletir quem somos agora, não quem éramos. Sartre, ao destacar a importância da liberdade de escolha, nos inspira a transformar nossos lares em espaços autênticos, onde cada item é escolhido deliberadamente.
 
Assim como nos libertamos de roupas que não vestimos mais, de objetos que não contribuem mais para o nosso presente é uma forma de simplificar, de deixar espaço para o novo que se inicia. A casa, então, torna-se não apenas um refúgio físico, mas um reflexo tangível da nossa jornada contínua.
 
 É vital aplicar o mesmo princípio às nossas redes sociais, desapegar-se de conexões que não contribuem positivamente para nossa jornada é uma forma de autocuidado digital: bloquear, excluir, deixar de seguir também faz parte do processo de desapego. Sartre, ao abordar a liberdade de escolha, nos inspira a selecionar cuidadosamente com quem compartilhamos nosso espaço virtual.
 
Não há razão para manter conexões nas redes sociais que não agregam valor, que nos sobrecarregam com negatividade ou que simplesmente não mais se alinham ao nosso caminho. Assim como o guarda-roupa renovado reflete uma nova fase, os objetos antigos descartados, uma lista de amigos e seguidores depurada reflete nosso compromisso com relações virtuais mais significativas e saudáveis.
 
Que o desapego seja a bússola que nos guia ao longo do ano de 2024, não apenas nas esferas filosóficas, mas também em nossas escolhas diárias. Libertar-se de coisas antigas, renovar o guarda-roupa e promover uma limpeza consciente nas redes sociais são práticas que nos capacitam a viver plenamente, a abraçar o presente e a construir um futuro mais leve e autêntico.
 
Que este ano seja marcado não apenas pela passagem do tempo, mas por nossa habilidade de abraçar a renovação e encontrar significado no desapego consciente.
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