21/12/2020 às 14h31min - Atualizada em 21/12/2020 às 14h31min

Os desafios das aulas remotas na pandemia

Professor de filosofia

Professor de filosofia

Thiago Agostinis Cândido " O verdadeiro conhecimento vem de dentro". Sócrates

Thiago Agostinis Cândido
Foto: Divulgação
Chegamos ao final de mais um ano; este, totalmente desafiador para todos os educadores. Não é fácil viver remotamente, conectado o tempo todo, presos em nossas vidas mecanizadas, visto que, o ser humano é um ser social, profético e cultural e precisa de pessoas para se conectar espiritualmente. Ele precisa de gente para ser gente; ele produz seus conhecimentos, seus afazeres e suas culturas particulares, assim como seus comportamentos e suas crenças religiosas. O ser humano é particularizado, por se tratar de um sujeito produtor, porém com finalidade social e cultural, pois aprende e ensina ao mesmo tempo o outro com quem o convive. A falta do convívio fisicamente nos faz pensar sobre nossos comportamentos e podemos nos perguntar: é possível atingir o convívio social remotamente?

Este comportamento é trazido historicamente pelo sujeito ao ambiente escolar, puramente multicultural, em processo contínuo de desenvolvimento individual e coletivo. A escola é a maior potência de acolhimento de transformação e formação social do sujeito. É através dela que o conhecimento é transformado pela diversidade de cultura, de etnia, ideologia e gênero.

Embora o Currículo Pedagógico Nacional seja homogeneizado, padronizado e monocultural, não abraçar a diversidade nas escolas e agora em aulas remotas, é um não cumprimento das práticas pedagógicas mais eficazes que temos em nossa sociedade. O pedagogo Paulo Freire já dizia que o diálogo entre o educador e o educando somam o bem conviver, o bem fazer e o bem aprender juntos. A escola remota tem que abraçar este espaço de diálogos com suas diferenças, visto que educação e cultura são pilares para um bom desenvolvimento do sujeito cultural.

Abraçar a diversidade é um desafio urgente nas escolas brasileiras, sobretudo neste período de pandemia, pois a educação encontra-se presa, ainda, aos desafios tradicionais. Os educadores precisam romper as estruturas rígidas que não permitem o multiculturalismo, e sim, as ideias enraizadas ao preconceito. É necessário reconhecer as diferenças de identidades que estão nas escolas físicas e remotas, e agregá-las a um convívio social que permitem um viver pedagógico, onde o espaço educativo é puramente a diversidade cultural e a interatividade entre os pares.

É preciso que as escolas promovam um processo de interação do ser com o outro, neste período remoto, uma vez que o homem se torna multicultural, e busca respeitar sempre o diálogo divergente, pois se esses espaços não formarem sujeitos sensíveis, humanizados, críticos, conscientes e éticos, encontrar-se-á uma sociedade puramente robótica, estagnada e não rica como o acolhimento da diversidade social em uma aula presencial.

Não podemos tratar as escolas igualmente, as realidades são totalmente distintas para cada unidade escolar, mas é preciso ter estratégia, organização e planejamento próprio, para que o sujeito aluno se sinta parte da aula remota e não um simples robô online, que responde os comandos pedagógicos.
 
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