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06/09/2018 às 15h17min - Atualizada em 06/09/2018 às 15h17min

Mais trabalho, menos filhos

Muito mais do que uma questão de escolha, empresas têm pedido para que mulheres adiem maternidade para que elas possam trabalhar por mais tempo

Dr. Astrid Vieira
Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Edy Fernandes
Ao longo dos últimos anos, as mulheres acenderam no mercado e têm ocupado cargos que em épocas antiquadas não eram dados à elas. Apesar da conquista, há uma série de medidas e exigências das grandes corporações para poder ocupar essas vagas destaque. Uma delas é o adiamento da gravidez.

As grandes empresas, que por sinal mantém um alto quadro de funcionários, têm exigido que a prevenção para não engravidar no mínimo ao longo dos dois primeiros anos.

Essa norma faz parte do contrato de trabalho – o mesmo que determina as funções, salário e demais obrigações e necessidades das quais as funcionárias devem cumprir.

“Esse método é bastante comum para empregos nos quais o trabalho apresenta resultados a longo prazo e a interrupção para uma licença maternidade pode interromper”, explica a Consultora de Carreiras e diretora da Leaders-HR Consultants, Astrid Vieira. Vagas em diretoria, gerência de marketing ou comunicação, superintendência, supervisão, engenharia e serviços de inteligência são alguns dos exemplos.

É bom lembrar que a licença maternidade num período de 180 dias é obrigatória perante a Lei 11.770, aprovada em março de 2018. Antes disso eram apenas 120 dias.

“Para as empresas, a ausência da mulher nesse período não é lucrativa. É claro que esse benefício é justo, até porque um bebê precisa da mãe nos primeiros meses de vida por uma questão de saúde. Porém, abrir mão de uma funcionária de alto rendimento significará uma contratação temporária e o empresário terá um gasto duplo”, explica Astrid.

Apesar de que é proibido pedir algum exame para comprovação de esterilidade ou gravidez na admissão, solicitar uma pausa de gravidezes para se manter no cargo não é uma violação a lei trabalhista nenhuma. E ao falar em direitos, as gestantes têm muitos: gravidez não é motivo para demissão; a licença maternidade pode começar a partir de 28 dias antes do parto; a garantia de emprego após o nascimento é de cinco meses; se comprovar que estava grávida quando foi demitida, tem direito à reintegração ao emprego ou à indenização equivalente ao período de gravidez mais a licença; no caso de aborto, há um repouso remunerado de duas semanas; grávidas tem direito a dispensa em dias de consultas médicas e após o nascimento é permitido pausas para amamentação.

Independente do posicionamento das empresas e mesmo apesar de tantos direitos que asseguram a gravidez, cresceu o número de mulheres que não querem ter filhos.

Segundo dados do IBGE, cerca de 40% das trabalhadoras não são mães. Além disso, o índice das brasileiras que não têm a intenção de engravidar foi de 14% em 2017. 10 anos antes, em 2007, esse percentual era de apenas 10%. E esses dados não são nada na comparação do Brasil com os Estados Unidos. Na América do Norte, 47% da população feminina já desistiu do sonho da maternidade.

“Há mulheres e mulheres, é claro. Mas vejo que o espaço ocupado por elas no lar está ficando mais vago e, por outro lado, não há tantos homens procurando ocupa-los.

Agora, o motivo dessa transformação ainda não é claro. Pode ser que seja o sonho corporativo, ou apenas o orçamento incompatível do casal e quem sabe apenas a falta de familiaridade com as crianças. A única verdade é que as mulheres têm colocado cada vez mais seus olhos em prioridades que não dizem respeito a família”, conclui Astrid.

 
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