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12/06/2022 às 13h22min - Atualizada em 12/06/2022 às 13h22min

Economia global crescerá 5 vezes mais que brasileira em 2022, diz OCDE

No relatório anterior, OCDE estimava alta de 1,4% para o PIB brasileiro

BBC
FOTO: GETTY IMAGES
A economia brasileira deverá crescer apenas 0,6% em 2022, enquanto o avanço da economia mundial será de 3%, segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A alta da inflação, a guerra na Ucrânia, a lenta recuperação do mercado de trabalho e as incertezas políticas por conta das eleições presidenciais em outubro são alguns dos fatores que contribuem para a "desaceleração considerável" da atividade econômica no país, na avaliação da entidade.

Em seu estudo semestral com previsões para a economia mundial, a OCDE revisou para baixo as estimativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2022. A previsão era de aumento de 1,4% no último relatório, divulgado em dezembro.

As projeções de expansão do PIB global neste ano também foram reduzidas de 4,5% para 3% em razão dos efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia. "O preço da guerra pode ser ainda mais elevado. O conflito afeta a distribuição de alimentos básicos e de energia, alimentando a alta da inflação em todo o mundo, ameaçando particularmente os países mais pobres", afirma a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, no documento.

A economia brasileira vai crescer menos em 2022 do que a de vários países da América Latina, como a Colômbia (6,1%), Argentina (3,6%) e México (1,9%), segundo as estimativas.

A OCDE ressalta que, apesar das exportações brasileiras de commodities estarem ganhando força, a inflação alta — que deve atingir 9,7% neste ano, nos cálculos da organização — entrava a expansão do consumo, afetando o desempenho da economia.

As eleições presidenciais acrescentam incertezas, contribuindo para manter os investimentos abaixo do potencial até o próximo ano, afirma o estudo. Em 2023, a economia brasileira deverá crescer 1,2%, prevê a OCDE.

Segundo a organização, em razão da deterioração do clima econômico no Brasil, as previsões de crescimento são limitadas neste ano e no próximo. A inflação e o aperto monetário, com aumento dos juros, restringem a demanda doméstica e externa. Além disso, os salários não estão se recuperando rápido o suficiente para compensar o fim do auxílio emergencial durante a pandemia e a alta nos preços, diz o estudo.

A inflação no Brasil deve começar a diminuir com o aperto monetário e a redução de incertezas após a eleição presidencial, mas voltará a aumentar no início de 2023, diz o relatório, quando o embargo europeu ao petróleo da Rússia entrar em vigor. "A inflação no Brasil permanecerá alta em 2023 e não deve atingir a meta no horizonte de projeção", afirma o relatório divulgado.

Inflação alta foi um dos fatores apontados para previsão de desaceleração da economia brasileira

Inflação alta foi um dos fatores apontados para previsão de desaceleração da economia brasileira


Além disso, a prolongação da guerra na Ucrânia continuaria aumentando os custos dos insumos agrícolas, como fertilizantes, "restringindo severamente a produção agrícola e as exportações."

Para manter a sustentabilidade fiscal e combater o aumento das taxas de pobreza no país, o Brasil precisa, na avaliação da OCDE, dar continuidade a "reformas ambiciosas que foram iniciadas para melhorar a produtividade e o emprego."

Na avaliação da entidade com sede em Paris, gastos públicos mais eficientes permitiriam "fortalecer o quadro fiscal no médio prazo, o que criaria espaço para investimentos públicos produtivos e ajudas sociais bem direcionadas, além do reforço da confiança dos investidores."

"Como a guerra na Ucrânia levou a um aumento mais acentuado nos preços dos alimentos e da energia, reforçar o apoio por meio de programas sociais bem direcionados é fundamental para proteger os mais vulneráveis", diz o estudo.

Desmatamento
O estudo com previsões para a economia mundial foi divulgado na véspera da reunião ministerial anual da OCDE, onde o processo e as condições de adesão de novos membros, incluindo o Brasil, será discutido. O encontro terá a presença dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Ciro Nogueira.

As práticas e políticas ambientais do Brasil e dos demais candidatos integram as condições para a entrada na organização. Os aspectos que deverão ser cumpridos nesta área e em outros temas podem ser aprovados nesta reunião ministerial com representantes dos 38 países membros.

No estudo divulgado nesta quarta, a OCDE recomenda que o Brasil "reforce devidamente" as leis que impedem o desmatamento ilegal "para proteger recursos naturais como a Amazônia. A OCDE também recomenda que o Brasil explore mais fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar, e aumente investimentos em sistemas de transporte público, o que beneficiaria trabalhadores de baixa renda e reduziria ainda a poluição do ar e a dependência em relação a automóveis, diz o documento.

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